Ademir considera paradoxais as votações no Parlamento



Ao comentar a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) lamentou que os deputados e senadores tenham abdicado de seu poder de discutir a essência das propostas do governo. "Foi uma absoluta falta de responsabilidade aceitar que o governo reservasse R$ 31,5 bilhões para pagamento de juros, ao invés de destinar essa soma para projetos em proveito da população", disse.

Ele comparou essa cifra com os R$ 4 bilhões anuais que o Congresso aprovou para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, considerando um paradoxo que as duas votações tenham se dado na mesma quarta-feira (dia 27). "O Congresso foge de seus deveres de atender à população e vota os projetos do jeitinho que a equipe econômica do governo ordena", afirmou.

Ademir lembrou que as pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostraram haver no Brasil 53 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, dos quais 22 milhões sobrevivem com menos de R$ 2 por dia. Segundo o Ipea, bastariam R$ 33 bilhões, gastos num ano, para mudar radicalmente esse quadro. "Por que destinar o superávit orçamentário para pagamento de juros e não para acabar com a pobreza?", perguntou.

Para o representante do Pará, até mesmo esses R$ 4 bilhões do fundo não serão usados para minorar a pobreza. Ele disse que o orçamento já destina recursos para projetos de erradicação de doenças, distribuição de cestas básicas e construção de casas populares, por exemplo. O governo vai deslocar essas verbas para figurar como rubricas do fundo e usará os R$ 4 bilhões como quiser, como fez com os recursos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) que deveriam ter aumentado os recursos destinados à saúde e não foram usados com esse objetivo, comentou.

Ademir Andrade afirmou que, para um país ser civilizado, precisa de um Parlamento forte para determinar como o Executivo deve gerir o montante dos impostos que arrecada. "No Brasil, ao contrário, os parlamentares se submetem ao Executivo, obedecem às suas ordens porque precisam dele para obter cargos e favores, para sobreviver e se reeleger", comparou.

28/06/2001

Agência Senado


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