Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin, após entrega de viaturas para a Políci
Última parte
Última parte Pergunta - Governador, saiu publicado hoje, no painel de política da Folha, que o novo secretário de Ciência e Tecnologia deve ser o Dr. Ruy Altenfelder. O senhor confirma? Alckmin - Confirmo, o Dr. Ruy Altenfelder é o novo secretário de Ciência e Tecnologia e deve tomar posse no início da próxima semana, provavelmente na terça-feira. Ele é advogado, foi dirigente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, preside o Instituto Roberto Simonsen, que é um instituto de estudos, é um profundo conhecedor de política industrial e, portanto, vai ser um secretário importante no desenvolvimento, na macropolítica de desenvolvimento de geração de emprego e competitividade de São Paulo. Pergunta - Quais são as principais funções que o senhor espera dele nesse governo? Alckmin - A secretaria de Ciência e Tecnologia tem dentro dela as Universidades, a USP, UNESP, UNICAMP, Fundação Paula Souza, Fundação de Pesquisa. É em todo esse trabalho que São Paulo se destaca, na pesquisa, na tecnologia de ponta, nas melhores universidades, na mais importante rede de ensino profissionalizante do país, que é o Paula Souza, cuja proposta é ampliar, e também no ensino superior. Eu devo ter uma reunião com a Prodesp e com os reitores das universidades para estudarmos a possibilidade de ampliar, com custos menores, o ensino gratuito de 3o grau. É Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, a macropolítica de desenvolvimento. São Paulo não entra na guerra fiscal, mas tem toda uma estratégia para atrair investimento, aliás, tem atraído. Vi até uma matéria no Programa da Globo, chamado Antena Paulista, onde mostra a virada de São Paulo; que São Paulo, sem entrar na guerra fiscal, tem atraído investimento. Por que? Por causa do investimento na pessoa, nos recursos humanos, na educação, pesquisa, infra-estrutura, rodovias, hidrovias, aeroportos, enfim, toda a parte de interação intermodal e logística. Pergunta - Teremos mais mudanças no secretariado? Alckmin - Não serão mudanças enormes, serão mudanças pontuais, à medida que há necessidade, você vai pontualmente fazendo essas mudanças. Pergunta - Onde seriam esses pontos? Alckmin - O secretário da Ciência e Tecnologia foi eleito presidente nacional do partido. Acho que vai fazer um bom trabalho. José Aníbal tem todas as condições para ser bom presidente do PSDB, como foi bom secretário da Ciência e Tecnologia. Se houver mais mudança, nós avisamos. Pergunta - Governador, amanhã o senador Jorge Bornhausen estará aqui em São Paulo participando de um seminário. Tem previsão de encontro entre vocês? Alckmin - Pode ser, ainda não tem nada marcado, pode ter algum café no final de semana, mas nada de especial. Pergunta - O senhor acha que o PFL, com a saída do ACM, pode causar problemas para o Governo Federal, para o PSDB? Alckmin - Acho que não, esse episódio do Senado foi dentro do Senado, com a violação do painel do Senado. No regime democrático as instituições precisam ser sólidas e, para isso, elas precisam ter a capacidade de autodepuração. O Senado tomou as providências e acho que essa página está encerrada. Pergunta - O que o senhor achou do discurso de renúncia do ACM ontem? Alckmin - Eu acho que não trouxe nada de novo e acho que a renúncia é um ato de reconhecimento de culpa e que, em termos de política nacional, essa é uma página virada. Pergunta - O senhor acredita que no Congresso e os partidos que formam uma base governista tendem a formar um racha? Alckmin - Olha, essas questões de alianças e bases governistas são de todo dia, o ser humano é complexo...essas coisas não são tão simples, mas governar é isso: é você superar crises, trabalhar, resolver problemas. A pior coisa que pode haver para o governante é não tomar medida, se errar, corrige. A outra pior coisa é ficar longe da população. Quanto mais perto você tiver da população, da sociedade civil organizada, você vai errar menos e acertar mais. Pergunta - O ACM se afastou, mas pode se candidatar ao Senado ou ao governo da Bahia no ano que vem. Essa reforma política que o senhor defende, ela eliminaria esse tipo de estratégia que o político utiliza de renunciar e voltar ao governo um ano depois? Alckmin - A reforma política que eu defendo trata da questão partidária. O Brasil tem um dos sistemas partidários mais fragmentados do Ocidente. É governo de crise e o próximo também vai ter crise porque o sistema partidário é muito fragmentado. O De Gaulle dizia que a França era muito difícil de ser governada porque tinha muitos tipos de queijo e muitos partidos políticos. O Brasil também tem partido político demais. A reforma que eu defendo é ter menos partido, ter cláusula de barreira; o partido precisa ter voto e ter fidelidade partidária, programa partidário, menos personalismo e mais partidos. A política brasileira tem muito personalismo: ademarismo, getulismo, malufismo, janismo... Pergunta - Como o senhor vê uma manobra como essa, renunciar para não ter os direitos cassados? Alckmin - Isso faz parte da regra, mas a renúncia é uma punição e uma confissão de culpa. Pergunta - O presidente do PDT, Leonel Brizola, já falou até em uma aliança da esquerda com ACM para a presidência da República... Alckmin - É uma esquerda meio torta, mas em todo caso... Leia também a05/31/2001
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