Alcântara: trabalho está matando a infância no Brasil
O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) chamou a atenção das autoridades do país para a situação das 560 mil crianças de 5 a 17 anos que trabalham como domésticas no país. Mesmo reconhecendo que há outras modalidades de trabalho infantil mais violentas ou arriscadas, como o tráfico de drogas, ou mais degradantes, como a prostituição, o senador afirmou que a sociedade não pode fechar os olhos para o trabalho doméstico infantil.
- Essa realidade mata a infância, leva centenas de milhares de crianças e adolescentes a se tornarem adultos antes da hora, prejudicando irreversivelmente o seu desenvolvimento psíquico, intelectual e emocional - afirmou o senador.
Lúcio Alcântara lembrou que no Brasil o número de crianças que trabalham empregadas diminuiu significativamente desde 1992, passando de 8,4 milhões para os atuais 6,6 milhões, em decorrência de projetos governamentais o Programa Bolsa-Escola e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). O senador observou, no entanto, que este número ainda é muito elevado, atingindo 10% da população infantil, o que coloca o Brasil em primeiro lugar nesta questão, na América Latina.
No que diz respeito ao trabalho doméstico, Lúcio Alcântara citou reportagem da revista Época que mostra a realidade de crianças que trabalham em casa porque os país, que trabalham fora, não podem pagar uma creche para os filhos menores, de quem os mais velhos tomam conta. Em outros casos, disse o senador, a criança trabalha para aumentar a renda familiar ou para garantir a sobrevivência, "submetendo-se a uma carga exaustiva e a salários irrisórios".
- É preciso por um fim a esse resquício do regime escravagista, para que nossas crianças possam usufruir adequadamente dessa importante fase da vida e preparar-se para um futuro com perspectivas - disse o senador.
28/05/2002
Agência Senado
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