WALDECK: NORDESTE PRECISA DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA
O senador Waldeck Ornelas (PFL-BA) disse hoje (dia 3) que "o Nordeste não está preparado efetivamente para enfrentar os problemas" que poderão ser ocasionados pelo fenômeno meteorológico El Niño. A região, segundo o senador, necessita de uma infra-estrutura hídrica e de condições que possam garantir a safra agrícola, o emprego do trabalhador e a renda de sua população.
- Ficou claro que o Brasil tem o que há de melhor em termos de tecnologia para previsão meteorológica, mas não está fazendo uso adequado das informações - disse o senador, relator da Comissão Parlamentar Externa do Senado que busca medidas preventivas capazes de proteger as populações e as economias das regiões sujeitas aos efeitos do fenômeno El Niño.
Waldeck Ornelas disse que, pelas informações já obtidas, somente o estado de Santa Catarina tem preparados planos de defesa civil e uma visão do que precisa ser feito para prevenir os efeitos ou catastrófes que o El Niño poderá provocar na região Sul do país. "Já o Nordeste, pelo que ouvimos, só agora começa a discutir os reflexos do fenômeno", frisou.
- É lamentável que ninguéwm tenha falado dos problemas da agricultura da nossa região. A seca no Nordeste é problema social, que se reflete pela perda da safra. Temos que pensar numa política de desenvolvimento. Acho que vamos ter muita dificuldade na elaboração do relatório final que terei de apresentar, particularmente sobre minha região que apresentou uma visão tópica e não sistêmica - acrescentou Waldeck Ornelas.
Já o presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), após salientar que "os aparatos do governo são aptos para detectar as chuvas no Sul e a seca no Nordeste", afirmou que "precisamos é de verba e gestão". Requião disse que a comissão, no relatório final,"deverá propor medidas preventivas e mudanças no Orçamento" para que os estados e municípios tenham condições de enfrentar as possíveis consequëências do fenômeno.
De acordo com informações já em poder da comissão, no Brasil o El Niño poderá provocar forte seca no Nordeste e intensas chuvas no Sul do país. As regiões Sudeste e Centro-Oeste deverão ter períodos irregulares, principalmente com relação a chuvas, temperaturas do ar e umidade relativa.
A comissão encerrou hoje (dia 3) a fase de audiências públicas, ouvindo representantes do Nordeste. Além do ministro Fernando Catão, da Secretaria do Desenvolvimento Regional, do secretário de Estado de Pernambuco, Sérgio Machado Rezende, do presidente da Fundação Cearense de Meteorologia, Roberto Sérgio Farias de Souza, e do deputado Colbert Martins Filho (BA), participaram dos debates: Antônio Sérgio Camelo, da Conab; João Raposo, do Ibama; e os técnicos do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) Expedito Rebello, Francisco de Assis Diniz e José de Fátima da Silva.03/09/1997
Agência Senado
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