Unesp: Hospital de Barretos inaugura banco de tumores
Unidade de Rio Preto coordena estudos e organiza dados
O Banco de Amostras Tumorais, ou Banco de Tumores, inaugurado em junho passado no Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII – em parceria com o Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), campus de São José do Rio Preto, traz novas perspectivas para os estudos na área de oncologia e aumenta as esperanças de cura do paciente com diagnóstico de câncer.
A partir de um banco de dados, onde estarão reunidas as informações clínicas sobre o paciente, o perfil genético, as características da doença e os dados epidemiológicos serão possíveis diagnósticos mais precisos, e, como conseqüência, tratamentos mais eficientes com maiores possibilidades de cura. “É um grande avanço científico na área de biologia molecular, que vai evitar tratamentos na base de tentativa e erro”, destaca a bióloga Paula Rahal, do Laboratório de Estudos Genômicos do Ibilce e uma das coordenadoras do Banco, por parte da UNESP.
De acordo com a pesquisadora do Ibilce, no Banco são armazenadas amostras de tecidos tumorais e de tecidos sadios dos pacientes tratados no Hospital de Câncer de Barretos. Além disso, também são guardadas amostras de sangue e de soro. Estes materiais darão suporte para o levantamento de informações para a pesquisa básica sobre determinado tipo de DNA, RNA e de proteínas utilizadas como marcadores, ou indicadores dos tipos de câncer. As amostras são congeladas em nitrogênio líquido e conservadas em freezer de – 86º C a –140º C.
Entre as vantagens da coleção, destacam-se a ampliação das possibilidades das pesquisas com conclusões mais abrangentes. Atualmente os estudos sobre os cânceres e seus aspectos estão condicionados ao diagnóstico e ao tempo de duração do tratamento de um determinado caso, que pode se estender por até cinco anos.
Outro problema decorrente das condições atuais é a limitação da conclusão àquele caso específico. De acordo com o oncologista Edmundo Carvalho Mauad, diretor técnico do Hospital, o volume de atendimentos realizados na instituição justifica a iniciativa de criação do Banco de Tumores, que recebeu U$ 80 mil da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S.Paulo) para sua implementação. “O Banco vai contribuir com a pesquisa básica na área de oncologia”, enfatiza Mauad.
Entre os atendimentos realizados no Hospital de Barretos, 90% são pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mauad conta que são cerca de 2,5 mil diariamente para o tratamento rotineiro. Casos de novos diagnósticos somam aproximadamente 8,5 mil ao ano. “Este número é bem superior ao registrado no Hospital de Curitiba, 4,9 por ano, que atende a Região Sudeste”, diz.
Além de ser uma instituição conveniada ao SUS, outra razão para o elevado número de atendimentos, segundo Mauad, é que o hospital não dispensa os pacientes que chegam sem consulta marcada. Todos que procuram a instituição, além dos atendimentos médico e clínico, recebem orientação jurídica, necessária para que o paciente conheça seus direitos e os reivindique. O doente de câncer tem prerrogativas especiais para a continuação do tratamento, em geral caro e impossível para quem depende do SUS.
Dados em rede
O Banco de Tumores do Hospital de Barretos é o terceiro no País a oferecer este serviço, ao lado do Hospital do Câncer A. C. Camargo, em São Paulo, e do Instituto Nacional de Câncer, no Rio de Janeiro. Por si só o serviço já representa um avanço no suporte às pesquisas na área oncológica. Mas as possibilidades serão ainda maiores em função de um convênio, em andamento, para unir, por intermédio da web, as informações dos Bancos de Tumores de Barretos e de São Paulo para a criação de uma Rede Nacional de Biorepositórios.
De acordo com Paula Rahal, da UNESP, o serviço está disponível a todo pesquisador interessado, desde que submeta projeto ao corpo diretivo do Banco de Tumores.
Informações organizadas
O gerenciamento das informações coletadas no Banco de Tumores é um dos aspectos importantes deste empreendimento. O projeto e a implantação de um banco de dados para organizar todo o volume de informação coletada no hospital é coordenado pelo docente Carlos Roberto Valêncio, do Grupo de Banco de Dados do departamento de Ciência da Computação e Estatística do Ibilce.
O banco de dados é a ferramenta que torna viável toda a parte operacional do Banco de Tumores, desde a identificação de um material no espaço físico do Banco, que em dois meses de funcionamento já tem 600 amostras tumorais, até o conhecimento extra advindo do cruzamento das informações.
Valêncio explica que a primeira fase do trabalho é a implantação do sistema. “Neste momento estabelecemos o mecanismo para registro do fluxo do material que entra e sai do Banco”, diz. De acordo com Valêncio, a próxima etapa do trabalho deverá permitir aos usuários do Banco levantar dados mais abrangentes relacionados a determinado tipo de câncer.
Informações como origem do cliente, perfil, características da doença, tipo de tratamento e resposta à droga, somados com fatores de risco, grau de incidência e faixa etári
09/26/2006
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