Tuma diz que investimento no policial é fundamental no combate ao crime
O êxito na luta contra o aumento da criminalidade nos grandes centros urbanos depende, em grande parte, de investimentos na polícia e na carreira do policial. Essa é a opinião do senador Romeu Tuma (PFL-SP), ao analisar a onda de seqüestros que vem tomando conta das grandes cidades brasileiras. O senador disse discordar dos que acham que está havendo uma migração do banditismo, do roubo de automóveis para os seqüestros de pessoas.
- Os roubos de veículos continuam tão freqüentes quanto antes. A opção dos bandidos pelo seqüestro de pessoas comuns, donas de casa, estudantes, trabalhadores, deve-se simplesmente às dificuldades de acesso aos caixas eletrônicos da rede bancária - avalia.
As pessoas passaram a ter mais cuidado, a dar preferência aos caixas situados em locais de maior movimento, como os dos shoppings centers, e muitas cidades adotaram horários rígidos para o funcionamento dos caixas, aumentando a segurança em torno deles. Com isso, os bandidos partiram para o seqüestro, que é, simplesmente, uma forma de chegar até os caixas eletrônicos.
- A população hoje é prisioneira do medo e, para se tornar vítima do crime hediondo e do seqüestro, o cidadão não precisa mais demonstrar sinais de riqueza. Os bandidos atacam qualquer um - diz Romeu Tuma, para quem o mais grave no aumento da criminalidade nos grandes centros é o aumento da corrupção no meio policial.
Ele diz que isso ficou evidente na apuração feita durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou os roubos de cargas nas estradas do país. "À medida que a corrupção avança sobre o sistema de segurança, a criminalidade aumenta", afirma.
O senador acredita que a falta de investimentos públicos na polícia e na carreira de policial contribui de forma significativa para esse quadro. Mal equipado, mal remunerado e sem motivação profissional, o policial começa a levar a pior no confronto com os criminosos.
- Esqueceram-se de investir na profissão do policial, desestimulando-o. Diante desse quadro, uma minoria entre os policiais começa a achar melhor negociar com os bandidos. É claro que se trata de uma minoria. Mas é uma minoria que vem crescendo - alerta.
Tuma também critica a falta de medidas contra o crime, mesmo depois da apuração de fatos concretos, como a que foi feita na CPI do roubo de cargas.
- Apura-se muita coisa, encaminha-se tudo para o Ministério Público, e daí? Ttempos depois, vimos que não aconteceu nada e que tudo acaba caindo no vazio - lamenta.
O senador disse ainda esperar que, com a entrada em funcionamento da justiça de pequenas causas, esse quadro possa melhorar, reduzindo-se a inércia na adoção de iniciativas concretas na apuração de muitos casos.
- O vital e o importante, contudo, é nos conscientizarmos de que temos de investir na polícia se quisermos, realmente, intimidar e reduzir o poder de ação do crime organizado - diz o senador.
17/01/2002
Agência Senado
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