Venezuela poderá trazer 'dinheiro do petróleo' ao Fundo do Mercosul, diz embaixador



Em seu primeiro café da manhã com os novos integrantes da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) nesta sexta-feira (2), em Montevidéu, o delegado permanente do Brasil junto ao bloco, embaixador Regis Arslanian, defendeu o rápido ingresso da Venezuela no Mercosul. Ele informou ainda que "há conversações", embora não conclusivas, para a adesão da Bolívia.

O embaixador lembrou que o ingresso da Venezuela poderá fortalecer o Fundo de Convergência Estrutural (Focem) do Mercosul, destinado a estimular as menores economias do bloco, Paraguai e Uruguai. O fundo é composto por contribuições anuais de US$ 100 milhões, dos quais US$ 70 milhões do Brasil, US$ 27 milhões da Argentina, US$ 2 milhões do Uruguai e US$ 1 milhão do Paraguai.

Até maio de 2011, foram aprovados 17 projetos do Paraguai, para os quais o Focem contribui com mais de US$ 600 milhões. Entre os projetos estão os de construção de casas populares e de construção e recuperação de rodovias. O fundo possibilitará ainda a construção de uma linha de transmissão de energia entre a usina hidrelétrica de Itaipu e Assunção.

- A Venezuela poderá participar do Focem com dinheiro do petróleo - previu Arslanian, lembrando ainda que os atuais componentes do bloco não poderiam "dar as costas" à Venezuela.

A adesão da Venezuela já foi aprovada pelos Legislativos de Argentina, Brasil e Uruguai. Mas ainda depende do aval do Senado do Paraguai. Os partidos tradicionais paraguaios, especialmente o Partido Colorado, têm resistido à aprovação do pedido de ingresso daquele país, por rejeição política ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Nesse momento, porém, segundo parlamentares paraguaios que se encontram em Montevidéu, o quadro começa a ficar mais favorável à adesão venezuelana, que pode vir a ser aprovada em 2012.

Integração

Durante a reunião com os parlamentares brasileiros, que foi presidida pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), o embaixador fez um relato otimista dos últimos resultados da integração regional. Disse que o Mercosul já pode ser efetivamente considerado um bloco de livre comércio, uma vez que só permanecem restrições à circulação de açúcar, a pedido dos argentinos, e de automóveis, regidos por um acordo específico de comércio.

Como ressaltou o embaixador, porém, o Mercosul é mais do que um acordo de livre comércio e já está avançando em direção a um mercado comum, com iniciativas como o Focem, o Parlasul e o fim progressivo da chamada dupla cobrança da Tarifa Externa Comum, até o fim de 2018. Com isso, os produtos de fora do bloco pagarão impostos apenas uma vez quando ingressarem em qualquer país do Mercosul. Ele citou também os projetos em andamento para estabelecer uma carteira de identidade única e um registro único de automóveis até 2018, como formas de garantir a livre circulação de pessoas dentro do bloco.

- Se fôssemos apenas um bloco comercial, poderíamos estar construindo um muro entre nossos países, assim como os Estados Unidos estão fazendo na fronteira com o México - comparou.

Homenagem

Na noite de quinta-feira, Arslanian - que já está prestes a retornar a Brasília, depois de cinco anos como representante brasileiro junto ao Mercosul - foi homenageado durante um jantar em sua residência pela representação brasileira. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), depois das palavras de despedida do embaixador,agradeceu o apoio que ele sempre deu aos integrantes da Representação Brasileira no Parlasul.

- Se nos perguntarem como são nossas viagens ao Mercosul, a primeira coisa que temos de dizer é que o embaixador é nota dez. Que bom que vamos ter em Brasilia uma pessoa com a sua competência e seriedade - afirmou Simon.



02/12/2011

Agência Senado


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