Tuma disse que mulher ameaçou parlamentares por telefone antes de esfaquear ACM Neto



O senador Romeu Tuma (PFL-SP) contou que, antes de Rita de Cássia Sampaio de Souza, de 45 anos, esfaquear o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), em Salvador (BA), ela havia telefonado para vários gabinetes do Congresso avisando que iria matar alguém porque não estava conseguindo a liberação de seu Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Tuma relatou o fato nesta terça-feira (19), durante reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), cujo assunto dominante foi o aumento concedido aos parlamentares,de 90,7%.

Segundo Tuma, a autora da agressão, que atingiu o parlamentar pelas costas, possui entre R$ 1 mil e 2 mil retidos no FGTS e, ao saber do aumento concedido aos deputados e senadores - que elevaria os salários de R$ 12.800 para R$ 24.500 -, teria se revoltado e "cometido o desatino". O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse que a facada foi um ato simbólico que representa o povo esfaqueando o Congresso e não apenas uma mulher ferindo um deputado.

- Quem pagou o pato foi o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto - disse Jefferson.

Tuma observou que, apesar de o ato da facada ser um desatino, Rita de Cássia "parece que não é tão louca assim".

O senador Osmar Dias (PDT-PR) foi o primeiro, durante a reunião, a protestar contra o aumento, dizendo que trabalhadores não obtiveram reajuste nessa proporção e que ele não queria passar por constrangimentos em casa e na rua. Observou ainda que o reajuste acabou virando "motivo de chacota" e defendeu que qualquer decisão deverá ser votada pelo Plenário.

- Não dá para viver tranqüilo com uma pecha dessa em cima da sua cabeça - afirmou, ressaltando a posição contrária do PDT ao aumento dos parlamentares.

Tuma concordou com Osmar Dias, observando que a melhor pesquisa de opinião pública está "dentro de casa, cujas pessoas sentem a repercussão nas ruas". O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) qualificou o assunto de constrangedor e disse que há uma dose de hipocrisia em alguns parlamentares, que combatem o reajuste mas, no fundo, defendem a medida.

- Estamos passando um constrangimento desnecessário. Devemos tirar esse peso que caiu sobre nossas costas - disse Heráclito.

O presidente da CAE, senador Luiz Otávio (PMDB-PA), disse que, em nome da comissão, apresentou solidariedade ao deputado Antonio Carlos Magalhães Neto e a sua família pelo episódio ocorrido em Salvador.

Ainda durante a reunião, Tuma informou sobre a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada pelo PPS questionando o reajuste. Por seis votos a quatro, o STF entendeu que o reajuste só poderá ser concedido com a aprovação de um decreto legislativo específico, a ser votado no Plenário da Câmara e do Senado.

Mesmo com essa decisão, o STF não acatou a Adin proposta pelo PPS, uma vez que esta se baseava no decreto que, segundo o tribunal, não terá validade para a próxima legislatura.

19/12/2006

Agência Senado


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