Valadares atribui "doenças" que ameaçam S. Francisco a crescimento econômico a qualquer custo
- Por exemplo, não faz sentido buscar solução para a aparente diminuição do deflúvio (escoamento) médio anual do rio, pela simples razão de que não há comprovação estatística desta diminuição. O que tem ocorrido é que, durante as estiagens, a vazão tem diminuído e, durante as cheias, a vazão tem aumentado. Tudo por conta do uso inadequado do solo, que aumenta a erosão e diminui a infiltração - afirmou.
De acordo com o senador, antes da construção das usinas hidrelétricas de Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó, o São Francisco tinha grandes vazões na sua foz. Desse modo, suas cheias inundavam as margens de sedimento, que fertilizavam o solo. Hoje, comparou, as barragens regularizaram a vazão e os sedimentos ficam presos em suas peças.
Conforme Valadares, os responsáveis pela salvação do rio devem ser aqueles que já se encontram na bacia do rio, tais como os usuários dos recursos hídricos, os governos estaduais e municipais, as universidades, as organizações não-governamentais (Ongs), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Companhia Hidrelétrica do Vale do São Francisco (Codevasf), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional de Águas (ANA).
Após 500 anos, um rio "que tanta vida gerou e gera está à beira da morte", disse o senador, relacionando o que chamou "as cinco principais doenças" que ameaçam o São Francisco: o desmatamento, a poluição, as barragens, a irrigação e a ameaça da transposição.
Para Valadares, o sucesso ou o fracasso das civilizações estão escritos em suas águas:
- Rios mortos e poluídos, transformados em esgoto a céu aberto, mostram a irracionalidade da opção do crescimento a qualquer custo, de forma insustentável - advertiu.
20/12/2001
Agência Senado
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