Aécio é eleito o mais influente









Aécio é eleito o mais influente
Os cem congressistas eleitos pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) como os mais influentes no Congresso colocaram o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), no topo da lista de dez nomes da elite que comanda o Poder Legislativo. Entre os escolhidos está apenas um senador, o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), em décimo lugar. Apesar de formar a maior bancada na Câmara, o PFL conta apenas com o líder, Inocêncio Oliveira (PE), em segundo.


Depoentes negam ter falado sobre propina com médico
Gilberto Carvalho e Miriam Belchior confirmam encontro

O ex-secretário de Governo de Santo André Gilberto Carvalho e a ex-mulher do prefeito assassinado da cidade, Celso Daniel, Miriam Belchior, negaram ontem que tenham falado em propina em qualquer encontro que confirmaram terem tido com o irmão do prefeito, o oftalmologista João Francisco Daniel, depois de seu assassinato, em janeiro.

"Tive contatos com João Francisco, sempre demandados por ele, em vista de interesses pessoais dele", afirmou Gilberto. Ele e Miriam afirmaram que um desses interesses era fazer lobby para a empresa Expresso Guarará.

Gilberto e Miriam disseram que tiveram testemunhas em algumas conversas. Ambos disseram que não revelariam os nomes- que seriam da família do médico- para não "expor ninguém".

Os dois fizeram as afirmações ontem durante depoimentos separados na CPI da Câmara Municipal de Santo André criada para investigar um suposto esquema de propina na cidade para financiar campanhas políticas do PT.

À tarde, depuseram Teresinha Fernandes Soares Pinto e o deputado Duílio Pisaneschi (PTB-SP).

No depoimento de João Francisco ao Ministério Público, no dia 24 de maio, ele disse que Miriam teria lhe dito que havia um esquema de propina na cidade para financiar campanhas.

Gilberto, segundo João Francisco, teria dito que essa propina, certa vez no valor de R$ 1,2 milhão, foi entregue por um funcionário da prefeitura ao presidente do PT, deputado José Dirceu.

À época, Dirceu negou, e Gilberto e Miriam divulgaram nota desmentindo as afirmações do irmão do prefeito assassinado.

Ao Ministério Público, o médico disse que teria testemunhas das conversas. Uma suposta testemunha conversou na terça-feira com a reportagem da Folha, sem se identificar, por telefone, no consultório do médico.

O médico afirmou que não iria revelar seu nome ou das outras testemunhas para garantir-lhes segurança, aconselhado pelos promotores, que ontem confirmaram a informação.

Choro
Gilberto, que hoje é chefe de gabinete da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chorou durante o depoimento. Depois disse: "A única riqueza que tenho são meus filhos e minha honra. A exploração da imprensa nesse caso é absurda".

De braços cruzados durante quase todo seu depoimento de uma hora, Gilberto levou "cola" com o número de encontros que teria tido com João Francisco- assim como Míriam, que também recorria a anotações. Negou todas as afirmações de João Francisco e disse não querer ser "leviano" para tecer opinião sobre o porquê das acusações do médico.

Na CPI, ele havia falado, no início do depoimento, que os cinco encontros que teve com João Francisco foram todos a pedido do médico e na casa dele. "Ele demandava benefícios", afirmou.

Logo depois, disse que, dos cinco encontros, dois foram a pedidos de outras pessoas. Um foi a pedido de Celso Daniel, para tratar de uma remessa de dólares feita pelo médico para o exterior que estaria sendo "usada politicamente para atingir o prefeito", na casa do médico.

Outro, foi a pedido do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), para explicar ao médico os trâmites das investigações sobre a morte do prefeito, na casa do deputado. Segundo Gilberto, ele e o médico se desentenderam e desde então não mais se falaram.

Segundo Gilberto, no dia 7 de fevereiro única data citada", ele teria dado uma carona a João Francisco para depor no DHPP. Os dois estavam sozinhos, de acordo com Gilberto. Em outro encontro, na casa de João Francisco, segundo Gilberto, eles conversaram sobre a Expresso Guarará, empresa de Rosangela Gabrilli, que acusa a prefeitura de lhe cobrar propina. Nesse encontro, teriam "ido e vindo pela sala, servindo café", pessoas da família. "João Francisco pediu que eu intercedesse para resolver um problema da empresa", afirmou.

Entregou à CPI papéis com o pedido de ajuda à Expresso Guarará, com notas manuscritas ao lado, segundo Gilberto, "provavelmente" por João Francisco. "Não tenho prova de exame grafológico", disse depois, em entrevista. Em mais um encontro, segundo Gilberto, o médico lhe procurou para pedir que sua filha, Ana Cristina, fosse habilitada a fazer exames oftalmológicos pelo Ciretran e "para fechar o mercado". "Intervi, o delegado concedeu o credenciamento, mas não a reserva de mercado."

Miriam
Miriam Belchior, atual secretária de Inclusão Social e Habitação de Santo André, afirmou que, assim como o ex-marido Celso Daniel, teve poucos contatos com o cunhado João Francisco. "Eles não era chegados." Depois da morte de Celso Daniel, ela foi a um encontro pedido por João Francisco na casa dele. Segundo ela, uma testemunha, "alguém da família" assistiu à conversa.

"Me espantei: ele começou a falar nas dúvidas que tem que o assassinato do irmão não foi crime comum. Mas logo depois começou a falar em pedir ajuda para a Expresso Guarará, que estava com problemas". No depoimento e depois em coletiva, Miriam frisou que o médico era o único dos três irmãos de Celso Daniel que não é filiado ao PT. "Que eu saiba, não é filiado a nenhum [partido], mas tem ligação próxima com um tio que é do PTB."


Prefeito de Jacareí compra livro do MST para ser usado em escola pública
A Prefeitura de Jacareí vai distribuir 160 exemplares do livro "A História da Luta pela Terra e o MST" para as 55 escolas da rede municipal de ensino.

O livro, de 256 páginas, retrata, em textos e ilustrações, a trajetória do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no país. Os exemplares foram adquiridos pela Secretaria de Educação por cerca de R$ 2.400 e irão para as bibliotecas das escolas municipais.

A obra é dividida em quatro partes, que abordam os aspectos históricos e sociais que envolvem as questões relacionadas à divisão de terras no mundo.

A primeira parte traça um histórico das tentativas de reforma agrária implantadas no mundo. No segundo capítulo, o livro retrata as questões agrárias do Brasil, desde o descobrimento.

A terceira parte do livro conta a história do MST, seus objetivos, conquistas e repressão enfrentada pelo integrantes do grupo durante o regime militar.

O livro termina com uma apresentação dos projetos sociais, culturais e ambientais defendidos pelo MST.
De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, os livros serão distribuídos para as bibliotecas nos próximos dias.

O prefeito de Jacareí, Marco Aurélio de Souza (PT), não foi encontrado ontem pela Folha para fazer comentários sobre a aquisição dos livros.


Itamar articula contra apoio de Newton a Lula
O governador mineiro, Itamar Franco (sem partido), demonstrou descontentamento com o apoio do vice-governador Newton Cardoso, candidato ao governo de Minas pelo PMDB, ao presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Itamar, que também apóia Lula, está na linha de frente contra Newton. Fará de tudo para que ele continue isolado na disputa estadual. Itamar pressiona o PT-MG, apesar de a aproximação com Newton ter sido articulada pelo vice na chapa de Lula, o senador José Alencar (PL-MG).

Tão logo Newton anunciou o apoio, anteontem, Itama r mandou que sua assessoria divulgasse a seguinte informação: "O governador solicitou ao PT, através do Prefeito de Belo Horizonte [Fernando Pimentel], informações sobre as gestões políticas do partido em Minas Gerais".


Presidente diz que só faz campanha de Serra na TV
O presidente Fernando Henrique Cardoso não vai subir ao palanque de seu candidato nem participar de atos de rua, conforme ele próprio afirmou ontem: "Como cidadão, eu tenho candidato, que é o José Serra, do PSDB. Vou participar da maneira correta, através da televisão etc, mas não acho que seja próprio que o presidente vá fazer campanha na rua", disse FHC ao chegar ontem às 19h47 a uma gelada Buenos Aires.
O presidente participará da 22ª reunião de cúpula do Mercosul, no momento em que o bloco enfrenta a maior crise de seus 11 anos de história. Mas, exercitando o que ele próprio define como "incorrigível otimismo", FHC passou ao largo das perguntas sobre as dificuldades do bloco.

Chegou até a contradizer Serra, que, em entrevista à revista "Época", defendeu a volta do Mercosul ao estágio de zona de livre comércio, deixando portanto de ser união aduaneira, como é hoje.

"Não creio que seja necessário pensar em retrocesso. Temos que pensar em avanço", disse.

Se o Mercosul retroceder à condição de zona de livre comércio, os países que o compõem deixam de aplicar uma tarifa de importação comum para mercadorias de países não-membros e podem, por extensão, negociar acordos comerciais com outros países, sem levar junto os parceiros.

Mas FHC reiterou a prioridade de seu governo, que sempre foi a consolidação do bloco. "É preciso crer no Mercosul, não somente como uma questão eventual, mas olhando-o como força histórica."

O presidente não fez concessão ao pessimismo nem mesmo quando confrontado com o fato de que os quatro países do bloco enfrentam dificuldades econômicas. Até exagerou: "Neste momento, quem vai mal não somos só nós, não. É o mundo".

FHC lembrou que "as dificuldades da economia norte-americana são visíveis também", para perguntar e ele próprio responder: "Isso quer dizer que os EUA vão deixar de ter um papel predominante no mundo? Não. Assim é com o Mercosul também".

Para reforçar a sua tese de que o Mercosul não é um projeto conjuntural, FHC lembrou que, no dia 23, haverá uma nova reunião com a União Européia, para tentar avançar na construção de uma zona de livre comércio com eles.

A crise argentina, em especial, tem paralisado a negociação com os europeus, mas FHC antecipa: "Nós vamos fazer propostas concretas". Como parecia otimismo demais, emendou: "Vocês sabem que sou um incorrigível otimista, mas também sou realista. Se não fosse, não seria presidente duas vezes do Brasil".

Da base aérea em que desembarcou do velho e ruidoso "Sucatão", o Boeing 737 da Força Aérea Brasileira prefixo 2115, FHC foi à residência oficial dos presidentes argentinos, a quinta de Olivos, para um jantar que abre a cúpula.


Análise de Armínio é chute, diz Ciro
O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou ontem as declarações do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, sobre o prazo de 30 meses para o Brasil ser um país seguro para investimentos, comparando-as a alguns dos chutes dados pelos jogadores brasileiros durante a Copa do Mundo.

"Acho que isso é influência da Copa. Aquele chute maravilhoso do Kleberson, que bateu na trave, e aquele chute do Rivaldo, que o goleiro bateu roupa, e o Ronaldinho foi lá e caprichou, influenciaram o presidente do Banco Central", afirmou Ciro.

O candidato participou ontem do lançamento da candidatura de Antonio Cabrera (PTB) ao governo do Estado de São Paulo pela Frente Trabalhista, formada por PPS, PTB e PDT. O vereador de São Paulo Celso Jatene (PTB), sobrinho do ex-ministro da Saúde Adib Jatene, concorre a vice.

Cabrera já foi ministro da Agricultura do ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) e secretário da Agricultura no primeiro mandato do governo de Mário Covas (1995-1998).

A frente decidiu lançar um candidato ao governo de São Paulo, com o objetivo de dar um palanque a Ciro no maior colégio eleitoral do país. A candidatura ao Estado terá cerca de quatro minutos de tempo de TV.


Prefeito deixa campanha de Serra
José Camilo Zito é contra aliança do PSDB com PFL e PMDB no Rio

Para o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, a saída de sua campanha do mais importante líder político da Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio), José Camilo Zito (PSDB), poderá ser revertida.

Zito, que é prefeito de Duque de Caxias, na Baixada, informou ao PSDB do Rio que não será mais o coordenador da campanha de Serra no Estado. O principal motivo da desistência de Zito foi o fato de o PSDB ter feito a coligação com o PFL e o PMDB para a disputa do governo do Estado do Rio, o que acabou com suas pretensões de se lançar candidato a governador. A candidata da coligação para o cargo será a deputada Solange Amaral (PFL).

"Já convidei o Zito para coordenar nossa campanha pelo lado do PSDB. A filha dele e o Doutor Heleno [deputado federal ligado a Zito" estiveram aqui comigo. Houve uma aliança regional com desdobramentos, mas, depois disso, numa boa, a gente vai retomar tudo", disse Serra em visita à Nova Iguaçu, município mais populoso da Baixada Fluminense, com quase 1 milhão de habitantes.

Zito é o político mais influente da Baixada e um cabo eleitoral disputado pelos partidos do Rio. Foi reeleito prefeito de Caxias com mais de 80% dos votos e ainda elegeu sua mulher, Narriman Zito, prefeita de Magé (Baixada) e o irmão Waldir Zito prefeito de Belford Roxo (Baixada).

Serra voltou a minimizar o crescimento de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas e a turbulência no mercado. "Eu sempre estou dizendo, não importa minha posição, que a pesquisa é apenas um retrato instantâneo. Todos os candidatos que tiveram exposição na TV apresentaram crescimento."


Petistas de AL seguem Heloísa e renunciam
PT havia formalizado ordem para que aliança com PL fosse seguida; senadora se diz indignada com "intervenção"

A senadora Heloísa Helena (PT) disse ontem, em Maceió, estar "indignada" com o que chamou de "intervenção" da Executiva Nacional petista em Alagoas. A senadora, que disputaria o governo, e mais dez integrantes do PT alagoano que concorreriam às eleições abriram mão oficialmente das suas candidaturas ontem.

A atitude da senadora e dos demais petistas ocorreu após a direção nacional do partido ter formalizado a ordem de incluir o PL na ata enviada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que registrava as coligações partidárias. Heloísa é contra a união com os liberais.

Um assessor da Secretaria de Organização do PT esteve ontem em Maceió para fazer a modificação no documento eleitoral.

"Eles [a Executiva Nacional" fizeram uma intervenção aqui em Alagoas e eu não sei dizer se estou mais triste ou mais indignada com essa atitude. Eu sempre quis participar dessa disputa, me preparei para ela", disse a senadora.

Bastante emocionada, chorando a todo momento, Heloísa declarou que não dará apoio nem ao ex-presidente Fernando Collor (PRTB) nem ao governador, Ronaldo Lessa (PSB). "Não tenho curral eleitoral e, por isso, não posso dizer que meus votos vão para esse ou aquele candidato. Quero que as pessoas façam o que as suas consciências mandarem."

A senadora pretende participar da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, mas afirmou que não subirá nos palanques junto com integrantes do PL.

"Não tenho mágoa da Executiva Nacional. Eu vou entender que minha candidatura é insignificante para o partido. Realmente o colégio eleitoral de Alagoas é pequeno, e a Heloísa é um problema para um grande pro jeto nacional. Mas à minha honra eu não vou renunciar. Eu vou fazer a campanha de Lula, mas subindo nos bancos de praça e falando de lá", afirmou.

Ontem, no Paraná, Lula afirmou que "a questão de Alagoas é um problema do PT de Alagoas".

Renúncia coletiva
Cinco entidades de classe que apóiam o PT em Alagoas pediram a renúncia coletiva dos candidatos em solidariedade a Heloísa. Quatro candidatos a deputado federal, cinco a deputado estadual e um a senador afirmaram ontem que abriam mão do pleito.

O presidente do PT em Alagoas, o deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, declarou que a saída de Heloísa abalou toda a estrutura do partido no Estado e que vai "exigir" uma presença marcante da Executiva Nacional na eleições alagoanas.

"Teremos de ter um candidato a qualquer custo. Uma parcela dos eleitores que votariam em Heloísa não pode ficar órfã. Vamos ter contato com a direção do partido e discutir a importância das eleições aqui", disse Santos. O dirigente petista declarou também que não há ainda um nome para substituir Heloísa Helena e que isso só será discutido hoje.

João Caldas, presidente do PL em Alagoas, disse que não discutiria a desistência de Heloísa Helena, mas que Lula só teria a ganhar com a decisão da senadora.

Outros Estados
A insatisfação com a imposição de se coligarem com o PL levou também a retaliações no Rio Grande do Norte. Lá, duas candidaturas foram retiradas em resposta ao acordo com os liberais.
Em Minas Gerais, os petistas aceitam a coligação do PL para Câmara, Senado e governo, mas não para a Assembléia Legislativa.


Líder do PL-AL trocou de partido 7 vezes desde 99
Dirigido pelo deputado federal João Caldas, que desde 1999 trocou de sigla sete vezes, o Partido Liberal de Alagoas é formado basicamente por empresários, membros de igrejas evangélicas e profissionais liberais.
O partido conta atualmente no Estado com quatro deputados estaduais, um deputado federal e dois prefeitos. "O perfil de nossos membros é o perfil dos políticos de sucesso, que decidem as eleições em Alagoas", declarou Caldas.

Sobre as acusações de Heloísa Helena de que o PL em Alagoas seria formado por "ex-colloridos [simpatizantes do ex-presidente Fernando Collor", usineiros, narcotraficantes e pistoleiros", o presidente da sigla disse que a senadora terá de se explicar à Comissão de Ética do Senado.

"A senadora vai ter a oportunidade de mostrar ao povo alagoano e ao povo brasileiro que tem provas. Ela vai ter de falar tudo isso que ela anda falando ao Conselho de Ética", disse Caldas, que, em 1998, como membro do PMN, fez campanha com Heloísa Helena.

Ele disse ainda que a saída foi "ótima para Lula". "Essa intervenção que o José Dirceu [presidente nacional do PT" fez em Alagoas mostrou que o PT tem autoridade e que o Lula vai botar ordem na casa. Foi excelente a repercussão da decisão do partido aqui. Ele [Lula" mostrou que não vai ficar refém dos radicais do partido, mostrou que o partido mudou."

Para o sociólogo Paulo Décio, da Universidade Federal de Alagoas, o PL no Estado é um partido "fisiológico".


Governo espera evitar assassinatos na campanha eleitoral
O julgamento do pedido de intervenção no Espírito Santo pode demorar, mas o que interessa ao Planalto é pressionar o governo e o Legislativo estaduais a fim de evitar que a campanha eleitoral descambe para a violência.

O governo federal e seus órgãos de inteligência e segurança consideram a situação capixaba fora de controle e avaliam que é real o risco de assassinatos políticos: a corrupção e o crime organizado tomaram de assalto o Estado.

Candidato favorito ao governo e principal adversário do esquema que tomou conta do Espírito Santo, o senador Paulo Hartung (PSB) foi avisado por um ministro de Fernando Henrique Cardoso de que poderia levar um tiro de uma hora para outra.

O Planalto e o PSDB demoraram a perceber a gravidade da situação. Quando se convenceram de que a intervenção seria inevitável, manobraram para retardar o pedido: o governo queria aprovar o projeto que prorrogou a CPMF (imposto do cheque), mas a Constituição não pode ser emendada se um Estado estiver sob intervenção federal.

Escorraçado pelos tucanos, para manter-se no poder o governador José Ignácio Ferreira se associou ao presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz. Indiciado pela CPI do Narcotráfico, Gratz é apontado pelo Ministério Público Federal como o chefe do crime organizado no Estado.


Artigos

Tango e "paredón"
Clóvis Rossi

BUENOS AIRES - A Florida, o simpático calçadão do centro de Buenos Aires, está coalhada de gente que compra dólares. São chamados "arbolitos", ou pequenas árvores, por causa da cor verde do dólar.

Competem com os arbolitos os que gritam "cuero", anunciando a infinidade de lojas de artigos de couro que brotou na Florida (ou sou muito distraído, ou não eram tantas).

À memória vem inexoravelmente uma estrofe de "Volver", um dos mais belos tangos argentinos, que diz que "veinte años no es nada".

Faz 19 anos que deixei o posto de correspondente da Folha em Buenos Aires. Então, como agora, os "arbolitos" lá estavam, assim como a dependência argentina dos frutos de seus pampas (o gado, o couro, o trigo).

Nesse intervalo, a Argentina foi à guerra (contra o Reino Unido, pelas Malvinas) -e perdeu. Foi às ruas (contra uma ditadura militar nefanda) -e ganhou. Foi à loucura com todos os planos econômicos que a incompetência humana é capaz de inventar, excetuado o comunismo -e perdeu uma e outra vez.
No percurso, metade da população, pouco mais ou pouco menos, foi atirada à pobreza, o número de desempregados bateu recordes um após o outro e futuro parece ser uma palavra banida do dicionário.
É um pouco o resumo da história da América Latina em geral. Os argentinos apenas vão mais fundo -tanto na repressão política como na luta contra ela, tanto nos planos econômicos como na maneira de trocar de presidente. Fora essa mania de tocar tango também na vida real, o resto é mais ou menos igual.

Talvez por isso fica subindo à cabeça outra música, a estrofe que era cantada pelos jovens nas manifestações contra a ditadura: "Paredón/paredón/para todos los milicos/que hundiéron la nación".

De vez em quando, dá vontade de achar uma boa idéia, desde que se ponham no mesmo saco civis e militares que afundaram nações do rio Grande à Terra do Fogo.


Colunistas

PAINEL

Mobilização total
FHC pediu a todos os ministros que produzam relatórios detalhados sobre os números positivos de suas pastas nos oito anos de seu mandato, principalmente na área social. Os dados serão utilizados na campanha presidencial de Serra (PSDB).

Poupar o chefe
Miguel Reale Jr. (Justiça) preferiu enviar ao Judiciário o pedido de intervenção no ES a remetê-lo a FHC. O Planalto avaliou que o desgaste político do presidente seria grande, se decretasse pessoalmente a intervenção durante um ano eleitoral.

Maré baixa
Além de ver seu Estado à beira de uma intervenção, José Ignácio (PTN-ES) teve outra má notícia ontem: o PFL desistiu de apoiá-lo à reeleição. É provável que desista da disputa.

Publicidade negativa
FHC entregou em seu gabinete a comenda pela conquista do penta a Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Interlocutores do presidente dizem que ele não quis dar a condecoração em público. Mas a CBF acha que não foi um caso pensado.

Propaganda oficial
Manchete do site oficial da Câmara dos Deputados ontem: "Aécio [Neves] eleito o mais influente do Congresso".

Pela metade
Alegando problemas de agenda, Lula e Serra pediram à TV Record que adie o debate presidencial programado para o dia 15 de julho. A emissora diz que fará o programa sem os dois, caso não haja consenso a respeito de uma nova data. Ciro e Garotinho já confirmaram presença.

Assopra e morde
Marconi Perillo (PSDB-GO) inaugurou ontem um sistema de abastecimento de água em Goiânia. Os rojões lançados pelos correligionários do governador provocaram um incêndio em um parque ecológico que fica ao lado da obra.

Inimigo íntimo
Além de Alagoas, Minas também oferece resistência à cúpula nacional do PT para fechar a aliança com o PL no Estado. O PT mineiro ameaça protocolar hoje no TRE uma lista com 86 candidatos a deputado estadual pela sigla -sem abrir espaço para 20 nomes exigidos pelo PL.

Na marra
Após o registro das candidaturas, a Executiva Nacional do PT tem dez dias para providenciar alterações na lista. O deputado federal Gilmar Machado (PT-MG) avisou: "Se a nacional fizer cortes de candidatos, que assuma a campanha em Minas".

Pragmatismo eleitoral
Do petista Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, sobre a aliança do PT com o PL e a intervenção diretório petista de AL: "Considero um desastre. É possível vencer a eleição sem fazer alianças comprometedoras".

Campanha extremista
Trecho do jingle de Genoino, adversário de Alckmin e de Maluf: "Aqui tem dois candidatos que você conhece bem. Um é oito, outro é oitenta. Pense nisso muito bem. Um tem oito de governo e muito pouco a mostrar. Outro tem oitenta histórias que eu não vou nem comentar".

Orçamento equilibrado
A proposta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de Alckmin (PSDB), fechada em abril, estipulou um cenário macroeconômico com o dólar cotado a R$ 2,42 em 2003 e 4% de inflação anual até 2005. Ontem, o dólar fechou a R$ 2,85. E o próprio governo federal projeta uma inflação anual de 6,2%.

Curriculum vitae
Uma das empresas denunciadas no caso PT-Santo André, a Offício Serviços de Vigilância e Segurança pertence ao empresário José Renato de Vasconcelos Pinheiro. Que foi dono da Manpower, acusada de contratar funcionários fantasmas na gestão Pitta em São Paulo.

TIROTEIO

Do deputado João Herrmann (PPS), sobre o tucano Arthur Virgílio (PSDB), líder do governo no Congresso e diplomata de carreira, dizer que Ciro Gomes (PPS) não entende nada de economia e que só "papagueia" o que outros escrevem:
- Depois de tanto tempo longe do Itamaraty, o deputado perdeu a educação.

CONTRAPONTO

Assalto à geladeira
O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) foi ao Palácio do Planalto, na terça, participar da recepção à seleção brasileira.
Um dos integrantes da "bancada da bola" na CPI do Futebol e famoso por andar de terno e sandálias pelo Senado, Gilvam ficou impaciente e faminto com o atraso de mais de três horas da festa. E resolveu circular pelo palácio em busca de comida.
No terceiro andar, Gilvam viu uma copa, entrou e gritou:
- Estou com fome!
- Só tem água e café aqui - respondeu a copeira.
- Minha vista não deve estar boa. O que é aquilo ali? - perguntou o senador, apontando para um bandeja cheia de sanduíches de queijo.
A copeira explicou que a comida era para o gabinete de FHC. Gilvam não se convenceu:
- Sou senador, quero comer e vou comer!
E comeu.


Editorial

MEDO DA INFLAÇÃO

Não foi fácil para o governo federal chegar à decisão de modificar o regime de metas inflacionárias para os anos de 2003 e 2004. A equipe econômica sempre reluta em lançar mão de expedientes que possam soar como heterodoxos para os agentes que decidem investimentos no Brasil. Não à toa, a alteração, que admite alta maior do índice oficial de preços em troca de comprometimento menor da produção e do emprego, vem sofrendo críticas de economistas mais ortodoxos.

Estes temem que o pragmatismo com que agiram as autoridades econômicas se transforme em regra. Por esse raciocínio, sempre que as metas fixadas correrem risco de descumprimento, os governantes seriam tentados a modificá-las. O lado cruel desse postulado é o de que, se o "mercado" introduzir em suas expectativas a convicção de que as metas são móveis, a credibilidade, que é lastro do modelo, estará prejudicada.

Decerto teria sido menos traumático se o governo, em junho do ano passado, quando fixou em 3,25% a meta inflacionária para 2003, não houvesse sido tão ambicioso.

Aos poucos -mais lentamente do que seria desejável-, os agentes e o governo vão percebendo que os motores da subida de preços (choques externos e de oferta, surtos tarifários) não configuram um processo clássico de descontrole inflacionário.

Essa tomada de consciência pode ser um prenúncio de que a política econômica vá libertar-se do minimalismo dos últimos anos. Sem atacar também as causas da inadequada inserção externa que condena a economia brasileira a um regime de crescimento baixo, qualquer política econômica estará fadada ao fracasso.
É fundamental seguir discutindo para atingir um consenso acerca do nível de inflação e do regime de política monetária mais adequados a um país com as características do Brasil. Mas esse é apenas um instrumento entre os vários requeridos para implementar o que ainda falta: uma verdadeira política de desenvolvimento.


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07/05/2002


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