Trechos da coletiva do governador Mário Covas após anúncio dos avanços do Genoma Humano do Câncer



Parte I

Parte I Repórter – Governador, o que está acontecendo com o metrô? Hoje aconteceu mais de uma paralisação e nos últimos dias também. Covas – Eu não sabia que ele tinha parado hoje, senão já teria pedido informações para o secretário para poder lhes dizer. Repórter – O que a gente pergunta, governador, é se o material do metrô está sucateado. Covas – (risos) Como é que a gente responde educadamente uma pergunta dessas? Não, o metrô não está sucateado, pelo contrário. O metrô passa por processo de manutenção permanente e é muito bem conservado. Às vezes é que a gente vê matéria sobre o metrô mostrando o horário de pico, em que transita 20% da população que usa o metrô, e aparece superlotado. Mas, se fizer isso na França ou na Inglaterra, vai ver a mesma coisa. O metrô não é feito apenas para o período de pico, assim como não se faz água para uma cidade pela temporada de férias que ocorre naquela cidade, se faz para a população permanente. Repórter – Essa é uma posição do sindicato dos metroviários? Covas - Sei. O sindicato é do PT, não é? Não. Lá acho que é do PCdoB. É uma combinação de PT e PCdoB. Até a eleição isso vai acontecer bastante. Depois da eleição pára isso. Repórter – O senhor acredita que o caso Eduardo Jorge, supostamente acontecido no Planalto, pode respingar na candidatura do PSDB à Prefeitura? Covas – Não, não pode respingar. E querer atribuir isso ao Planalto é uma coisa tão desbaratada, tão sem pé nem cabeça... Tem coisas que todo mundo tem certeza e ainda assim estão usando. Todo mundo sabe que o Fernando Henrique não é nenhum safado. Pode concordar, pode discordar de coisas que ele fala, mas imaginar que ele possa ter deficiência de natureza moral é absurdo. Pode até, como em qualquer governo pode, ter desvios ocorridos por pessoas em posição mais alta ou mais baixa da hierarquia. Se tiver acontecido e chegar ao conhecimento do governo, ele toma providência. Infelizmente, é uma questão de natureza política que está sendo tratada politicamente e que vai continuar sendo tratada politicamente. Acontecendo o recesso, vocês se encarregam de falar nesse assunto até o dia 30. Depois, no dia 1º, as tribunas da Câmara do Senado vão ser as usadas para isso. E essa coisa tem uma dimensão política lógica. É assim mesmo. Repórter – Mas, e a campanha, governador? O senador Romeu Tuma é um dos suspeitos. Covas – Suspeito de quê? Repórter – De ter conversado com o juiz Nicolau dos Santos Neto... Covas – Mas, o juiz Nicolau deve ter conversado com milhões de pessoas. Cada uma que conversou com ele é suspeita? Repórter – Não, mas as conversas foram às vésperas de desembolso de dinheiro para a obra do TRT. Covas – Me diga uma coisa, a candidata do PT é suspeita? Porque a candidata do PT assinou uma emenda para aprovação... mas é engraçado, disso não se trata. Eu não vejo isso nos jornais, mas ela assinou e evidentemente que achá-la suspeita por isso é uma idiotice. Eu não acho que ela seja suspeita, nem acho que o Greenhalg, que também é do PT, que defendeu a aprovação da emenda, tenha feito isso porque estava metido em alguma maracutaia. Quem estava metido na maracutaia era o seu Lalau junto com o senador. Parece que a coisa se restringia a essas pessoas. Vocês sabem como é que se comporta, como eu devo me comportar em relação ao Judiciário? Se o Judiciário quiser fazer uma emenda de algum documento, eu sou obrigado a mandar aqui para a Assembléia sem sequer fazer alguma alteração, desde que ela tenha sido aprovada dentro do Poder Judiciário. Lá, também. E ninguém lembra que lá o ministro do Planejamento mandou para o presidente um ofício que recebeu do Tribunal, como tinha que fazer, em 1987. Antes que o Tribunal de Contas dissesse que havia alguma coisa. No entanto, a emenda da bancada paulista foi de 88. E nem por isso a gente está falando que quem a assinou é safado. Até porque não interessa muito falar que quem assinou é safado. Têm envolvidas, entre quem assinou, algumas pessoas das quais não há interesse em que se fale que é safada. E não é mesmo. Seria o máximo imaginar que a bancada inteira assinou e toda ela estava vendida, ou sabia que havia safadeza lá. Da mesma maneira que é um absurdo dizer que o Marcos Tavares fez isso sabendo que havia safadeza e que o presidente que assinou, e não venha me dizer que assinou sem ler porque quando perguntaram para a candidata se ela tinha assinado ela disse: ”Assinei sem ler”. Repórter – Governador, o senhor também acha absurda a suspeita de relacionamento entre Eduardo Jorge e o juiz Nicolau? Covas – Não, não, não. O relacionamento existe. Agora, se ele é incestuoso ou não, é outra coisa. Ele falou 114 vezes com ele, portanto, o relacionamento existe. Ele alega numa entrevista que esse relacionamento estava direcionado para a nomeação de juízes classistas e até onde esses juízes eram ou não do governo. Se foi essa razão, está errado porque a gente não pede a um juiz para saber se o que vai ser nomeado é a favor ou contra o governo. Juiz é juiz. Não tem que ser a favor nem contra. Então, essa razão não é uma boa razão, mas ela pode ter sido feita. Não significa que ele esteja metido em coisa nenhuma. De qualquer maneira, isso é uma coisa que está tendo seu trâmite legal. Eu vejo todo dia no jornal falarem numa operação que a Cosesp fez há três anos. Está lá no Ministério Público e não tem nem o primeiro parecer dela. Nem o primeiro parecer. E, olha, deu uma vantagem para a Cosesp danada. No entanto, para meter o Eduardo Jorge também, aqui dentro do Palácio, inventaram essa história. Pegaram o Zé Maria Monteiro, que era presidente da Cosesp naquele tempo, e que fez um grande negócio para a Cosesp porque passou a carteira de automóvel que era deficitária para outro, exatamente para fazer aquilo que eu vi ontem. Eu fui à região Sudeste do Estado, onde a geada pegou feio. A sorte é que já tinham cortado a cana, mas o milho foi todo embora, e essa gente vai receber o dinheiro de volta em 30 dias integralmente através do seguro que fez na Cosesp. Ou seja, o seguro tem um sentido social. É para fazer seguro que a Cosesp existe. Seguro de automóvel todo mundo faz e era oneroso para a Cosesp. Então se passa para outra empresa e isso passa a ser um escândalo porque essa outra empresa tem uma intermediária que chama Meta, não sei nem o que é porque meta para mim é outra coisa, mas na qual o Eduardo Jorge seria sócio... Vê chifre em cabeça de cavalo em tudo? Mas, enfim, o que se vai fazer. Repórter – Governador, no seu entendimento, por que a Polícia Federal está tendo tanta dificuldade para localizar o juiz? Covas – Não sei. Não sei lhe dizer. Não é a Polícia Federal, são todas as polícias. Aqui no Brasil acho difícil que alguém se esconda sem que alguém da polícia não saiba... não tenha jeito de encontrar. Repórter – O senhor acha então que ele está no exterior? Covas - Não sei se ele está no exterior. Eu não tenho essa intimidade toda com ele. Nunca falei por telefone com ele. Daqui a pouco vão dizer que eu vivo telefonando para ele. Mas não seria nada extraordinário ele ter telefonado para cá. Qual é o problema? Vocês não sabem os “trancas” dos quais eu recebo telefonema. Vocês não têm nem idéia. Se vocês publicarem telefonemas meus é um escândalo. Tem gente que me telefona e diz assim: “Olha, eu ou desconto na fatura, o senhor me paga antes dos outros?” Não pago antes dos outros, só pago na hora. Agora, imagina o jornalista colocar só a primeira parte da conversa e divulgar isso. Eu estou ferrado. Então essas coisas são muito relativas. Isso quer dizer que eu estou passando atestado de idoneidade moral para ele? Não, não tenho intimidade com ele para saber disso. Mas também não posso condenar a priori nem ele nem ninguém. Não dá para fazer isso. Mesmo que tenha sido 114 telefonemas. Até mesmo eu achando que

07/21/2000


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