Agripino alerta para risco de mais aumento da carga tributária



O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), disse nesta quinta-feira (1º) acreditar que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado recentemente pelo governoLuiz Inácio Lula da Silva, só poderá ser implementado por meio de aumento da carga tributária. No raciocínio do parlamentar do PFL, como os juros ainda estão muito altos (13% ao ano), o governo não poderá se apoiar no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), projetado em 5% ao ano, para obter as verbas públicas necessárias à sustentação dos projetos do PAC.

- A saída será aumentar a carga de impostos e tributos, que já está em 38% do PIB - advertiu o representante potiguar.

José Agripino se mostrou preocupado com o crescimento do PIB em 2006 - de apenas 2,9%, conforme números divulgados pelo IBGE -, ano em que a economia mundial cresceu 5,1%, em média. Para o líder do PFL, as perspectivas tornam-se ainda mais incertas quando se observa o quanto o real está valorizado, o que barateia importações e diminui a renda dos exportadores, com prejuízos à produção interna e às vendas ao exterior ao mesmo tempo.

- O real apreciado é bom para quem vai à Disney - ironizou o senador,que apontou o crédito consignado - que elevou o endividamento dos cidadãos - e o aumento do salário mínimo como os fatores que aqueceram, ainda que insuficientemente, a economia em 2006.

Na opinião de José Agripino, embora o Banco Central tenha logrado um controle eficiente da inflação, pecou ao não fazer um corte mais substancial dos juros, aproveitando que a economia mundial estava num bom momento - o que é incerto agora, quando a queda nas bolsas de valores do mundo indicam diminuição no ritmo da atividade econômica na China e nos Estados Unidos.

A razão para o corte tímido dos juros só poderia estar na necessidade de o BC fazer o que o senador chamou de "Seguro Lula" - ou seja, uma reserva de moeda estrangeira capaz de dar segurança ao país em momentos de instabilidade dos mercados mundiais, uma vez que a confiança na condução da economia brasileira não seria tão grande quanto propagam as autoridades do país.

José Agripino explicou que, atualmente, as reservas cambiais estão na faixa de US$ 100 bilhões, mas, para captar a moeda forte necessária a criar esse colchão, o Brasil ainda é obrigado a manter juros elevados. Em contrapartida, como essas reservas são aplicadas a taxas - como a dos papéis do tesouro norte-americano (treasury bonds) - de 4,5%, a diferença provoca, por sua vez, outra sangria dos "suados recursos" produzidos pelo país, da ordem de R$ 6,2 bilhões.

Por essa razão, o líder do PFL prega a necessidade de melhoria e contenção do gasto público, algo que ele não vê nos parâmetros que orientaram a formulação do PAC. Em apoio ao senador do Rio Grande do Norte, pronunciaram-se por meio de apartes o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), e os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). O senador Eduardo Suplicy disse reconhecer que José Agripino fazia importantes ponderações, mas observou que as boas condições macroeconômicas da economia - como inflação baixa e redução do endividamento público -apontam para uma fase de crescimento.



01/03/2007

Agência Senado


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