Agricultura brasileira vai avançar graças à produtividade, diz estudo



A produtividade da agricultura empresarial brasileira vai continuar a garantir safras cada vez maiores, mas com uma expansão menor da área plantada até a próxima década. A participação da produção brasileira no comércio exterior deve aumentar ainda mais, ressaltando que o mercado interno mantenha-se como o principal destino dos alimentos produzidos no País. 

As estimativas constam do relatório “Brasil – Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021” do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizado em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e divulgado nesta terça-feira (14). “O País deve continuar a produzir alimentos para o nosso povo e outras nações do planeta. Isso mostra a importância e a força do setor agropecuário na economia brasileira”, aponta o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. 

Ele lembra que o mundo vai precisar cada vez mais de alimentos e o Brasil é um dos poucos países capazes de ampliar a produção de alimentos sem comprometer seus recursos naturais. Rossi cita estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), para quem o planeta terá de ampliar em 70% a produção de alimentos para garantir a segurança alimentar da população mundial. A oferta global de proteína animal e vegetal atualmente não é suficiente para alimentar todos os povos. “Cerca de 1 bilhão de pessoas passa fome na Terra”, lamenta o ministro. 

O relatório foi produzido pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura e coloca grãos e carnes como as principais apostas do Brasil para ampliar a produção e a exportação. Coordenado pelo pesquisador José Garcia Gasques, o documento indica algodão em pluma, milho, café, açúcar, soja em grão, leite, celulose, carnes de frango e bovina como os produtos agropecuários brasileiros com maior potencial de crescimento. 

“A produção crescerá com base na produtividade. O Brasil tem mostrado que é possível elevar a produção sem ampliar o crescimento da área plantada, com investimentos em tecnologia”, destaca Wagner Rossi. “A expansão da área de grãos no País se dará em percentual bem abaixo do seu crescimento histórico”. O ministro afirma que tais estimativas são até modestas, diante dos saltos obtidos pela produção agropecuária nos últimos anos. “As projeções são factíveis, mas devem ser superadas. Temos potencial para isso”, disse. 

 

Crescimento das exportações 

O estudo revela que soja (grão), açúcar, café e milho terão acentuado aumento do volume exportado até 2021. Entre as carnes, a de frango e a bovina serão os destaques. “Há uma tendência de maior consumo e procura por esses produtos no mercado global, até por conta da incorporação de grandes faixas da população em países asiáticos”, aponta José Garcia Gasques. 

Segundo o estudo, o cultivo de grãos – arroz, feijão, milho, soja em grão e trigo – deve aumentar 23% até a próxima década, com expansão de apenas 9,5% da área plantada. A variação da área cultivada será inferior à média dos últimos dez anos, que foi de 21%. O volume produzido deve superar 175,8 milhões de toneladas em 2021. No ano passado, a safra foi de 142,9 milhões de toneladas. 

O Brasil deve manter-se como um dos grandes fornecedores de proteína animal no mercado mundial de alimentos. De acordo com Gasques, a produção de carnes de frango, bovina e suína deve aumentar 26,5% até o início da próxima década. O volume pode superar 31,2 milhões de toneladas. No ano passado, as carnes produzidas no País somaram 24,6 milhões de toneladas. Desses três tipos de carnes produzidas no Brasil, o frango deve se destacar, com perspectivas de aumento de 33,7% nas exportações e de 30% na produção. 

José Garcia Gasques indica o algodão em pluma como um dos grandes destaques do conjunto de produtos analisados. O produto deve ter crescimento de 68% nas exportações brasileiras até o início da próxima década. As vendas devem superar 800 mil toneladas, em comparação com 500 mil toneladas registradas em 2010. Atualmente, o País produz 1,6 milhão de toneladas de algodão em pluma. A produção vai superar 2,3 milhões de toneladas em dez anos. 

O relatório estima que a exportação de soja grão suba para 40,7 milhões de toneladas em dez anos, com ampliação de 2% ao ano da área de cultivo. Esse grão também terá forte participação no comércio mundial, com 33% do produto vendido no mercado externo. Segundo Gasques, apesar disso, o consumo interno da soja grão vai pular de 38 milhões de toneladas, registradas no ano passado, para 46 milhões de toneladas em uma década. 

Depois da soja grão, o açúcar se sobressai na quantidade exportada, com volume de 41 milhões de toneladas a serem embarcadas para fora do País. Em 2010, as vendas ao mercado externo chegaram a 28 milhões de toneladas, enquanto 12 milhões de toneladas de açúcar foram consumidas no mercado interno. A projeção estimada é que, em dez anos, o volume de açúcar a ser consumido pelo brasileiro deve chegar a 14 milhões de toneladas. 

 

Mercado interno 

Apesar de as estimativas do ministério apresentarem forte aumento das exportações dos produtos nacionais, o mercado interno continuará crescendo no ritmo atual, devido ao aumento da renda dos brasileiros. Na safra 2020/2021, 64,7% do cultivo de soja serão destinadas ao mercado interno. Gasques calcula que 85,4% da produção de milho deverão ser consumidos internamente. 

Quanto à produção de carne de frango, 67% não deverão sair do País. Já em relação à carne bovina, 83% serão também destinadas ao consumo nacional. Da suína, 81% terão o mesmo destino. 

 

Fonte:
Ministério da Agricultura

 

14/06/2011 14:53


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