Adiamento da decisão no Conselho de Ética agrada senadores



O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) afirmou nesta sexta-feira (15) estar satisfeito com a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de realizar perícia na documentação enviada pela defesa de Renan Calheiros ao órgão, em decorrência de denúncia publicada pela revista Veja, segundo a qual as despesas pessoais do presidente do Senado seriam pagas por um funcionário da empreiteira Mendes Júnior, Cláudio Gontijo.

- Com isso vamos ter condições de fazer um exame mais acurado e tomar uma decisão com mais consistência, sem deixar nenhuma dúvida em relação ao comportamento do Conselho de Ética - disse Perillo em entrevista à imprensa após a reunião do conselho, que também decidiu tomar, na próxima semana, o depoimento de Gontijo, que já depôs na Corregedoria do Senado, e, possivelmente, do advogado da jornalista Mônica Veloso.

Perillo classificou a decisão como uma vitória do Senado, por entender que não podem restar dúvidas da sociedade em relação aos integrantes do Conselho de Ética. Na quarta-feira (13), o relator da representação do PSOL no conselho, o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), apresentou voto pelo arquivamento da matéria, sob a alegação de não havia provas contra Renan Calheiros.

- Quem acompanhou hoje a discussão deve ter chegado à conclusão de que o que prevaleceu aqui foi o desejo de que esse procedimento investigatório possa ser concluído, obedecidas todas as normas processuais, a fim de que não paire dúvida sobre a legitimidade do conselho e da decisão a ser tomada na semana que vem -afirmou.

Já o senador Renato Casagrande (PSB-ES) acredita que o fato de Cafeteira ter dito que não modificará o relatório já apresentado ao conselho de Ética não prejudica a votação da matéria.

- Acho que o que resolve é a perícia que será feita nos documentos e o tempo que foi dado para realizar essa perícia. Se [a perícia] explicar contabilmente a documentação da comercialização de gado, isso será um ponto positivo da defesa de Renan, mas se identificar qualquer documento falso, será um ponto negativo e o relator não terá condições de manter uma posição tão radical como manteve hoje [sexta-feira] - disse Casagrande, para quem Renan continuará a manter condições políticas e morais de presidir o Senado, "sem seqüelas", caso consiga prestar as explicações necessárias aos demais senadores.

Para o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que mais uma vez disse estar decepcionadocom a vida pública - "no dia-a-dia, o desencanto só aumenta" - a análise da representação contra Renan no Conselho de Ética deveria durar "30, 60 ou quantos dias fossem necessários".

- Não foi observado o devido processo legal. Esse processo deveria ter transcorrido sem nenhuma pressa, com a oitiva de todos as testemunhas e o periciamento de todos os documentos necessários. Só assim ele teria legitimidade - disse Jefferson Péres.

Para o senador Arthur Virgilio (PSDB-AM), a perícia irá definir "o voto consciente, a favor ou contra Renan Calheiros".

- Não vou especular. Espero que tenhamos a verdade mais cristalina. Espero que a perícia seja eficaz e os depoimentos esclareçam - afirmou.

A realização da perícia e a tomada dos depoimentos também foi saudada pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

- Decidiram fazer aquilo que nos queríamos desde sempre, ou seja, ouvir testemunhas e periciar os documentos. Esperamos que a perícia seja feita da maneira mais adequada para que possamos saber se os documentos são autênticos ou não. A saída honrosa depende da autenticidade dos documentos. Se mentiu para a Casa, a quebra de decoro é absolutamente comprovada - assinalou.



15/06/2007

Agência Senado


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