Unicamp e empresa paraense produzem novo remédio para menopausa
Medicamento atua como repositor do estrógeno
Já está nas prateleiras das farmácias novo medicamento para tratamento dos sintomas do climatério – fase da vida da mulher em que ocorre a menopausa. O produto, cujo princípio ativo é a isoflavona aglicona, obtida da soja, foi desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, em parceria com a empresa Steviafarma Industrial, de Maringá (PR).
A isoflavona aglicona atua no organismo como repositora do estrógeno, hormônio feminino que o corpo da mulher produz em menor quantidade no climatério. A falta da substância provoca vários tipos de mal-estar, como ondas de calor, suores noturnos, nervosismo, depressão e taquicardia.
A pesquisa nos laboratórios da FEA teve início em 2000. Quatro anos e quatro teses de alunos, depois a substância estava isolada. Nos dois anos seguintes, a Steviafarma interessou-se pelo projeto. Investiu, licenciou a patente e agora produz a substância em escala comercial. A parceria com a empresa paranaense e a FEA foi articulada pela Agência de Inovação da Unicamp.
100% aglicona – Vera Crósta, funcionária da agência, informa que existem vários medicamentos no mercado à base de isoflavona de soja, os chamados fitoestrógenos. “A diferença é que este novo produto é melhor absorvido pelo organismo”, assegura.
Explica que os demais são sintetizados com a isoflavona parte aglicona e parte glicolisada. Esta última substância, por ter açúcares na composição, demora para ser assimilada pelo corpo da mulher. “O novo medicamento é 100% aglicona”, garante Vera.
Durante os dois anos em que o produto deixou a fase laboratorial para se tornar industrial, a Steviafarma também pleiteou a sua regularização na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela liberação de remédios no mercado brasileiro. Vera, no entanto, ressalta que o nome comercial não pode ser revelado por determinação legal.
Para divulgar o produto aos médicos, a indústria de Maringá se associou à Apsen Farmacêutica, laboratório nacional, localizado em Santo Amaro, na capital.
Depois dos 40 - A médica do Hospital das Clínicas, Ângela Maggio, especialista em menopausa, explica que o climatério é o período de vida da mulher que vai dos 40 aos 65 anos. Antes disso, ela passa pela infância, puberdade, vida reprodutiva e, depois dos 65 anos, vem a senilidade.
Durante o climatério ocorre a última menstruação, geralmente dos 45 aos 50 anos, e sobrevêm a menopausa e a menor produção de estrógeno. O ovário passa então a sintetizar a substância análoga androgênio, o hormônio masculino, que substitui parte do estrógeno. Mas, dependendo do organismo, a mulher pode precisar de mais. “É aí que entra a medicação, que pode ser à base de isoflavona ou de hormônios”, prescreve a médica do HC.
Há outra forma paralela, e natural, de reduzir e enfrentar os males da menopausa, como estabelecer um ritmo saudável de vida. Ângela aconselha dieta equilibrada, exercícios físicos e demais cuidados com o corpo.
Otávio Nunes
Da Agência Imprensa Oficial
09/20/2007
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