Tuma diz que, apesar da 'histeria antinuclear', Brasil está dominando a tecnologia do urânio e construirá usinas e submarino



O senador Romeu Tuma (PTB-SP) afirmou em discurso que, apesar da "histeria antinuclear", o Brasil está entrando na última fase de domínio da tecnologia para construção de usinas nucleares, alimentadas por urânio enriquecido, e para abastecer o submarino nuclear que a Marinha construirá em seus estaleiros do Rio de Janeiro.

Informou que já se encontra na fase final de construção, no Centro Experimental de Aramar, em Iperó (SP), a Usina de Hexafluoreto de Urânio, última etapa do ciclo do combustível a ser dominada. Todas as outras etapas - reconversão e fabricação de pastilhas, por exemplo - já estão operacionais, segundo o senador.

Após o domínio do ciclo do combustível nuclear, restará ao país desenvolver e construir uma usina nuclear de geração de energia elétrica. Explicou que esta parte compete ao Laboratório de Geração Núcleo Elétrica da Marina (Labgene), também localizado na área o Centro de Aramar.

A idéia, continuou, é construir um reator com 11 megawatts-equivalentes de potência, energia suficiente para atender uma cidade de 20 mil habitantes. De acordo com o senador, a tecnologia desenvolvida no Labgene servirá tanto para a geração de energia elétrica para os consumidores em geral quanto para a propulsão do submarino nuclear a ser construído pela Marinha.

Romeu Tuma lamentou que, por falta de verbas, o Programa Nuclear da Marinha esteja sendo executado de forma lenta. Para ele, "a atual situação de fragilidade defensiva do Brasil representa um risco inaceitável", especialmente agora, com as descobertas e exploração das reservas de petróleo na plataforma continental. O senador observou que, pela Constituição, as Forças Armadas têm de "guardar o mar territorial de eventuais aventureiros".

Assim, é neste contexto que Romeu Tuma considera importante o acordo assinado recentemente com a França, que irá transferir tecnologia de construção de cascos de submarinos capazes de portar um reator nuclear. Essa tecnologia permitirá, também, a construção de outros tipos de navios. O senador, que visitou recentemente o Centro de Aramar, opinou que a obtenção desta tecnologia a ser repassada pela França "custaria muito tempo e trabalho para ser desenvolvida de maneira independente".

O Programa Nuclear da Marinha já custou ao Brasil cerca de US$ 1 bilhão. Para Romeu Tuma, é um valor pequeno quando comparado ao do Projeto Manhattan, da construção da primeira bomba atômica norte-americana, que custou cerca de US$ 25 bilhões, se contar a inflação desde 1940. O Programa Nuclear da Marinha, disse, "vem saindo relativamente barato para o Brasil". Tuma afirmou ainda ser necessário "desmentir que o programa brasileiro tenha finalidade bélica".

Acrescentou que o Brasil terá de contar no futuro com a energia de usinas nucleares, por causa do limite no potencial hidrelétrico de seus rios. Já a eletricidade proveniente de usinas movidas a óleo combustível depende do petróleo e gera muita poluição. Informou ainda que 17% da energia produzida no mundo já tem origem nuclear - são 439 reatores em operação, 34 em construção e 81 planejados.

No mesmo discurso, Romeu Tuma apresentou requerimento de informações ao ministro da Ciência e Tecnologia sobre as providências adotadas para o armazenamento seguro de torianita apreendida com garimpeiros às margens do Rio Araguari, no Amapá. Trata-se de material que contém urânio, mineral radioativo que pode provocar problemas na saúde das pessoas. A denúncia foi feita pelo programa Fantástico, da TV Globo.



07/10/2009

Agência Senado


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