Advogado afirma que passe de Bebeto não foi pago no Brasil



O advogado Levi Lafetá, conselheiro do Clube de Regatas Vasco da Gama, disse, no segundo depoimento prestado à CPI do futebol nesta quarta-feira (dia 21), que o pagamento do passe do jogador Bebeto - vendido ao clube espanhol La Coruña - foi feito integralmente na Espanha, contrariando orientação do Banco Central do Brasil. Segundo ele, o ex-presidente do Vasco, Antonio Soares Calçada, mentiu ao dizer ter colocado na contabilidade do clube os 50% do valor do passe de Bebeto pertencentes à agremiação.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) indagou se o empresário José Morais era o procurador de Bebeto na negociação com o clube espanhol. Lafetá - que é também advogado de Bebeto - respondeu que o empresário não poderia ser o procurador, por ser dono de 20% do passe do jogador. Os 30% restantes, segundo o advogado, pertenciam ao próprio jogador. Lafetá levou depoimento de Calçada, prestado na 10ª Vara Cível da Justiça do Rio de Janeiro, no qual ele afirma que todo o dinheiro foi pago no exterior.

- Não tenho conhecimento de que o Vasco da Gama tenha conta no estrangeiro, mas sei que Calçada é muito benquisto em Portugal e tem lá seus investimentos - afirmou, em resposta ao relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC). Lafetá questionou o valor oficial do passe de Bebeto, de US$ 1,25 milhões. Segundo ele, o valor real foi de US$ 2,5 milhões.

O advogado disse que tinha procuração para vender o jogador. Ele afirmou ter delegado poderes a um agente da Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) que o vendeu ao clube alemão Borussia Dortmund. Mas, de acordo com Lafetá, o então vice-presidente do clube, o atual presidente Eurico Miranda, tomou conta do processo e o afastou da negociação.

Lafetá levou à CPI a gravação de uma conversa telefônica que travou com o advogado José Leopoldo Félix de Souza, que assessorou Eurico Miranda na venda de Bebeto. Na conversa, José Leopoldo afirma que o empresário José Morais ganhou US$ 500 mil na negociação, cabendo ainda ao ex-presidente do Flamengo, José Helal, outros US$ 100 mil. A gravação foi entregue à CPI.

O relator da CPI quis saber ainda quais as pessoas mais envolvidas com a administração de Eurico Miranda no Vasco. Lafetá citou, além de José Leopoldo, o presidente da Assembléia Geral do clube, João da Silva, e os dirigentes Geraldo Teixeira e João Carlos Ferreira.

- O Eurico Miranda é a vaca louca do Vasco da Gama. Ele não é uma pessoa inteligente: é bem mandado - afirmou o advogado.

21/02/2001

Agência Senado


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