TV digital deve ter tecnologia nacional, defende especialista



Nesta quarta-feira (24), durante audiência pública conjunta da Comissão de Educação (CE) e da Subcomissão de Cinema, Comunicação e Informática, o diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta e da Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), Jorge da Cunha Lima, defendeu a necessidade de haver componentes tecnológicos nacionais nas televisões digitais, independentemente da escolha tecnológica determinada. Essa também é a posição do Ministério das Comunicações.

Para Cunha Lima, líder de uma associação de 21 emissoras que compõem a rede pública do Brasil, a escolha entre os modelos tecnológicos disponíveis, além de técnica, é também uma questão política. -É uma decisão muito importante porque envolve a vida de milhões de pessoas-, afirmou. De qualquer forma, indicou, seja qual for o modelo adotado, não pode pegar as emissoras públicas -no estado de indigência em que estão-.

Outro ponto que ele destacou foi a importância de se oferecerem à população condições de acesso à TV digital multimídia, por meio da televisão gratuita. Além disso, observou, o governo precisa escolher um modelo com capacidade de absorção pelo mercado. -Isso é definição política de cronograma de acessibilidade ao privilégio tecnológico-, destacou.

O subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério das Comunicações, Marcos Dantas Loureiro, adiantou que qualquer dos padrões que seja escolhido terá que ser adaptado ao Brasil. Segundo o representante do governo, os programas de computador usados farão essa adaptação à realidade nacional.

Provavelmente, disse, essa tecnologia de software será desenvolvida no país, o que gerará emprego, poupará royalties e, além disso, auxiliará o plano de governo de inclusão social, uma vez que usa tecnologia nacional. O subsecretário destacou que ainda não há nada definido em relação aos padrões, uma vez que a questão está em estudo pelo governo. Loureiro destacou que há preocupação de manter a gratuidade na televisão digital. -Mas não podemos ter ilusões, pois muitos serviços fornecidos pela TV digital serão pagos-, disse.

O representante do Ministério das Comunicações lembrou que a TV aberta é a tecnologia de maior penetração cultural no Brasil, atingindo 57 milhões de residências, e que a maioria dos brasileiros compra equipamentos de baixo custo. Para Dantas, enquanto não se completar a transição para o sistema digital, será preciso garantir as transmissões pelo sistema analógico, uma vez que muitas pessoas terão dificuldades financeiras de aderir à nova tecnologia. A transição, destacou, precisa também fortalecer as redes brasileiras de televisão e ainda a indústria nacional.



24/06/2003

Agência Senado


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