Absolvido, Renan mantém a luta contra os outros processos



Absolvido no processo em que era acusado de utilizar-se do lobista de uma empreiteira para pagar a pensão alimentícia da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, deixou o Plenário recebendo abraços de parlamentares e funcionários do seu gabinete e provando que tinha razão quando saiu de casa exibindo otimismo na manhã dessa quarta-feira (12).

Esse mesmo otimismo tem levado Renan a dizer que será absolvido também nos outros processos instaurados contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Ao longo das denúncias, que se iniciaram com uma primeira matéria da revista Veja, publicada em 25 de maio, afirmando que ele pagava despesas pessoais usando favores de um lobista, Renan tem dito que é homem forjado na luta e que jamais abandonou uma batalha.

Foi lutando politicamente que ele passou os últimos quatro meses, período marcado por seus esforços para convencer os senadores que iam julgá-lo de que os ilícitos que lhe atribuíam consistiam numa questão exclusiva de Vara de Família e não numa crise político-institucional capaz de abalar a imagem do Senado. Este foi um período que, mais de uma vez, Renan definiu como "calvário". Na defesa que ele fez em Plenário, nesta quarta-feira (12), voltou a dizer que a crise era artificial, fabricada pela imprensa.

A absolvição pelo Plenário do Senado foi a mais importante batalha já ganha por Renan em sua carreira política. Foi também a segunda batalha do seu período à frente da Presidência do Senado. Renan passou os primeiros dois anos de sua administração domando a crise, também centrada em denúncias de corrupção, que marcou 2005 e 2006 para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o período em que o Senado enfrentou três comissões parlamentares de inquérito investigando o governo, sempre com Renan sustentando que a crise não enfraquecia a democracia nem o presidente Lula.

Iniciado seu segundo biênio (2007-2008) à frente do Legislativo, exatamente quando a crise envolvendo Lula saíra do Senado, Renan passou a enfrentar sua própria crise. Primeiro, foi a acusação de pagar a pensão de uma filha com os favores de um lobista. Absolvido dessa acusação, cuja processo vai agora para os arquivos do Senado, ele está consciente de que a luta continua. Faltam agora dois processos.

O PSOL, o mesmo partido que ajuizou a primeira representação, é autor do segundo processo sujeito a exame no Conselho de Ética. É a denúncia, também de Veja, segundo a qual Renan teria atuado em favor da Schincariol junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e à Receita Federal, o que teria possibilitado a seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) vender uma fábrica de refrigerantes por R$ 27 milhões para aquela cervejaria.

Uma terceira denúncia contra Renan, mais uma vez da autoria de Veja, é a de que ele teria usado laranjas para fazer uma sociedade secreta com o usineiro João Lyra e comprar uma emissora de rádio e um jornal em Alagoas. Segundo o usineiro, Renan teria investido R$ 1,3 milhão no negócio, parte paga em reais, parte em dólares. Essa terceira reportagem gerou uma representação ajuizada pelo DEM e pelo PSDB e ainda falta ir a julgamento.

Além desses processos, há mais uma representação do PSOL, ainda não aceita pela Mesa do Senado. Baseia-se em nova matéria de Veja que, a partir de informações de Bruno Miranda, afirma que o presidente do Senado participou de suposto esquema de arrecadação de propinas em ministérios comandados por peemedebistas. Renan diz que nada teme.

Ao longo de toda essa crise, ele dedicou-se a despachar no gabinete, empenhado em transmitir para a opinião pública que o Legislativo trabalhava normalmente e que não havia crise. Ao chegar diariamente ao Senado e ser cercado por jornalistas, repetia sempre que era inocente e vítima de uma crise artificial. Em sua defesa, dizia que, em 180 anos de história do Senado, jamais um senador passou pela situação por ele enfrentada. Durante esses quatro meses, tem repetido o seguinte:

- Só quem não me conhece acha que vou deixar o cargo. Sou homem de luta, forjado na luta. A palavra renúncia não existe no meu dicionário.



12/09/2007

Agência Senado


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