Agripino e Heráclito confiam em isenção da PF na investigação do dossiê



O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), e o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) afirmaram, nesta segunda-feira (7), confiar na isenção do trabalho investigativo realizado pela Polícia Federal (PF). Ambos acreditam que a instituição não aceitará fazer o "papelão" de investigar parcial e limitadamente o dossiê sobre gastos com cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa, Ruth Cardoso, além de outros três ex-ministros de sua gestão, conforme, segundo eles, pretende o governo.

Agripino acusou o governo Lula de ter utilizado a máquina pública para produzir um dossiê com o claro objetivo de incriminar pessoas. Na sua opinião, o principal, nesse caso, não é quem vazou as informações para a imprensa, mas quem produziu o dossiê e com qual objetivo.

- Eu não acredito que a Polícia Federal se submeta ao papel destroçador de servir aos interesses de um Estado que tem de se explicar. Nós estamos chegando a um limite em que as explicações terão que ser dadas. Não adianta tentar usar a credibilidade da PF para justificar o injustificável. A PF pode e deve entrar na investigação, mas para esclarecer tudo e não apenas um pequeno pedaço da história - sustentou.

Heráclito reivindicou uma investigação completa sobre o episódio, dizendo ter estranhado o fato de o governo não querer investigar a tese, desenvolvida dentro do Palácio do Planalto, da existência de um espião na Casa Civil.

- Ora, se eu estou com um espião lá dentro, vocês me dizem que é um espião e não querem investigar o espião? Que história é essa? Como é que você vai conviver com um inimigo e não quer saber quem é esse inimigo? Ou então não é tão inimigo assim. É preciso que essas coisas fiquem bem claras. Essa proximidade do governo com o espião está me cheirando a pastelão mexicano - comparou.

Agripino observou que a PF deve investigar a origem de tudo, pois está em jogo a palavra do ministro da Justiça, Tarso Genro, e a da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que afirmaram a inexistência do dossiê.

- O dossiê existe e a acusação é de que o dossiê saiu do Gabinete Civil. A palavra de dois ministros está sub judice e o instrumento do Estado, a instituição chamada Polícia Federal, é que pode, em benefício da sociedade, esclarecer esses fatos - afirmou o líder do DEM.

Agripino disse ainda ter certeza absoluta de que o requerimento para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) dos cartões corporativos exclusiva do Senado será lido nesta terça-feira (8) e que os partidos políticos vão cumprir a sua obrigação de indicar os membros. Caso os partidos governistas não o façam, acredita que o presidente do Senado fará as indicações conforme manda o regimento.

- O que eu quero ver é o perfil dos indicados pela base do governo. Se forem pessoas que em outras CPIs agiram com isenção e com respeito à sociedade, nós chegaremos a conclusões. Se Suplicy e Casagrande fizerem parte da base do governo nesta CPI, ela cumprirá a sua obrigação perante a sociedade. Se indicarem outras pessoas que não têm compromisso com a sociedade, o governo e essas pessoas poderão pagar um preço alto perante o conceito do povo do Brasil - comentou, referindo-se aos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Renato Casagrande (PSB-ES).

O senador pelo Rio Grande do Norte aposta numa correlação de forças mais equilibrada e democrática na nova CPI que na CPMI dos Cartões Corporativos. Sua expectativa é de que haja um debate mais denso, consistente e maduro. Sobre os depoimentos agendados esta semana na CPI Mista dos Cartões Corporativos, considerou que serão vigiados, com a retaguarda governista impedindo que seja dito aquilo que a sociedade quer ver esclarecido.

- A presidente da CPI Mista [senadora Marisa Serrano (PSDB-MS)], diante do que aconteceu na quinta-feira passada, com a negativa de todos os requerimentos e com os depoimentos insossos que devem acontecer esta semana, deverá abrir prazo para que o relator prepare o seu relatório, que será insosso, e a CPI Mista vai interromper os seus trabalhos, cedendo espaço à CPI do Senado, que vai procurar suprir a lacuna das investigações não feitas - comentou.

Agripino disse ainda que o retorno da proposta de um terceiro mandato para o presidente Lula não passa de uma estratégia diversionista para tirar o foco da investigação sobre o dossiê Dilma.

- Essa é a tônica dos governistas. Eles acham que a economia indo bem, que a renda indo bem, tudo pode. É o que mais me preocupa. É a teoria fascista, ou maquiavélica, de que em nome da preservação do poder, tudo se pode fazer. Cabe a nós, em nome da sustentação de uma democracia saudável, denunciar e fiscalizar no limite máximo - concluiu.

07/04/2008

Agência Senado


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