Trechos da entrevista do governador Mário Covas após anúncio de investimentos da Basf no Estado



Parte I

Parte I Repórter: Governador, o ministro Tourinho defendeu investigações em torno das fitas. O senhor também defende essa posição? Covas: Que fitas? Repórter: As fitas do ex-juiz Nicolau. Covas: Mas eu imagino que estejam fazendo investigação. Lógico, tudo que se denuncia requer investigação. Não vejo nenhum inconveniente aí. Há alguém que defenda que não deva ter investigação? Você conhece alguém? Não, não é possível. Repórter: Mas a imagem do governo como é que fica com todo esse escândalo? Covas: Mas qual é o escândalo? Repórter: As denúncias, governador... Covas: Ah, as denúncias. Bom aí é outra coisa, não são os escândalos. Como fica para o Governo? Eu acho que para um governo sério, quando tem uma denúncia, apura, e, se for o caso, pune. Por que você tem que começar admitindo que a denúncia é verdadeira? Eu acho que apurar é um fato a favor do Governo, não contra. Por que será que antes de se apurar todos acabam admitindo que a coisa é verdadeira? Repórter: O senhor acha que tem de abrir uma CPI em Brasília sobre esse assunto, o Eduardo Jorge por exemplo? Covas: Ah, isso é uma delícia. Abrir a CPI é uma delícia do PT. Por isso é que precisam sair essas denúncias, para abrir uma CPI. (risos) Repórter: O senhor é a favor de abrir uma CPI? Covas: Mas que CPI? Eu não sou um parlamentar. Quando eu fui parlamentar, todos os pedidos de CPI eu, concordando ou não, sempre assinei. Não foi por falta de assinatura minha que se deixou de fazer uma investigação. Hoje, não me cabe decidir. Cabe decidir aos que estão lá. Mas eu não vejo nenhum mal nisso, não. Ela é usada para vários fins, às vezes até para descobrir as coisas. Repórter: Essas denúncias beneficiam a oposição? Covas: Se forem verdadeiras ou se forem mentirosas, em quaisquer circunstâncias elas beneficiam a oposição. Por exemplo, a gente deixa de falar de que houve compra de voto na convenção do PT no Rio, a gente deixa de falar uma porção de coisas, centraliza a discussão em torno disso e esquece o resto. Isso aí ocupa todos os acontecimentos. Repórter: O senhor acha que é uma jogada... Covas: Eu não acho que tem nada de jogada política. Estão fazendo o papel deles. Repórter: E sobre a intenção do Ministério Público de investigar as relações do José Maria Monteiro e o Eduardo Jorge, o que o senhor acha disso? Covas: Isso é amanhecido. Não acho nada. Isso é uma coisa de 1998, durante a campanha eleitoral, quando o coronel Erasmo Dias - vocês conhecem a história dele? quero crer que conheçam - fez uma denúncia de que isso teria acontecido. E foi para a Ministério Público naquela data. Até hoje o Ministério Público não se pronunciou. Repórter: Eles estão querendo investigar agora. O que o senhor acha disso? Covas: Para mim devem investigar. Eu tenho absoluta convicção da seriedade da operação (referindo-se a uma operação de seguros feita quando José Maria Monteiro era presidente da Cosesp, empresa de seguros do Estado). Uma operação em que a Cosesp tinha prejuízo. E fez o que toda companhia de seguro faz: arrumou um segurador para dividir o risco do seguro. E fez isso claramente, falou com as quatro maiores seguradoras do Brasil, entre as quais, Bradesco, Itaú, Sul América e a outra não me recordo. Bradesco e Itaú não se interessaram, e das duas que ficaram a Sul América fez a melhor proposta. E assim se fechou o acordo. Agora eu li no jornal que se deu R$ 33 milhões para isso. E de repente descobriram que o Zé Maria - que aliás é colocado como tesoureiro da minha campanha, o Zé Maria não foi nada disso. Ele até chegou no meio da minha campanha e veio para ser coordenador, não tem nada a ver com tesouraria. Mas enfim, com essas coisas, tudo serve para fazer onda. Mas, escuta, eu acho que agora não é a mim que vocês devem apertar, nem à Cosesp. É ao Ministério Público, pois está lá para eles resolverem desde 1998. Eu tenho convicção de que – hoje que vi isso (apontou para o resumo dos jornais), não tinha visto até agora – só vi hoje de manhã quando acordei. A primeira notícia do clipping que recebo era “Caixas Tucanos sob Investigação”. Caixas tucanos? É de uma baixeza isso: caixas tucanos. O Caixas Tucanos é o Zé Maria? É de uma baixeza doentia, doentia. Sob investigação? Por quê? Porque o Zé Maria foi presidente da Cosesp um dia e fez um contrato com a Sul América pelo qual fez um co-seguro de um seguro que dava prejuízo para a Cosesp, que era o seguro de automóveis. Bem, é o Erasmo Dias, que vocês bem conhecem, mas se ele merece mais fé que o Governo, tudo bem. É só pedir para o Ministério Público continuar a ação. Está lá desde 1998. Aliás, para o conhecimento de vocês, já esteve com um membro do Ministério e hoje está com outro membro do Ministério Público. O ruim é ficar retomando isso, sabe? O que aconteceu de novo de 1998 para cá para o assunto voltar à baila. Por que o assunto está voltando agora? Qual é a razão pela qual de novo se lembra – dessa forma tão simpática – Caixas dos Tuca

07/17/2000


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