Ademir: política econômica acertada com FMI vai quebrar o país



A falta de energia elétrica e o sucateamento das estradas do país são indicadores de como a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso, conduzida pelo ministro Pedro Malan, "está colocando o país à beira da falência", alertou nesta segunda-feira (dia 11) o senador Ademir Andrade (PSB-PA). Ele atribuiu ao acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em 1999 - e à prioridade colocada na geração de superávits primários e ao pagamento de uma dívida pública que só aumenta - as restrições impostas aos investimentos governamentais nas mais mínimas necessidades do país, como a energia e as rodovias.

Ademir mencionou que, à semelhança de outros representantes da oposição, já apontou muitas vezes os malefícios do acordo firmado com o FMI, alertas que sempre foram tidos como "sem base" pelo governo. Agora, frente à crise de energia, o próprio governo pede - "para não dizer implora", conforme o senador - ao FMI que os investimentos das estatais não sejam considerados despesas correntes do setor público e não tenham, assim, impacto sobre o resultado primário. "Não temos liberdade de gastar como queremos aquilo que arrecadamos da sociedade brasileira", constatou.

Para o senador, esse quadro poderia ser revertido com a instalação da CPI da Corrupção que, na sua opinião, o governo tanto teme. A preocupação com os desdobramentos das investigações envolvendo o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes e o esforço com que mobiliza a base governista contra a quebra do sigilo do ex-secretário da Presidência Eduardo Jorge Caldas seriam, segundo Ademir, indicadores desse temor. Mas, "quem sabe a CPI pudesse levar a uma mudança da política econômica", além de desmascarar "os grandes ladrões, os grandes desvios e os grandes erros no processo de privatização", disse.

Ademir Andrade disse que o aumento da dívida pública para mais de 50% do PIB e a perspectiva de que aumente ainda mais exigem tal mudança. Nos últimos doze meses, ressaltou o senador, o governo gerou um superávit primário de R$ 44 bilhões, aos quais se somaram R$ 56 bilhões de mais dívida, para cobrir R$ 100,2 bilhões pagos em juros da dívida pública interna.

O efeito desses números pode, conforme Ademir, ser verificado em relatório do Sistema Integrado de Acompanhamento Financeiro (Siafi) publicado pelo jornal O Globo, no último domingo: dos R$ 5,2 bilhões em recursos previstos no orçamento da União para infra-estrutura, foram liberados apenas 3,31%, ou seja, R$ 172,9 milhões.

- Está mais do que claro por que não foram feitos os investimentos necessários ao desenvolvimento do país, como estradas, usinas de energia etc. Se hoje não existe energia é devido a isso - insistiu.

11/06/2001

Agência Senado


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