ALCÂNTARA ACONSELHA GOVERNO A OUVIR PROPOSTAS SEM PRECONCEITO



"Preconceito é mau conselheiro", avisou o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) nesta terça-feira (dia 24), ao sugerir ao governo que ouça propostas que tirem o país da crise. O senador registrou em plenário artigo do jornalista Rubem Azevedo Lima, publicado nesta segunda-feira (dia 23) no jornal Correio Braziliense, com o título "Burritzia e Subservientzia". O jornalista afirma que o economista e deputado Eliseu Rezende propôs, em 1993, ao então ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, a venda de 30% de ativos das estatais, à época estimados em US$ 150 bilhões, para saldar nossa dívida interna, que era de US$ 35 bilhões.Conforme o artigo, com esse dinheiro, "sem vender o patrimônio estatal nem perder o controle de suas empresas", o Brasil eliminaria toda a dívida interna e o Tesouro ainda embolsaria mais de R$ 10 bilhões. O então ministro, afirma o jornalista no artigo, "opôs-se ao plano de Rezende, alegando que Itamar era contrário à alienação dos bens públicos. A dívida interna chegou a US$ 65 bilhões e Fernando Henrique, eleito presidente, começou a vender as estatais, pagando juros anuais de 100% aos credores daquela dívida, ao longo do seu mandato". Lúcio Alcântara comentou o modelo de privatização brasileiro, e as declarações do ministro da Casa Civil, Pedro Parente, que defendeu recentemente a pulverização do capital das empresas a serem privatizadas. - A democratização do capital é o que o governo deveria ter feito desde o começo, e, em vez de as empresas ficarem controladas por grupos monopolistas, que elas sejam propriedade de todos - disse Alcântara, lembrando ter sido a idéia uma das razões do êxito da ex-primeira-ministra da Inglaterra, Margaret Tatcher.Para ele, as agências criadas para fiscalizar as empresas privatizadas não estão conseguindo exercer esse papel, já que os monopólios permanecem e dificilmente são enquadráveis pelo poder regulador do Estado. O senador lamentou que algumas propostas sejam vistas com preconceito e só tardiamente assimiladas. Alcântara ressaltou que o jornalista deu a idéia de que "em um determinado momento perdeu-se a oportunidade de quitar a dívida interna alienando apenas parte do patrimônio nacional".

24/08/1999

Agência Senado


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