Decisão do Conselho de Ética divide PT
O arquivamento das ações contra o presidente do Senado, José Sarney, confirmado nesta quarta-feira (19) pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa, dividiu o PT. O senador Aloizio Mercadante (SP) chegou a colocar seu cargo de líder do partido à disposição, após discordar da orientação do presidente da legenda, Ricardo Berzoini, para que a bancada votasse a favor do arquivamento. Já o senador Delcídio Amaral (MS) criticou Mercadante, argumentando que o líder do PT, ao não seguir a orientação da Executiva do partido, "não cumpriu o que havia sido combinado e deixou seus colegas desamparados".
Em entrevista à imprensa logo após reunião da bancada do partido, Mercadante declarou que "a decisão da Executiva Nacional do PT impôs uma disciplina partidária que, seguramente, não foi o melhor caminho para a bancada nem para o Senado". Ele frisou ainda que a sua postura, ao defender investigações a partir das denúncias contra Sarney, "expressa o sentimento majoritário da bancada do PT no Senado".
- Minha vontade era sair da liderança, mas não quero contribuir para agravar a crise no partido - disse Mercadante, rodeado de outros seis senadores da bancada.
Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Tião Viana (PT-AC) manifestaram apoio à permanência de Mercadante na liderança, "em nome de todos os senadores presentes": além deles, Augusto Botelho (RR), João Pedro (AM),Paulo Paim (RS) e Serys Slhessarenko (MT).
Delcídio Amaral, por sua vez, afirmou que Mercadante não respeitou o acordo pelo qual o próprio líder da bancada leria a nota de Berzoini em que este recomendou o voto pelo arquivamento. Delcídio disse assumir a disposição de seguir a decisão do PT. Ao seguir a orientação de Berzoni, Delcídio afirmou endossar "uma posição coletiva, que segue as orientações da Executiva do PT e do presidente nacional da legenda".
- Quando a gente combina e encaminha uma posição coletiva, todas as falas têm de ser coletivas - declarou ele, acrescentando que "integrar a base do governo resulta em bônus e ônus".
Sarney
Ao avaliar a divisão dentro de seu partido, Mercadante afirmou que "a crise da bancada do PT e a do próprio Senado é de responsabilidade do senador José Sarney, que, se tivesse optado por um gesto de grandeza, teria se licenciado para preservar a instituição e permitir as investigações".
- Estamos pagando um preço muito caro, inclusive com a saída da senadora Marina Silva [AC] e a possível saída do senador Flávio Arns [PR] - disse ele.
Ricardo Koiti Koshimizu / Agência Senado
19/08/2009
Agência Senado
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