AEROPORTO DE SALVADOR TERÁ O NOME DE LUÍS EDUARDO



O Senado aprovou hoje (dia 28), por unanimidade, o projeto de lei que dá o nome do deputado Luís Eduardo Magalhães ao Aeroporto Internacional de Salvador. De autoria do deputado Aroldo Cedraz (PFL-BA), a proposta segue agora para sanção do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Durante a discussão da proposta, aprovada em regime de urgência, os senadores prestaram novas homenagens à memória de Luís Eduardo, morto no dia 21 de abril passado, vítima de um enfarte, em Brasília. Todos os líderes partidários, discursando em nome de suas bancadas, apoiaram o projeto de lei da Câmara. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, ouviu por uma hora e meia as palavras dos senadores sobre seu filho e, ao final, falou sobre ele pela primeira vez em plenário (veja matéria nesta página).

A seguir trechos dos discursos dos senadores, na ordem em que se manifestaram em plenário.

Djalma Bessa (PFL-BA)

"Fui assessor de Luís Eduardo por vários anos e pude testemunhar sua vocação para a política, herdada do pai. Essa distinção da Câmara e do Senado vai lembrar e perpetuar o nome desse brilhante homem público."

Edison Lobão (PFL-MA)

"Expresso minha profunda admiração por Luís Eduardo, fruto de uma convivência extraordinária." Lobão comparou a capacidade de diálogo de Petrônio Portella, que negociou a abertura democrática no Congresso, à de Luís Eduardo. "Tinha essas características e mais algumas", disse. Para ele, dar o nome do jovem deputado ao aeroporto é uma homenagem apropriada. "Todos que forem a Salvador, ao desembarcar, estarão lembrando de um homem que dedicou sua vida à Bahia e ao Brasil", concluiu.

Artur da Távola (PSDB-RJ)

"O que será mais adequado para homenagear Luís Eduardo?" Com essa pergunta, Távola comparou a vida do deputado à simbologia representada em um aeroporto. O nome de Rubem Braga, segundo o senador, foi dado a um jardim de infância, pela sua ternura, sentimento de amor. "Não lhe ficaria bem em um viaduto."

- O aeroporto representa o lugar de partida breve - afirmou Távola. - Deixa a sensação de temporariedade da vida. É o símbolo da aventura do homem de superar suas limitações e não há destino mais incerto que o da política. Apesar de ser mais pesado que o ar, o avião passa a sensação de leveza e é essa a imagem que fica de Luís Eduardo.

As palavras de Távola foram comparadas pelos senadores José Eduardo Dutra (PT-SE) e Ramez Tebet (PMDB-MS) não a um encaminhamento de votação, mas a um poema.

Júnia Marise (PDT-MG)

Segundo a senadora, a aproximação com Luís Eduardo permitiu que ela se encantasse com sua sensibilidade e elegância. "Nunca tive a notícia de uma manifestação desrespeitosa do deputado com quem quer que seja", disse. Para Júnia, sua marca era o debate consistente, com respeito às idéias contrárias.

Lembrando que soube da morte de seu próprio irmão mais velho no momento em que Luís Eduardo era enterrado em Salvador, Júnia solidarizou-se com o senador Antonio Carlos Magalhães, pai do deputado. "Essa homenagem vai perenizar ainda mais a memória de Luís Eduardo, sua vida e sua obra, exemplos para as gerações futuras", ressaltou.

José Eduardo Dutra (PT-SE)

Para o senador, Luís Eduardo encarnava a máxima liberal de Voltaire: "Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte seu direito a dizê-lo". O senador petista recordou a festa de aniversário do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), onde o único governista presente era Luís Eduardo Magalhães.

- A homenagem substitui uma data cara ao povo baiano - disse, referindo-se ao 2 de Julho, dia da Independência da Bahia, nome atual do aeroporto de Salvador -, mas o povo baiano não lamentará a substituição. Luís Eduardo é profundo merecedor dessa homenagem. Estou feliz por saber que contribuí para que o aeroporto leve o seu nome.

Francelino Pereira (PFL-MG)

O senador recordou os momentos que se seguiram imediatamente à morte do deputado, no hospital. Naquele instante, abraçado a ele, Antonio Carlos Magalhães teria perguntado: "Por que o meu filho, e não eu?"

- Costumava brincar com Vossa Excelência - disse, dirigindo-se ao presidente do Senado - afirmando que o filho era melhor que o pai. Mas na verdade eram idênticos. Os dois deram um exemplo inigualável de amor entre pai e filho para todo o país.

Roberto Requião (PMDB-PR)

Requião informou ser emotivo, com dificuldades de falar e participar de cerimônias fúnebres. Ele revelou que, no dia da morte de Luís Eduardo, estava no interior do Paraná, por ocasião da morte de sua mãe, quando sua filha lhe deu a notícia do falecimento do deputado. "Hoje vou dizer a minha filha que a dor é irremediável, que não serve de consolo para o pai, mas o Senado perpetuou uma homenagem a Luís Eduardo", afirmou.

Elcio Alvares (PFL-ES)

As palavras do senador foram dirigidas diretamente a Antonio Carlos Magalhães. Para ele, o presidente do Senado tem o respeito de todo o povo brasileiro pelo amor notável que dedicou ao filho, principalmente em um mundo em que há tanta violência.

- Todos os discursos foram ditos com ternura e carinho. Quero lhe dizer que a nossa solidariedade é permanente, sua dor se divide entre todos nós. Nós lhe queremos muito bem!

Romeu Tuma (PFL-SP)

O senador, que foi o relator, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), do projeto em homenagem ao deputado, disse, chorando, ter encontrado dificuldades para se expressar no seu parecer. Segundo ele, o filho, deputado Robson Tuma (PFL-SP), era muito amigo de Luís Eduardo. "Luís Eduardo era o seu guia na Câmara", afirmou.

- Nesse vazio profundo não consigo encontrar palavras. Nesse momento, a única que sabemos é que Deus existe. O espírito de Luís Eduardo irá guiar a juventude do Brasil - concluiu. Durante o pronunciamento de Tuma, o senador Antonio Carlos Magalhães por diversas vezes enxugou as lágrimas.

Arlindo Porto (PTB-MG)

Falando em nome de seu partido, Arlindo lembrou-se de uma passagem de Luís Eduardo pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais. "Lá ele deixou sua experiência e seu conceito de homem público", afirmou.

- Apesar de jovem na idade, era maduro nas tarefas que desempenhava. Era hábil e ponderado, características que nós, mineiros, admiramos muito.

Leomar Quintanilha (PPB-TO)

Para o senador, é difícil imaginar a infelicidade atroz do pai que sobrevive ao filho. Quintanilha disse ter sofrido uma dor brutal quando seu pai morreu, mas o sentimento de perder a pessoa que viu crescer, sorrir pela primeira vez, deve ser muito mais forte.

- É a quebra da seqüência natural e lógica da natureza. Mas Luís Eduardo sobreviveu nas manifestações de solidariedade que podem ser vistas por todo o Brasil.

Ramez Tebet (PMDB-MS)

Tebet manifestou que não tem o temperamento para falar nesses momentos. O senador, junto com outros cinco parlamentares, estava no Líbano na ocasião da morte de Luís Eduardo e disse só ter acreditado depois de conversar com amigos no Brasil.

- Todos tinham certeza que o filho seguiria os passos do pai. O destino reservou a Antonio Carlos outro caminho que, agora, deve fortalecer-se ainda mais na sua vocação. Luís Eduardo está no céu, torcendo pela felicidade do Brasil. Através de um ideal, todos os homens sobrevivem!

Teotonio Vilela Filho (PSDB-AL)

O senador, presidente nacional do PSDB, revelou o apoio de todo o partido ao projeto de lei com a homenagem a Luís Eduardo. Segundo ele, o deputado foi seu valoroso parceiro nas reformas pelas quais o Brasil está passando.

- Ele sempre agia com coragem e determinação, sem perder a capacidade de entender a pluralidade das idéias. Como amigo, pude enriquecer-me na convivência com Luís Eduardo.

Carlos Patrocínio (PFL-TO)

Para o senador, o projeto de lei é mais que justo. "Poucos acontecimentos fúnebres marcaram tanto o país como a morte de Luís Eduardo Magalhães", resumiu. Toda a população brasileira, segundo Patrocínio, passou a tratar melhor da saúde, depois da morte do deputado.

- Luís Eduardo deixou a marca indelével de quem representava um grande futuro para o país. Tenho a certeza que outros logradouros públicos ganharão seu nome, mas dar o seu nome ao aeroporto é uma maneira justa de imortalizá-lo - afirmou.



28/05/1998

Agência Senado


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