Zambiasi alerta para tragédia social provocada pelo 'crack'



Observando que ontem (7) foi comemorado o Dia Mundial da Saúde, o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) fez um alerta nesta quinta-feira (8) para a "tragédia social" que representa o crescimento do consumo de crack. A droga é uma mistura de cocaína impura com bicarbonato de sódio em forma de pequenas pedras, geralmente fumada. O nome deriva do verbo inglês "to crack" (quebrar, em português). Ao serem queimadas, as pedras produzem pequenos estalidos, como se estivessem quebrando.

Zambiasi destacou artigo do escritor gaúcho Moacyr Scliar, publicado pelo jornal Zero Hora. No artigo, Scliar salienta que o crack não é apenas uma droga, mas "o resultado de uma ilusão perigosa, associada ao uso de substâncias como o ópio, o haxixe, o tabaco". O escritor disse que evitar o consumo é um passo importante na solução do problema, que não passa apenas pela repressão.

- É preciso saber o que as pessoas buscam no crack, o que as motiva nessa busca. No caso dos jovens, trata-se em geral do desamparo, da falta de perspectivas. O dependente é o elo fraco na cadeia familiar e social, o elo que se rompe em função das tensões geradas na vida em comum - assinalou o escritor, recomendando que não se use "o estigmatizante termo 'drogado', que equivale a um veredicto".

Scliar prosseguiu explicando que a busca da droga pode uma gratificação fácil, de caráter basicamente infantil e, se os pais tiverem isso em mente, "procurarão, no contato com os filhos, na conversa franca e afetiva, proporcionar-lhes o apoio que desesperadamente buscam".

Zambiasi disse que é preciso proporcionar informação em abundância para que todos saibam o que é o crack e o mal que produz. Para ele, o enfrentamento do problema depende do fortalecimento de três ações fundamentais: repressão, prevenção e recuperação. Ele citou três projetos de lei de sua autoria que podem dar melhores condições ao poder público para intervir no problema.

Um deles já se tornou lei (12.219/10) e fortalece a prevenção ao permitir que a União celebre convênios diretamente com os municípios para prevenir o uso de drogas, além de possibilitar a atenção e reinserção social de usuários e dependentes. Os outros dois projetos ainda tramitam em comissões. O PLS 187/09 prevê o aumento da pena, até o dobro, para o tráfico de drogas mais danosas à saúde e o PLS 202/09 possibilita a revisão, de ofício, da decisão do perito médico da Previdência Social, que opinar pela cessação do benefício do auxílio-doença, antes do término do tratamento.

- O tratamento de um dependente químico é muito delicado. O processo de desintoxicação leva tempo e não se adéqua aos prazos tradicionais de concessão do auxílio-doença. O que ocorre, na prática, é que o beneficiário da Previdência Social, ao se submeter ao tratamento de dependência química, muitas vezes tem o seu tratamento bruscamente interrompido, pois a avaliação do perito conclui que ele está apto a voltar ao trabalho - observou.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse, em aparte, que o vício em drogas é um problema de saúde pública. Ele assinalou que o crack é a droga do momento, com efeitos rápidos e devastadores, mas não existe droga ou traficante inocente e todas as drogas fazem mal.

- O usuário, que é a vítima desse processo, merece ter a informação, a educação sobre a questão. E isso não é um trabalho só da escola. É da família, das igrejas e de outras instituições. Quanto ao tratamento, é evidente que há de se investir mais - afirmou.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que é preciso começar a tratar os traficantes com o mesmo rigor destinado aos pedófilos. Ele disse que há um ódio contra a pedofilia, mas não há o mesmo ódio contra aqueles que destroem a vida de um jovem através da droga. A solução, assinalou o senador, está nos dois milhões de professores, que se forem respeitados e bem formados, podem ser a solução para este problema.

O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse que todos devem estar dispostos a participar de uma cruzada contra as drogas, especialmente o crack. Ele citou reportagens sobre o consumo da droga por crianças de Brasília e como um usuário descreveu sua experiência com o crack, que o viciou no primeiro trago.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que seus filhos cresceram depois da proibição da propaganda de cigarros e, talvez por isso, não tenham aprendido a fumar. Mesquita criticou o cinismo com que representantes das cervejarias, em audiência pública na Comissão de Educação (CE), disseram que a propaganda não induz ao consumo, atuando apenas na concorrência entre os fabricantes.



08/04/2010

Agência Senado


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