ACM renuncia falando sobre volta ao Senado



No discurso de renúncia que fará nesta quarta-feira (dia 30), o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) abordará sua intenção de voltar à Casa para um novo mandato. Foi o que ele próprio declarou nesta terça-feira (dia 29), em entrevista coletiva concedida no final da tarde em seu gabinete. Ele disse não temer que a opinião pública interprete sua renúncia como uma confissão de culpa, pois pretende mostrar que está sendo julgado por quem não teria condições de fazê-lo.

- A decisão já está tomada, o que não quer dizer que não possa ser mudada - disse Antonio Carlos, referindo-se à provável candidatura ao Senado nas eleições do ano que vem e descartando a idéia de concorrer ao governo da Bahia.

O senador não quis antecipar o que dirá em relação ao governo, ao presidente Fernando Henrique e a colegas aos quais tem dirigido críticas. Horas antes da entrevista coletiva, ao chegar ao Senado, Antonio Carlos avisara que iria "dizer toda a verdade", o que gerou especulações sobre a possibilidade de ele fazer ataques ao governo e apresentar novas denúncias de corrupção e irregularidades.

- Não vou fazer ataques gratuitos - disse o ex-presidente.

Conforme o senador Paulo Souto (PFL-BA), um de seus mais próximos aliados, Antonio Carlos permanecerá fiel ao seu estilo, mas, em entrevista à Rádio Senado, o senador Hugo Napoleão (PFL-PI) disse que aconselharia Antonio Carlos a não atacar o governo. O fato é que o senador baiano participará esta noite de reunião com parlamentares do PFL para discutir o conteúdo de seu pronunciamento, marcado para as 15h30.

Na entrevista coletiva, Antonio Carlos mesclou críticas diretas ao governo, como a de que houve negligência no caso da energia elétrica, com ironias dirigidas ao presidente Fernando Henrique. "Por que o meu discurso deveria preocupar o presidente?" - indagou. "Ele não se preocupa com nada", acrescentou. Sobre se Fernando Henrique teve acesso à lista, Antonio Carlos fez suspense e mais de uma vez lembrou que "tudo é possível".

Segundo o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), os parlamentares do partido ocuparão a tribuna para responder a eventuais críticas de Antonio Carlos e fazer reparos a observações consideradas incorretas. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR), garantiu que o governo não está preocupado com o discurso e que poderá rebater acusações injustas da parte de Antonio Carlos.

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Ramez Tebet (PMDB-MS), que, segundo Antonio Carlos, teria votado contra a cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), será "lembrado" no discurso de renúncia, "mas não citado nominalmente". O ex-presidente do Senado mantém a versão de que rasgou a lista dos votos na sessão secreta em que Estevão foi cassado, mas diz que se lembra de quem votou contra e quem votou a favor. Ele prometeu não fazer novas afirmações sobre como votaram os 80 senadores além de Estevão, para não correr o risco de ser traído pela memória, que considera boa. Também para não ser injusto, evitou fazer afirmação sobre se o líder do Bloco Oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), teve acesso à lista .

A possibilidade de que Antonio Carlos apresente-se como vítima de um complô e como sendo o único senador ético foi condenada por Dutra. Na opinião dele, depois de ter mentido sobre a destruição da lista secreta, o ex-presidente do Senado perdeu a credibilidade. O líder do Bloco disse preferir que entrem com representação contra ele no Conselho de Ética, já que assim se defenderia da acusação formal de que leu a lista. Ele se recusa a defender-se de "fofocas". O senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) afirmou desconhecer qualquer proposta de representação do PFL contra Dutra no Conselho de Ética.

- Se uma tal representação fosse apresentada eu não a assinaria e ainda deixaria o partido - declarou Eduardo Siqueira Campos.

29/05/2001

Agência Senado


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