ACM, Arruda e Regina reafirmam depoimentos



Numa reunião de acareação que durou 7 horas, os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF) e a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges sustentaram, nesta quinta-feira (dia 3), as versões que já haviam apresentado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar sobre a violação do painel de votações secretas do plenário. O relator, Roberto Saturnino (PSB-RJ), afirmou que saía da acareação sem que fossem esclarecidas três contradições importantes entre os depoentes e anunciou que entregará seu parecer na quinta-feira (dia 10).

O presidente do Conselho, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), afirmou que considerava as investigações encerradas e que haverá no início da próxima semana uma reunião administrativa apenas para decidir sobre vários requerimentos não votados. Ele quis colocá-los em votação nesta quinta (dia 3), mas o senador Waldeck Ornelas (PFL-BA) discordou e pediu verificação de quorum - não havia parlamentares em número suficiente, já no encerramento da acareação.

Antonio Carlos voltou a garantir que não autorizou, "nem direta e nem indiretamente", o senador José Roberto Arruda a pedir uma lista com os votos da sessão que cassou o senador Luiz Estevão, em 28 de junho do ano passado. Arruda, por sua vez, reafirmou que apenas consultou Regina Borges sobre a possibilidade de se conhecerem os votos, mas foi autorizado por Antonio Carlos a conversar com a ex-diretora do Prodasen. Já Regina Borges repetiu que recebeu "uma determinação" de Arruda para conseguir a lista "e ele dizia falar em nome de Antonio Carlos Magalhães".

Transmitida ao vivo por emissoras de rádio e televisão, a reunião transcorreu em clima ameno e o momento mais tenso surgiu com as indagações do senador Jefferson Péres (PDT-AM). "Vamos deixar de eufemismo. Se os dois senadores sustentam suas versões, um está mentindo", assinalou. O relator, Roberto Saturnino, disse "ser difícil" acreditar na versão do senador José Roberto Arruda de que apenas solicitara a lista. Outra contradição se refere à declaração de Regina Borges de que telefonou para o celular de Arruda por volta das 10h do dia 28, quando teria informado ao senador que a listagem iria ser retirada após a sessão de cassação (que terminou às 16h).

Antonio Carlos Magalhães, que voltou a fazer elogios à competência da ex-diretora Regina Borges, assumiu a responsabilidade pela omissão de não ter adotado providências ao tomar conhecimento, por Arruda, da lista. "Agi assim para preservar o Senado e para evitar que houvesse qualquer risco de se anular a cassação de Luiz Estevão", repetiu. Já o senador José Roberto Arruda, que admitiu ter levado a lista a Antonio Carlos e comentado com ele os votos que lá apareciam, pediu aos senadores que o julgassem levando em consideração "a gravidade da irregularidade", observando que não roubou, não matou e nem corrompeu.

No final, Arruda leu uma mensagem eletrônica recebida dos advogados Valdir Campos Lima e Carlúcio Campos Coelho, de Brasília, na qual eles faziam sugestões sobre como agir no episódio, inclusive que ficasse do lado de Regina Borges, contasse a verdade e fizesse um acordo com o PFL para preservar Antonio Carlos. Dois dias depois, acrescentou, um de seus assessores foi conversar com os advogados e, para surpresa, estava no mesmo escritório um advogado filho de Regina Borges. Regina informou que Carlúcio é amigo de sua família, mas que não se aconselhou com ele.

03/05/2001

Agência Senado


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