Valorização do professor une escolas bem colocadas no Enem
De um lado, mensalidades de R$ 450 para dois mil alunos em um dos estados mais pobres do país. De outro, parcelas mensais a partir de R$ 1.500 para 850 estudantes da unidade mais rica da Federação. Em comum, o excelente desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a valorização dos professores. Os exemplos do Instituto Dom Barreto, de Teresina (PI), e do Colégio Vértice, de São Paulo (SP), foram analisados, nesta terça-feira (8), durante audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
O primeiro lugar obtido pelo colégio piauiense no Enem de 2006 atraiu a Teresina diretores de escolas de diversos estados do país, segundo a diretora do Instituto Dom Barreto, Stella Rangel. A prioridade da escola, segundo informou aos visitantes, é a formação continuada do professor. Ela assinalou ainda a importância da continuidade do trabalho educacional, uma vez que quase todos os alunos que entram na educação infantil prosseguem no colégio até o fim do ensino médio.
- A nossa grande contribuição à educação do Piauí é a valorização do professor, que é respeitado na escola e conta com um trabalho de formação continuada - ressaltou.
Logo no início da reunião, o presidente da CE, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), relatou sua visita ao Instituto Dom Barreto. O parlamentar disse ter ficado bastante impressionado com algumas características da escola, como a ênfase na formação dos professores, a adoção do tempo integral para os alunos, a disciplina e o envolvimento das famílias.
A diretora do Colégio Vértice, Walkíria Aparecida Gattermayr Ribeiro, também ressaltou a dedicação integral de todos os seus professores e a ênfase na sua capacitação. Assim como na escola piauiense, todos os professores do colégio paulista têm educação superior e especialização.
Entre outras características do colégio, que obteve o segundo lugar no Enem em 2006, ela mencionou o estímulo à leitura. Todos os alunos devem ir à biblioteca uma vez por semana para pegar o livro que escolherem. O hábito de estudo, relatou, é acompanhado diariamente. E os estudantes devem fazer uma leitura prévia do que será ensinado nas aulas seguintes.
Ao assumir a presidência dos trabalhos, após a saída de Cristovam da audiência, a senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) disse esperar que os exemplos das duas instituições, em especial no que se refere à valorização do professor, estimulem outras escolas em todo o Brasil a seguir o mesmo caminho.
- Temos que mostrar ao país o que é bom e está dando certo - afirmou.
Um dos autores do requerimento de realização da audiência, o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) lamentou que o Colégio Santo Agostinho, do Rio de Janeiro, se tenha recusado a enviar um representante ao debate na comissão. Ele fez um elogio às duas diretoras e solicitou informações a respeito dos preços das mensalidades pagas por cada aluno.
O senador Mão Santa (PMDB-PI), que também apoiou o requerimento dessa audiência, sustentou que o país "não tem outra saída" a não ser estimular a educação. Ao comparar os valores pagos pelos alunos das duas escolas, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) observou que "boa escola não depende tanto do valor da mensalidade". Por sua vez, o senador Virgínio de Carvalho (PSC-SE) disse que não se deveria falar de uma concorrência entre escolas públicas e privadas.
O senador João Vicente Claudino (PTB-PI) ressaltou o investimento feito pelo Instituto Dom Barreto na educação de crianças da periferia de Teresina. E o senador Romeu Tuma (PTB-SP) lamentou que a escola pública tenha perdido espaço para a particular ao longo dos últimos anos. Já o senador Augusto Botelho (PT-RR) anunciou que proporá uma audiência sobre os resultados obtidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
Ao final da audiência, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) voltou ao tema da necessidade de se garantir melhor qualificação para os professores.
- As duas escolas só chegaram a esse patamar de reconhecimento nacional porque se preocuparam com o professor, que é o ator principal desse processo e deve ser valorizado - argumentou.
08/04/2008
Agência Senado
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