Agripino quer audiência para esclarecer interesse na Varig por empresa com suposta participação de capital estrangeiro



O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), anunciou nesta terça-feira (27), em Plenário, que vai apresentar requerimento para a realização de audiência pública destinada a esclarecimentos sobre a venda da Varig para a Volo - empresa que adquiriu da própria Varig, no ano passado, o controle da subsidiária Variglog, do segmento de cargas aéreas. Agripino citou informações de jornais que dão conta de que a Volo tem suporte em capital estrangeiro. Justificou que, nesse caso, a negociação pode ferir a legislação nacional, que estabelece o controle do capital nacional sobre o mercado de aviação civil.

- A história da aviação civil no Brasil iria pelo ralo. Há algo errado nessa história e que precisa ser mais bem explicado - afirmou.

A audiência deve examinar, ainda, o suposto envolvimento do empresário Roberto Teixeira e de sua filha Valeska Teixeira, como intermediários da transação, o que caracterizaria tráfego de influência. O empresário é compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua empresa possui é atuante na área de consultoria e já foi alvo de denúncias por supostos negócios irregulares com prefeituras petistas.

Agripino quer as presenças, na audiência, do ministro da Defesa, Waldir Pires; da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef; e dos presidentes da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Nilton Zuanazi. O líder disse que Zuanazi já havia anteriormente manifestado posição contrária à transferência da Varig para a Volo, mas que agora se diz a favor de uma "solução política" para a crise da Varig.

- Uma ação política seria perfeitamente razoável, mas passando por cima da lei? - questionou Agripino, salientando que a questão da Varig é mesmo um problema de governo, mas requer enquadramento legal.

O líder pefelista observou que muitas empresas áreas entraram e saíram do mercado, mas sempre com obediência à lei que prevê a reserva para companhias de capital nacional. Observou que, nos Estados Unidos, sempre houve veto do governo a tentativas de compra de empresas nacionais por companhia aéreas estrangeiras.

- Aqui, para privilegiar o capital estrangeiro, parece que governo está incentivando, fomentando, partindo no meio a lei, daí a minha preocupação - observou.

Em aparte, o senador Paulo Paim (PT-RS) confirmou contato com o presidente da Anac, e disse que ele confirmou sua disposição de falar aos senadores na audiência que deve envolver as comissões de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI).

Heráclito Fortes (PFL-PI) considerou "estranho" que o BNDES se disponha a apoiar a Volo, quando antes se negou a dar suporte para que a associação dos trabalhadores da Varig ficasse com a empresa. Artur Virgílio (PSDB-AM), em resposta ao prévio desafio de Agripino sobre o nome do empresário que estaria intermediando a transação, fez aposta na pessoa de Roberto Teixeira.

- Apostei três a zero no Brasil contra Gana, mas queria ter tanta certeza do resultado do jogo quanto tenho do nome de Roberto Teixeira - ironizou.



27/06/2006

Agência Senado


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