Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após entrega de posto policial no Centr
Parte 1
Parte 1 Violência Pergunta - Qual seria o plano ideal para se diminuir a violência no Centro? Alckmin - Eu acho que é o que nós estamos fazendo: integrar a Polícia Civil e a Militar, estabelecer a divisão territorial, integrar com a sociedade civil, mais policiais na rua, por isso que nós diplomamos, há questão de um mês, 614 policiais militares para o chamado Centro Expandido. Mais uma delegacia aqui na região deve ser inaugurada dentro de quinze dias e a inauguração hoje de mais um posto policial que vai funcionar 24 horas por dia com um efetivo de doze policiais militares e em parceria com a Associação Viva o Centro, que construiu este posto. Pergunta - Nós temos muitos prédios fechados aqui no Centro. O senhor acha que a melhoria da segurança pode propiciar a ocupação desses prédios e a geração de empregos? Alckmin - Esse é um fato importante que você ressaltou, nós só vamos na realidade recuperar o Centro pra valer, quando as pessoas voltarem a morar no Centro. Enquanto você tiver uma região pouco habitada, com prédios vazios, sem as pessoas morando aqui, você vai revitalizar, mas não na medida do necessário. Então é fundamental trazer as pessoas para morarem no Centro. Nós estamos desenvolvendo alguns programas habitacionais específicos aqui para a área central e o Governo do Estado fez um grande investimento na área da cultura, a Sala São Paulo, Hospedaria dos Imigrantes, Pinacoteca e, agora, a reforma do antigo prédio do Dops. Pergunta - Existem muitos prédios comerciais que estão desocupados. As empresas deixaram a região por falta de segurança? Alckmin - Já estamos tendo uma reversão. Veja o prédio da Bovespa, o prédio da BM&F, e algumas empresas estão voltando para o Centro. Pergunta - Há uma possibilidade de união para tentar revitalizar o Centro de forma efetiva? Alckmin - Há, aliás nós estamos trabalhando para isso. O Estado tem responsabilidade, a Prefeitura também tem. A parte do Estado é a segurança, a Polícia mais bem equipada, viaturas, mais postos policiais, maior efetivo da Polícia Militar. Existe um projeto do Estado chamado Broadway Paulistana, para se recuperar os cinemas aqui da área central, fazer um circuito cultural de lazer e entretenimento, essa é uma área boa. Há necessidade de unir esforços do Estado, da Prefeitura e do setor privado. Pergunta - A Prefeitura está fazendo a parte dela? Alckmin - Eu acho que, dentro das possibilidades, está. Eu sinto que a Prefeitura está empenhada nesse mesmo objetivo. O Centro da cidade, eu acredito que é a Jóia da Coroa, uma região que pode gerar muito emprego, muitos postos de trabalho. Uma região territorialmente pequena, 4,5 km², mas que recebe 2,5 milhões de pessoas e é o cartão de visitas da cidade. Pergunta - Em relação à parceria do Banespa contribuindo para a segurança do Centro, o que o senhor pode dizer de uma importante empresa ... que é a cara de São Paulo. Alckmin - Esse Posto Policial que está sendo inaugurado não foi construído pelo Governo, foi construído pela Associação Viva o Centro e com a participação de empresas como o Banespa, o hotel Othon Palace. Eu acho que esse é o modelo melhor, o Governo trabalhar em parceria com a iniciativa privada na linha do mesmo objetivo, que é revitalizar o Centro e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Reajuste Pergunta - De quanto será o reajuste dos policiais militares? Alckmin - Eu estava vendo as faixas lá fora... a maioria é do pessoal aposentado, são os inativos, pensionistas. O ano passado foi dada uma gratificação de R$ 100,00 para a Polícia, maior que a do conjunto do funcionalismo que foi de R$ 60,00. Só que não contemplou os inativos e é exatamente por isso que nós estamos aprofundando os estudos, para procurar contemplar também os inativos, pois isso envolve um gasto maior. Nós solicitamos para a Assembléia votar esta semana o reajuste de R$ 60,00 para R$ 100,00 dos agentes penitenciários. Eles estão concluindo o trabalho e antes do final do mês nós devemos ter uma resposta. Pergunta - A manifestação atrapalhou a cerimônia? Alckmin - Não, eu sou democrata, com 23 anos de idade fui prefeito. A democracia é assim mesmo, é agitada. A ditadura é a paz aparente porque é a paz dos pântanos, a paz do cemitério. A democracia é agitada, é muito natural que haja manifestações que são muito legítimas, ainda mais quando o Governo está estudando e vai dar um reajuste. Claro que não vai ser o ideal, o Governo não tem um orçamento elástico, mas vamos fazer um grande esforço. Pergunta - O reajuste depende do orçamento. E o orçamento será revisto realmente, vai cair o total? Alckmin - Eu não tenho dúvidas. Crescer não vai, porque São Paulo vive do ICMS e não de transferência de verba federal. A energia elétrica representa 8% da arrecadação do ICMS, com a economia de 20% vamos perder 1,6% do ICMS. Mas o importante é que não haja retração na economia, mas eu estou otimista, acho que essa crise vai ser transitória e vai durar só alguns meses e não vai afetar o emprego, que é o mais importante. Pergunta - O feriado na segunda-feira interfere, não é, governador? O senhor é contra essa medida? Alckmin - Se a crise for transitória, se ela é passageira, ninguém vai demitir funcionário por uma questão transitória. E com a população ajudando, isso vai ser contornado logo. Leia também:07/03/2001
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