Alberto Silva: biodiesel dará renda a milhões de sertanejos
Entusiasta do biodiesel e que lutou nos últimos anos para provar que a mamoneira é uma planta ideal para o semi-árido nordestino, o senador Alberto Silva (PMDB-PI) sustenta que o biodiesel dará renda "a milhões de sertanejos" que enfrentam os seguidos dramas das estiagens.
- Só no Piauí, pelo menos 200 mil famílias podem se dedicar à mamona para fabricação do biodiesel. No Ceará, mais de 1 milhão de famílias. Em todo o Brasil, talvez 5 milhões de famílias possam se beneficiar - afirma.
O senador tem na cabeça o projeto ideal e pondera que deve haver um zoneamento para o plantio de mamoneira. As terras argilosas, onde quase não há infiltração das águas de chuvas, têm de ser evitadas. Cada família deve receber três hectares dessas áreas propícias, plantando em dois deles mamoneira consorciada com feijão. No terceiro, haveria o plantio de algodão.
- Nada de desperdício de glebas de assentamento com 40 hectares. Uma família só consegue cultivar três hectares de mamona, feijão e algodão. Os cachos da mamoneira não amadurecem de uma vez e a colheita dura uns oito meses. É trabalho diário para uma família - recomenda.
Alberto Silva calcula que a produção de mamona oferecerá nessa área uma renda anual de pelo menos R$ 1.600, enquanto o feijão acrescentará outros R$ 1.500. Com a colheita do algodão, essa família assentada em três hectares poderá obter uma renda total que poderá passar dos R$ 7 mil.
- Para quem vive hoje a angústia de enfrentar secas e até passar fome, uma renda mensal de R$ 600 e quase um milagre - pondera o senador do Piauí.
As idéias do senador não param por aí e ele prevê ainda que os sertanejos poderão ter uma renda adicional com a produção de adubo orgânico a partir da moagemdos pés de mamona, que têm de ser cortados anualmente. Essas famílias formariam uma associação, obtendo financiamento para a instalação de um conjunto de extração do óleo e fabricação do adubo.
Tudo isso, conforme o senador, só se tornará viável se o governo subsidiar o biodiesel. "Sem subsídio, não haverá produção de biodiesel. Hoje, o preço de mercado do litro do óleo de mamona simples é de R$ 2,50. Só com o subsídio o óleo será industrializado e poderá ser misturado ao diesel de petróleo", alerta. Esse subsídio, no entanto, "será ínfimo para a Petrobras", pois a mistura será de apenas 2%.
- O custo ficará diluído no preço final do combustível e o governo estará segurando no sertão nordestino milhões de pessoas que poderiam emigrar para as periferias das grandes cidades, onde não há emprego. Aliás, assim que o programa apresentar seus bons resultados, muitos ex-pequenos agricultores que foram para São Paulo e outras cidades com certeza voltarão para se dedicar ao plantio de mamona, feijão e algodão - acredita Alberto Silva.
15/10/2004
Agência Senado
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