Utilização de células tronco para cura de doenças é sustentada por senadores em audiência
Na reunião conjunta das comissões de Educação (CE) e de Assuntos Sociais (CAS) que debateu nesta quarta-feira (2) o uso de células tronco na pesquisa contra doenças genéticas, os senadores elogiaram a clareza dos cientistas presentes e, em sua maioria, apoiaram o uso dessas células nas pesquisas científicas. Essas pesquisas são proibidas pelo projeto oriundo da Câmara (nº 9 de 2004), que institui a política de biossegurança.
As células tronco estão presentes nos embriões e têm capacidade de se transformar em qualquer célula do corpo humano. Podem ser usadas em pesquisas de cura de doenças genéticas como diabetes e distrofia muscular. O uso das células em pesquisa foi defendido por quatro dos seis expositores presentes à reunião.
O senador Cristovam Buarque (PT-DF) disse que raramente há reuniões tão esclarecedoras. Lembrou a importância de votar a matéria com ética e destacou que com essa votação o Congresso estará -criado história-. Cristovam disse que -seria um crime- votar um tema desses apenas de acordo com -as bases eleitorais- e afirmou que não há impedimento ético ou religioso para uso de células tronco congeladas, desde que não tenham sido produzidas apenas para fim de pesquisa.
- Não permitir a pesquisa deixará o Brasil atrasado no cenário internacional, talvez de maneira irreversível. Dependendo da lei que votarmos, estaremos permitindo aos ricos se tratarem nos Estados Unidos e na Europa e proibindo isso aos pobres - observou.
O senador Osmar Dias (PDT-PR), presidente da CE, defendeu a realização de audiências públicas para debater o projeto de biossegurança, uma vez que o assunto é grave e complexo. Para Dias, os senadores só terão segurança para votar quando munidos de bastante informação. Osmar Dias afirmou estar convencido de que o projeto precisa ser mudado, especialmente o artigo 5º, que veda a pesquisa com embriões. O senador paranaense também sugeriu que a parte do projeto que trata da pesquisa com células tronco seja separado da parte que regula os transgênicos. Essa, acredita, seria uma forma de agilizar a tramitação e discussão da matéria.
Osmar Dias perguntou à diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), Mayana Zatz, se há consenso entre os cientistas sobre quando começa a vida. Mayana afirmou que não há uma resposta definitiva, mas lembrou que até o 14º dia após a concepção não há formação de sistema nervoso. -Muitos cientistas acham que a vida não tem começou ou fim, é um ciclo-, disse. Mayana acrescentou que há muita pressa na liberação da pesquisa no Brasil, uma vez que crianças que sofrem de doenças degenerativas estão morrendo. Ela defendeu a votação da lei tratando de transgênicos e células tronco.
02/06/2004
Agência Senado
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