Vices também brigam por espaço político









Vices também brigam por espaço político
Diante do acirramento da disputa eleitoral pelo governo do Estado este ano, as candidaturas a vice nas chapas dos principais partidos adquiriram importância estratégica fundamental. Por isso, as pessoas escolhidas para a função têm, geralmente, alguma experiência administrativa e relativa densidade eleitoral.

E eles não pretendem ser meras figuras decorativas. Se dispõem a participar decisivamente não só na campanha eleitoral, mas das decisões de governo, em caso de vitória na eleição.

É o caso do deputado estadual Germano Bonow (PFL), que concorre a vice de Antônio Britto (PPS). Bonow considera que sua vida profissional ligada à área da saúde (já foi secretário estadual) o credencia para colaborar com propostas para o setor. Além disso, conforme o deputado, sua vivência parlamentar e como presidente regional do PFL permitem que contribua decisivamente na relação com a Assembléia e na apresentação de projetos para os municípios do Estado.

Já o atual vice-governador Miguel Rossetto (PT) assegura que sua experiência de quatro anos na função contribuirá não só na campanha eleitoral, mas também em uma possível reeleição para o cargo. "Agora, podemos anunciar nossos avanços e os aprofundamentos que pretendemos realizar no próximo governo", destacou. Disse que manterá "presença ativa e militante", percorrendo o Estado na busca de votos, e colaborará na implementação do programa da Frente Popular.

O vereador Antônio Hohlfeldt (PSDB), por sua vez, foi o escolhido para compor a chapa majoritária com Germano Rigotto (PMDB), especialmente por sua experiência política e por seu conhecimento das estratégias políticas do PT. Hohlfeldt avalia que sua inserção nas áreas universitária e cultural, bem como na Capital como um todo (Rigotto é de Caxias do Sul) ajudará na captação de votos. Ele já apresenta propostas de governo, como a criação de uma Secretaria da Juventude.

Denise Kempf (PPB) concorre a vice no Rio Grande do Sul, juntamente com Celso Bernardi (PPB). Ela acredita que o fato de ser mulher pode contribuir para a vitória progressista nesta eleição. "O PPB foi o único partido a valorizar a mulher, que tem uma sensibilidade profunda e uma intuição muito grande", analisou. Ela garante que não será figura decorativa, mas opinará e decidirá com Bernardi os rumos do Estado, no caso de assumir o Palácio Piratini.

O juiz aposentado Luiz Francisco Barbosa (PTB) é o vice de José Fortunati (PDT). Ele adianta que pretende contribuir para o modo trabalhista de governar, já que, segundo Barbosa, o projeto de governo dos dois partidos é o que possui a maior identidade com o povo gaúcho. O candidato adiantou que vai insistir na apresentação de soluções efetivas para o desenvolvimento da Metade Sul do Estado. Garantiu, também, que está à disposição para ocupar qualquer função.


Vices apresentam qualificação
O atual vice-governador Miguel Rossetto nasceu em São Leopoldo, em 1960. Com 42 anos, é técnico em Mecânica e cursou Ciências Sociais. Iniciou sua militância política no final da década de 70, quando ingressou no PT. Elegeu-se deputado federal em 1996 e vice-governador, com Olívio Dutra, em 1998.

Luiz Francisco Barbosa nasceu em Pelotas. É formado em Direito e tem 58 anos. Juiz aposentado, filiou-se ao PTB na data em que deixou a magistratura, em 02 de abril de 1992. Concorreu duas vezes a prefeito de Sapucaia do Sul, assumindo o mandato de 1993 a 1996, e uma vez a deputado federal.

Denise Kempf (PPB) é natural de Caxias do Sul. Com 42 anos, formou-se em Direito pela UCS, em 1982. É filiada ao partido desde 1992, quando ainda era PDS. Já concorreu a vereadora e vice-prefeita. Assumiu a vice-presidência municipal do partido em 1993 e, atualmente, ocupa a mesma função.

Antônio Hohlfeldt nasceu em Porto Alegre, em dezembro de 1948. É formado em Letras pela Ufrgs, com mestrado e doutorado pela PUC. Publicou 13 livros de ficção para crianças e foi assessor da Secretaria Municipal da Cultura. É vereador da Capital desde 1982. Também foi presidente estadual do PSDB.

Germano Bonow é médico sanitarista e deputado estadual. Nasceu em Porto Alegre há 60 anos. Formado em 1968, fez mestrado em saúde pública e pós-graduação em Administração de Sistemas de Saúde. Presidente regional do PFL, foi secretário estadual da Saúde três vezes e é deputado estadual no quarto mandato.

Luiz Carlos Mattozo (PSB) é o vice de Caleb de Oliveira (PSB). Com 34 anos, é o mais jovem vereador da Câmara Municipal de Pelotas. Diretor do Sindicato dos Comerciários do município e ex-dirigente da CUT, foi eleito pela primeira vez vereador em 1992 e reeleito em 1996.

Vera Rosane (PSTU) é a candidata a vice-governadora de Júlio Flores, do mesmo partido. Ela começou a militar aos 15 anos nas comunidades eclesiais de base da igreja católica. É formada em Ciências Sociais com especialização em Ciência Política e é uma das fundadoras do PSTU.

Aquillino Dalla Santa Neto tem 39 anos e concorre a vice-governador do contabilista e presidente estadual licenciado do PSC, Carlos Schneider. Nasceu em Caxias do Sul e é escritor. Filiou-se ao partido em 2001 e atua como presidente do diretório municipal de Caxias. Concorreu a vereador em 1988
Eny Domingos Ribeiro Ferreira (PRONA) é o candidato a vice-governador de Luiz Carlos Martins. Natural de Arroio Grande, Eny, 64 anos, é professor de matemática e nunca concorreu a cargo público.

Luis Fernando Dalé (PL) é o vice de Aroldo Medina. Natural de Bagé, Dalé, que é empresário da construção civil, é Presidente do Sindilojas de Bagé há sete anos. Participa da diretoria da Fecomércio e preside o Fórum Permanente da Mesoregião Metade Sul.


Candidatos apresentam propostas na Ajuris
Quatro dos candidatos a governador do Rio Grande do Sul pelos maiores partidos fizeram ontem uma exposição pública de seus projetos de governo na Associação dos Juízes (Ajuris). Pela ordem de sorteio, Germano Rigotto, da coligação União pelo Rio Grande, Tarso Genro, da Frente Popular, Celso Bernardi, do PPB, e José Fortunati, da Frente Trabalhista responderam a três perguntas formuladas pela entidade que congrega os magistrados gaúchos. Os três temas levantavam questões sobre ação do sistema de produção de Justiça e a preocupação dos candidatos em ouvir as lideranças do Judiciário nas políticas públicas integradas para o setor de segurança pública, sobre investimentos do aparelho judiciário e a interpretação da Lei de Responsabilidade Fiscal e sobre o cumprimento de decisões judiciais. Apenas o candidato da coligação Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto, não compareceu, justificando com a falta de acordo entre as assessorias para esse tipo de debate.

Germano Rigotto foi primeiro a falar e reafirmou sua disposição, se eleito governador, de manter um diálogo permanente com o Poder Judiciário na formulação de políticas estaduais de justiça e cidadania. Destacou a necessidade de tornar o acesso à Justiça mais ágil, através de viabilização dos Juizados Especiais, do fortalecimento da defensoria pública e da articulação dos dois poderes.

Tarso Genro comprometeu-se a tratar pessoalmente de todas as relações com o Poder Judiciário. Disse
acreditar que essa não é uma função que deva se delegada, com o objetivo primordial de manter a independência e a harmonia entre os poderes. Adiantou que as crises do Executivo com o Judiciário devem-se basicamente a dois fatores: as crises fiscal e de função pública.

Celso Bernardi reforçou o slogam de sua campanha sobre o cumprimento da palavra e afirmou que, no seu governo, o Poder Judiciários será forte e respeitado, mantendo sempre o diálogo aberto. Ao passar às mãos do pr esidente da Ajuris, José Aquino Flores de Camargo, um documento com um resumo, divido em quatro partes, de suas propostas de governo, pediu que elas fossem alvo de debate dentro da entidade para que as sugestões lhe fossem encaminhadas. Disse que todos os seus projetos são realistas e viáveis e não apenas promessas de candidatos em período eleitoral.

José Fortunati destacou a qualidade do Poder Judiciário gaúcho como um dos melhores do Brasil e disse que seu fortalecimento é a garantia do estado democrático de direito. Criticou as políticas públicas do atual governo do Estado no que se refere ao déficit público. Afirmou que o arrocho salarial imposto pelo atual governo a todos os setores do funcionalismo tem imposto ao Judiciário uma perigosa redução de investimentos necessários ao bom desempenho da Justiça.


Gaúchos rejeitam quarentena em Esteio
Os criadores de bovinos do Estado rejeitaram a proposta do Ministério da Agricultura que sugeria novas regras sanitárias para a saída de animais comercializados na Expointer para fora do Rio Grande do Sul. A decisão foi acertada ontem, durante reunião realizada na Secretaria da Agricultura entre representantes de 15 associações de criadores.

Segundo o presidente da Federação Brasileira das Associações dos Criadores de Raças (Febrac), José Paulo Cairoli, o benefício das novas regras seria pequeno se comparado ao envolvimento dos produtores. "Quanto aos custos com mais uma sorologia, o ministério até sinalizou com um subsídio, mas os pecuaristas tiveram medo de não poder levar um animal até a feira caso a primeira sorologia tivesse resultado positivo", revela.

Os criadores ainda ressaltaram os gastos com a manutenção de um tratador e a própria alimentação dos animais, que precisariam permanecer por, no mínimo, 14 dias no Parque Assis Brasil.

Na opinião de Cairoli, os negócios da exposição não devem ser comprometidos pelas normas sanitárias. "No ano passado, a nossa situação era bem mais complicada e já obtivemos uma boa comercialização. Portanto, para essa edição, as expectativas são positivas".

Pela alternativa do ministério, os bovinos e bubalinos passariam por uma quarentena e por uma sorologia na propriedade de origem antes da realização da exposição. Após o término da feira, os exemplares comercializados para fora do Rio Grande do Sul seriam submetidos a uma nova quarentena de 14 dias dentro do parque e a uma nova sorologia. Após a divulgação dos resultados, os animais não reagentes seriam liberados.

As normas que serão cumpridas nesta edição da Expointer determinam que os animais cumpram quarentena de 30 dias e sorologia na propriedade de origem. Após esse procedimento, os animais ainda passarão por outra quarentena de 14 dias e sorologia na propriedade de destino, ou seja, no estado para onde forem comercializados.


Governo decreta estado de sítio após manifestações
O presidente do Paraguai, Luiz González Macchi, decretou ontem estado de sítio durante cinco dias, numa tentativa de conter a onda de manifestações de partidários do general da reserva Lino César Oviedo, que pedem a renúncia do chefe de Estado. Victor Hermosa, ministro do Interior, informou que "o Poder Executivo, de acordo com a Constituição, se vê na obrigação de estabelecer o estado de exceção", equivalente ao estado de sítio.

Hermosa explicou que "certas garantias individuais estão suspensas e a Polícia Nacional está autorizada a realizar operações de prevenção e, inclusive, a prender os responsáveis pelos distúrbios sem prévia autorização da procuradoria-geral da República". As manifestações ocorreram principalmente nas regiões de Caaguazú e Alto Paraná, a 200 e 390 quilômetros de Assunção, respectivamente. "Identificamos plenamente os operadores oviedistas do movimento União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace)", disse Hermosa.

Pelo menos 13 pessoas ficaram feridas durante choques entre partidários de Oviedo e a polícia. Destas, duas foram feridas gravemente por armas de fogo. As demais, em confrontos com o batalhão de choque. Os manifestantes pediam a renúncia imediata do presidente e passavam mensagens de Oviedo, que já tentou outros golpes e se encontra refugiado no Brasil.

O conflito mais grave ocorreu em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), entre a Polícia Nacional do Paraguai e manifestantes contra Macchi. O confronto teve início nas primeiras horas da manhã e resultou no fechamento da Ponte da Amizade, que liga Brasil e Paraguai. Cerca de 500 paraguaios passaram a noite em Foz do Iguaçu preparando o bloqueio da fronteira. Eles se juntaram a outras duas mil pessoas que participavam do protesto no centro de Ciudad del Este. A manifestação foi reprimida pela Polícia Nacional com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Com o fim da munição, os policiais passaram a usar pedras e munição real contra a população. O trânsito na ponte foi restabelecido por volta do meio-dia.


Nervosismo derruba bolsas do mundo inteiro
O mercado financeiro viveu um dos piores dias de pânico desde os atentados terroristas aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. As principais bolsas mundiais desabaram devido à crise de confiança que promoveu a corrida por ativos reais. O contrato futuro de ouro para agosto valorizou US$ 4,00 e foi negociado a US$ 319,90 por onça-troy.

Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu mais de 5% durante o dia e encerrou negativo em 0,52%. Já o Nasdaq chegou a se aproximar do ponto limite de 1.300 pontos, e foi negociado no menor nível desde 1997.

No entanto, o índice acabou em alta de 0,66%. O S&P-500, que reúne as 500 maiores empresas negociadas em Bolsa nos Estados Unidos, pela primeira vez desde outubro de 1997, o S&P operou abaixo dos 900 pontos.

As maiores perdas ocorreram na Europa. A bolsa de Frankfurt recuou 5,28%, Paris 5,4% e Londres 5,44%.

Este foi o maior tombo da bolsa inglesa desde 11 de setembro. O índice rompeu a barreira dos 4 mil pontos pela primeira vez desde dezembro de 1996, fechando a 3.994 pontos. Na bolsa de Madri, o Ibex-35 caiu 4,52%, para o nível mais baixo desde 16 de novembro de 1997. O nervosismo internacional e boatos internos fizeram o Ibovespa despencar 3,05%, com um fraco giro financeiro, R$ 387,349 milhões. Os bônus da dívida brasileira também desvalorizaram. O título da dívida brasileira mais negociado no exterior, o C-Bond depencou 1,47%. O dólar disparou 1,46% e fechou cotado a R$ 2,852 na venda. A moeda norte-americana chegou a valer até R$ 2,873, na máxima do dia.

O leilão de linha externa, espécie de empréstimo do Banco Central para dar liquidez ao mercado financeiro não surtiu efeito. Na operação realizada no intervalo de almoço, a autoridade monetária vendeu dólares a R$ 2,846, com recompra no dia 16 de setembro, a R$ 2,904. Operadores alegaram que a intervenção foi ínfima diante do pânico nos pregões internacionais e nervosismo com a corrida eleitoral.

"Foi um mercado medroso", define o diretor da Diferencial Corretora, Zulmir Tres. Especulações sobre a possibilidade da Embratel entrar em concordata fizeram os papéis preferenciais desabarem mais até 19,7% e fecharem em queda de 15,54%. Segundo o analista da Pilla Corretora, André Moura, o volume baixo indica que a queda da bolsa não tem sustentação. "O índice deve continuar indefinido", estima.

Circularam ainda comentários sobre o resultados das próximas pesquisas eleitorais. "Não houve nenhuma notícia nova, mas nada reverteu o pessimismo", explica o consultor de investimentos da Agente Corretora, João Marcos Cicarelli.


Artigos

O preço da liberdade
Onyx Lorenzoni

É 1824. Ano da fundação da colônia alemã em São Leopoldo, na província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Trinta anos depois, chegam ao Estado os pequenos proprietários italianos respondendo à política imperial de imigração que garantia a concessão gratuita de lotes, instrumentos agrícolas e sementes. Ou seja, a motivação dos imigrantes que vieram para o Brasil enfrentando os perigos de uma travessia transatlântica, os desafios de uma nova vida em terras desconhecidas com clima, cultura e costumes diferentes, foi um sonho tornado realidade por uma folha de papel assegurando o direito a um pedaço de terra. Enfim, o direito à propriedade. Os imigrantes fizeram e fazem a grandeza e a prosperidade do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Sempre dissemos que o Rio Grande é um Estado diferenciado da Federação. Dizemos isto das artes, da tecnologia, mas principalmente, sobre a capacidade de empreendedorismo. E isto é fruto destes pequenos proprietários que tiveram fortes motivos para manter suas famílias unidas e fazê-las progredir e transformarem-se em grandes empreendedores do setor rural, industrial e de serviços. Se formos à origem de uma parcela expressiva do PIB gaúcho, vamos encontrar famílias que há mais de século participam da construção e desenvolvimento deste Estado. Portanto, é inegável e imprescindível para uma sociedade o direito de propriedade. E o século XX nos mostrou, de forma clara, que a democracia e o estado de direito (garantidores da liberdade individual, do respeito aos contratos e do direito de propriedade) são também os fundamentos essenciais à prosperidade de uma sociedade. Equivale dizer: ser mais feliz.

Assim, preocupam-me os acontecimentos no Brasil (invasões de terras, prédios públicos) e aqui no Rio Grande (destruição de lavouras), onde temos um governo do PT que, através do braço político do MST e de eventos como o FSM, demonstra, diuturnamente, o desrespeito ao direito de propriedade e ratifica a necessidade da propriedade ser colocada a serviço do Estado. Não podemos esquecer que esta visão foi experimentada na História e tem total identidade com o pensamento do Partido dos Trabalhadores do Nacional Socialismo Alemão. Ou seja, o partido nazista tinha a mesma concepção sobre propriedade que o PT tem. E o nazismo chegou ao poder pelo voto popular, assim como o partido comunista tcheco. Em ambos os casos, a quebra aos direitos constitucionais, o desprezo à liberdade individual e ao direito de propriedade vieram após assumirem o poder. Antes se travestiram e mentiram. Depois, mostraram a verdadeira face.

Entendo que Lula faz o mesmo ao adotar uma posição mais light, (traveste-se de lobo em pele de cordeiro) e, para isso, busca, a peso de ouro, a competência do ex-maquiador de Maluf para ocultar a verdadeira face do PT nacional. A mesma identidade do PT gaúcho e do PTNS. E nisso não estão sozinhos. Lamentavelmente, alguns membros do Judiciário e do Ministério Público têm sido aliados valiosos. Setores que trocaram a Constituição e a Lei pela ideologia e partidarização. Serviçais do interesse ideológico que colocam em risco a Democracia. Para desmascarar este discurso mentiroso é só lembrar como são os direitos nos países onde o PT busca inspiração (China, Cuba). Lá a prática é anti-democrática e contrária aos direitos de propriedade. O século XX é claro: o preço da liberdade é a eterna vigilância.


Colunistas

CARLOS BASTOS

Partidos precisam da "cola" na eleição
Os dirigentes dos diversos partidos que disputam o pleito de 6 de outubro estão convencidos da necessidade da disseminação entre os eleitores para que não haja um crescimento desmesurado de votos em branco.

Especialmente os candidatos nas eleições proporcionais estão preocupados com a falta de esclarecimento do eleitorado, e a consequência quase inevitável será que na urna os eleitores não preencherão os seis quesitos. O eleitor terá que votar para a Presidência da República, num candidato a governador, em dois candidatos ao Senado, e preencher um nome para a Câmara Federal e outro para a Assembléia. Os candidatos dos diversos partidos concordam com o presidente do TSE, o ministro Nelson Jobim, e com o presidente do TRE, Marco Antonio Barbosa Leal, que se batem pela necessidade de promover ao máximo a utilização da "cola" pelo eleitor no momento do voto. Daí os convênios que estão sendo feitos com a Assembléia e as Câmaras de Vereadores, como a da capital.

Diversas

No Brique da Redenção como se constatou no último domingo há um predomínio completo do PT. Registrou-se uma presença mínima dos demais candidatos ao governo, e de alguns candidatos proporcionais dos partidos oposicionistas.

O lançamento da candidatura do deputado Érico Ribeiro,que concorre à Câmara Federal foi um sucesso. No início da noite de domingo mais de 700 pessoas lotaram a sede social do Centro Português para prestigiar o deputado,que é uma marca da região. Estiveram presentes anunciando apoio integral ao colega os deputados José Farret, Otomar Vivian, Frederico Antunes, todos do PPB, além de Adilson Trocca (PSDB) e Manoel Maria (PTB).

Érico Ribeiro é candidato por mais de 40 municípios, e participaram do evento muitos prefeitos e vereadores, além do candidato a governador Celso Bernardi, de sua vice, Denise Kempf, e do candidato do PPB ao Senado, Hugo Mardini.

O ex-governador Jair Soares é candidato à Assembléia pela primeira vez. Além de governador, ele já foi ministro da Previdência, Secretário da Administração e da Saúde, deputado federal, e vereador em Porto Alegre. Só falta para completar seu currículo a Assembléia, o Senado e a prefeitura da Capital.

O PPB espera uma grande votação para Jair Soares em Porto Alegre e na região metropolitana para compensar a grande votação que sua nominata terá nas demais regiões do Estado.

O deputado Vieira da Cunha, presidente do diretório regional do PDT, enviou correspondência a todos os prefeitos do partido, que é natural que sejam recebidos por eles todos os candidatos a governador.

Vieira diz que a direção partidária se preocupa com a exploração política de tais encontros, a fim de que não seja prejudicada a candidatura da Frente Trabalhista, do vereador José Fortunati. A carta de Vieira conclui apelando pelo engajamento na candidatura de João Bosco Vaz ao Senado, e de Ciro Gomes à presidência da República.

Última
Assessoria de comunicação do candidato Antônio Britto, da aliança PPS-PFL, explica que não houve acerto com as assessorias dos demais candidatos no tocante à participação em debates em entidades de classe, como ocorreu com relação aos veículos de comunicação. Daí, o ex-governador estabeleceu como critério não participar em nenhum dos debates de entidades. O que aconteceu na Ajuris, ontem, vai se repetir nos demais debates promovidos por entidades.


Editorial

AS POUCAS OPÇÕES DO PRÓXIMO PRESIDENTE

Depois de um período que se pode classificar de "tradicional", durante o qual apenas se ouviram troca de acusações entre os candidatos, a campanha presidencial toma o rumo que o Brasil precisa e é fundamental para o ano de 2003 e subseqüentes. A ida de Armínio Fraga à Europa e, principalmente, a Wall Street, onde foi raposa e agiu no meio de outras raposas tão ou mais ladinas do que ele, desencadeou uma onda de contatos que podem ser altamente proveitosos aos rumos da economia brasileira. O presidente do Banco Central terá reuniões com os prepostos dos presidenciáveis na condução da política financeira do País, informando-se do panorama visto lá de fora, por parte dos investidores, dos bancos que têm linhas de crédito comercial, do FMI e das agências de risco, estas que têm infernizado a nossa vida. É uma prova de amadurecimento político e de organização do Brasil. Não se pode esquecer que existem políticas de governo e as de Estado, ou seja, aquelas que transcendem os presidentes que se sucedem no c argo em Brasília. Manutenção do superávit fiscal, da política cambial pelo BC e das metas de inflação não são programas deste ou daquele partido. Sua continuidade interessa ao Brasil. Informamos aqui que outras nações que tinham dívidas maiores que os nossos tão falados 56% do PIB removeram a dificuldade com persistentes superávits de até 6% do PIB, entre a arrecadação e as despesas públicas.

Por isso sabe-se que a margem de manobra do futuro presidente será muito pequena, pois as dificuldades financeiras avolumam-se, as necessidades dos pobres aumentam, todo o Imposto de Renda PF e PJ está sendo direcionado para auxílios a fundo perdido, mais de R$ 37 bilhões anuais, com bolsas de todo o tipo, salientando-se as para freqüência à escola e alimentação, mais o vale-gás. No entanto, os cortes feitos no Orçamento Geral da União estão derrubando a programação das Forças Armadas, por exemplo. Verbas do Orçamento Geral da União foram desviadas para reajustar os valores dos procedimentos médicos e hospitalares feitos pelo SUS, mesmo assim motivo de muitas reclamações, são considerados ainda baixos. O INSS tem rombo de R$ 16 bilhões este ano, pagando pouco, milhões que nunca contribuíram têm direito à total assistência à saúde e aposentadoria a partir dos 70 anos, enquanto na área pública, onde os servidores esbravejam contra o governo federal, as aposentadorias e pensões são melhores, na base de oito por um, déficit de R$ 38 bilhões. Portanto, não se enganem os candidatos nem se iluda o eleitor, qualquer um que vença a eleição terá um só caminho, fazer as reformas que ficaram pelo meio e gastar ainda menos, otimizando a arrecadação. Na área tributária, se a União quiser ficar com a CPMF, a Cofins e o PIS cumulativamente, se os Estados não abrirem mão de ICMS de 17% a 18% e se as prefeituras, altamente beneficiadas na Constituição de 1988, também não derrubarem o IPTU ou Issqn, tudo continuará igual. João Figueiredo disse, há 20 anos, que era preciso uma "economia de guerra nos gastos públicos" para que o Brasil se aprumasse. Pois continuamos iguais, discutindo se é importante pagar o que devemos, num dia, enquanto, no outro, vamos pedir dinheiro emprestado, não só Brasília, mas também governadores e prefeitos. Arrecadar menos IR mas sobre maior número de pessoas, endurecer com os sonegadores até o máximo legal, aumentar as exportações, substituir importações, reformar as aposentadorias públicas e os tributos e manter um folgado saldo positivo nas contas oficiais de 5% do PIB é o único caminho virtuoso que nos permitirá, em seguida, baixar os juros e retomar os investimentos. É o governo sensato para José Serra, Lula da Silva, Ciro Gomes ou Anthony Garotinho. Aliás, o único.


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07/16/2002


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