Viúva de motorista do governador esclarece compra de caminhonete



A viúva de Celso Rui de Almeida, conhecido como Padre, esclareceu hoje (1/11) à CPI da Segurança Pública como o metalúrgico e ex-motorista do governador Olívio Dutra adquiriu a caminhonete F-250, ano 1998. Conforme Maria Dolores Aurélio, que se apresentou espontaneamente para depor, o automóvel foi comprado com o dinheiro de uma indenização que, em 99, Celso Almeida recebeu da Coensa, empresa que trabalhou por quase 28 anos.

Munida de todos os documentos que comprovam o recebimento do dinheiro e a compra do veículo, Maria Dolores afirmou que fez questão de comparecer à CPI para acabar com as dúvidas e insinuações que a oposição ao governo estadual tem levantado sobre seu marido. “O comportamento destes parlamentares deixou minha família abalada e está causando danos à memória do meu marido. Estão caluniando uma pessoa já falecida que não tem como se defender”, observou a viúva.

Antes de iniciar o depoimento, uma forte polêmica envolveu o relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT) e os deputados Ivar Pavan e Ronaldo Zülke (PT). Vieira da Cunha alegou que como a depoente ocupa cargo de confiança no Executivo, não poderia prestar juramento e não seria ouvida na condição de testemunha. Pavan recusou o argumento do pedetista, justificando que outros membros do governo, entre eles o secretário substituto da Justiça e Segurança - já depuseram na CPI sem que este obstáculo tenha sido colocado. “O relator quis desqualificar a testemunha alterando procedimentos de praxe”, entende Ivar Pavan. Após ressaltar que ao elaborar seu relatório levará em consideração o fato desta e de outras testemunhas terem vínculo empregatício com o governo estadual, Vieira da Cunha aceitou o juramento.

Para o deputado Ronaldo Zülke, o depoimento Maria Dolores não deixou dúvidas sobre a origem dos recursos que foram usados para compra da caminhonete. “O veículo foi adquirido com o fruto do trabalho do nosso companheiro e não com dinheiro sujo, como insinua a oposição”.

O deputado Ivar Pavan pediu que a oposição deixe de explorar este caso. “Estão torturando esta senhora e sua família. Este espetáculo lamentável era desnecessário, bastava a CPI requisitar os documentos referentes à compra do veículo”.

CELSO RUI DE ALMEIDA, trabalhador metalúrgico, sindicalista e militante do Partido dos Trabalhadores era chamado carinhosamente pelos amigos de “Padre”. Faleceu em um acidente de automóvel dia 16 de maio de 2000. Recebeu duas indenizações na década de 90. Em 94, ganhou ação trabalhista e recebeu, em valores da época, CR$ 36.353,63. Usou esta quantia para devolver ao Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas o que recebeu em salários durante quatro anos e comprar uma caminhonete D 20 usada. Em 1997, vendeu a caminhonete D-20 e comprou uma F-1000, também usada. Em 27 de janeiro de 1999, rescindiu o contrato com a Coensa, recebendo indenização de R$ 36.173,10 (valor atualizado de R$ 52.020,00) Passou a trabalhar no Estado como motorista do governador Olívio Dutra. Em março de 99, deu entrada na caminhonete F-250, dando a antiga como entrada. O restante foi parcelado. O veículo custou R$ 39 mil.


11/01/2001


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