Agripino solidariza-se com governo contra espionagem mas condena "marketing" de adiamento de viagem aos EUA



O senador José Agripino (DEM-RN) solidarizou-se com o governo contra atos de espionagem praticados pelos Estados Unidos, de acordo com denúncia feita pelo ex-técnico da Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) Edward Snowden. Mas condenou o "gesto de marketing estudado” da presidente Dilma Rousseff, ao adiar a viagem que faria aos Estados Unidos.

- O Brasil bradou e, no primeiro momento, eu me associei ao brado da soberania brasileira. Depois é que eu fui perceber que era um brado movido a marketing para atrair a solidariedade do povo brasileiro diante de um ato de bisbilhotice condenável. E os bisbilhotados, Argentina, Venezuela e México, ficaram na deles. Ficaram cautelosos. E, aí, a presidente da República, num gesto de marketing estudado – hoje estou convencidíssimo disso – saltou de lá e disse: “Não vou para a viagem de Estado.” – afirmou o parlamentar.

Em pronunciamento nesta segunda-feira (23), José Agripino afirmou que uma viagem de Estado como a adiada pela presidente só favorece ao país visitante, “que leva caravanas de empresários, que fecham grandes negócios de interesse do país”. Ele relatou um diálogo imaginário entre a presidente Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negociando o adiamento da viagem.

- Parece que eu estou vendo a presidente Dilma dizer: “Obama, eu preciso ganhar essa eleição, eu preciso dar uma resposta dentro do país a um ato que eu até compreendo, como os argentinos, os mexicanos. Compreendo, não aceito, mas a reação não é a que eu estou oferecendo. Eu preciso oferecer essa reação, porque eu preciso de dividendos político-eleitorais aqui dentro do país. Vamos negociar. A gente não corta relações comerciais, a gente não cria turbulência nas nossas relações. Apenas eu vou, negociado com você, adiar a viagem, mas eu vou chegar à ONU (Organização das Nações Unidas) e vou condenar a bisbilhotice, e você vai compreender” – disse o senador, que foi aparteado pelo colega Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Agripino também condenou as ações de marketing envolvendo o Programa Mais Médicos. Para o senador, é impossível ficar contra um programa que trará mais médicos para o Brasil, mas esse programa, ao contrário do que divulga o governo, está longe de resolver os problemas de saúde do país.

- A solução está nos 10% da renda bruta brasileira para a saúde pública. Aí, sim, você vai ter dinheiro para equipar ao posto de saúde, para dar às prefeituras e aos governos estaduais o desafogo em suas despesas para o custeio – afirmou o representante potiguar no Senado.



23/09/2013

Agência Senado


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