Valter Pereira lembra os 46 anos do golpe de 64, 'para espantar figuras exóticas que às vezes questionam a democracia'
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) lembrou em discurso os 46 anos do golpe militar de 1964 e disse que o fazia "para espantar aquelas figuras exóticas que, vez por outra, aparecem questionando as virtudes da democracia". Para ele, nossos atuais jovens, que não sabem o que é viver em um regime sem liberdades, precisam ser alertados sobre a necessidade de se preservar a democracia.
Lembrando que ele próprio foi preso por três vezes durante o regime militar, Valter Pereira enalteceu os políticos do então PMDB que lutaram pelo restabelecimento da democracia. Citou Ulysses Guimarães, Paulo Brossard, Tancredo Neves, Freitas Nobre, Lysâneas Maciel, Alencar Furtado, Chico Pinto, Marcos Freire e os atuais senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
- Muitos como eu tiveram a sorte de sofrer detenções passageiras, mas outros foram vítimas de prolongados constrangimentos e duras retaliações. Mais que isso: presos foram torturados, vidas ceifadas e ainda há famílias que procuram seus mortos até hoje. Os anos de chumbo abriram feridas tão profundas que precisam ser lembradas em função do aprendizado que podem propiciar - afirmou o senador.
Valter Pereira observou que os militares não derrubaram sozinhos o governo João Goulart, e sim com apoio de "forças reacionárias" da sociedade, sob o pretexto dos "riscos do comunismo internacional" e da "possível sovietização do Brasil". Lembrou que os governadores de São Paulo (Adhemar de Barros), de Minas Gerais (Magalhães Pinto) e do Rio de Janeiro (Carlos Lacerda) "maquinavam o tempo todo sob o mesmo refrão" e que as ruas dos grandes centros viraram palcos das manifestações contra e a favor das "reformas de base" anunciadas pelo então governo.
- Ao invés de reformas democráticas, o que se implantou foi um retrocesso institucional. Confiscou-se o direito de eleger o presidente da República, os governadores e os prefeitos das maiores cidades. O Legislativo foi castrado por cassações de mandatos e perda de funções. O Judiciário perdeu autonomia administrativa e independência dos magistrados. Os partidos políticos foram dissolvidos e os meios de comunicação foram censurados -rememorou Valter Pereira.
Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) acrescentou Mário Covas, Franco Montoro e Teotônio Vilela entre os políticos que lutaram pelo restabelecimento da democracia. Afirmou ainda que o próprio Valter Pereira também "lutou bravamente para chegarmos aonde chegamos".
31/03/2010
Agência Senado
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