Althoff: empresa ligada a diretores do Vasco explora jovens jogadores do clube



O filho do vice-presidente de Finanças do Clube de Regatas Vasco da Gama e o genro do diretor de futebol amador do clube são sócios em uma empresa que tem os direitos sobre 20 % do que recebem e vão receber futuramente todos os jogadores juvenis (até 18 anos) e juniores (até 21), além dos profissionais Helton (goleiro com várias convocações para a Seleção Brasileira) e Maricá. A revelação foi feita pelo relator da CPI do Futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC) e não pôde ser negada pelo depoente, o próprio vice administrativo Mário Cupello.

A denúncia do relator pegou de surpresa Mário Cupello, que prestou um depoimento cheio de omissões e imprecisões, alegando que não tinha conhecimento da maioria das perguntas sobre as funções estatutárias da vice-presidência de Finanças. "O que a empresa do meu filho faz é apenas representar os jogadores em renovações de contrato, compras de inóveis e outros negócios", disse Cupello, depois de tentar negar que o filho fosse dono da Latosports. O outro sócio da empresa é Arylino Figueiredo Filho, genro do diretor de futebol amador, Darcy Peixoto.

"Não sei, não tomei conhecimento" e "eu me esqueci" foram as duas frases com que Mário Cupello respondeu às dezenas de perguntas do senador Geraldo Althoff., praticamente todas relacionadas ao cargo que ocupa. Ele disse, por exemplo, que "não tomou conhecimento" do cheque de US$ 110 mil que o Vasco recebeu da Confederação Sul-Americana de Futebol, em 1998, alegadamente para custear despesas do clube na viagem a Tóquio, para jogar contra o Real Madri a final da Copa Toyota.

O cheque foi endossado pelo então vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, e passado adiante, até ser depositado em Nova York, em uma conta com nome fantasia de Diamond. O cheque não passou pela contabilidade do clube e, pelo estatuto, o vice-presidente não tinha poderes para fazer o que fez. Cupello disse que não sabia também dos gastos de alguns milhões de dólares em importações feitos pelo Vasco, de R$ 2 milhões depositados pela empresa Vasco Licenciamentos na conta de um funcionário do clube chamado Aremithas de Lima, entre outras despesas elevadas autorizadas por Eurico Miranda.

Apesar de ser vice-presidente financeiro do clube há oito anos, Mário Cupello disse que não se lembrava do nome do contador do clube e não tinha conhecimento do salário pago ao profissional. "Quando fui convidado para o cargo há oito anos, avisei ao então presidente Antônio Soares Calçada que não tinha tempo para o clube, e ele aceitou. Por isso, compareço ao clube apenas às terças e quintas-feiras, depois das 18 horas, para assinar cheques e analisar documentos", disse Cupello.

29/03/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Documentos apresentados por Althoff desmentem contador do Vasco

Depoente diz que Conselho Fiscal do Vasco desconhecia documentos sobre venda de jogadores

Contador nega trabalhar no Vasco e é desmentido por documentos apresentados por Althoff

Conselheiro do Vasco diz que Eurico entrou no clube pobre e endividado

Ex-dirigente do Flamengo diz que dinheiro para compra de jogadores não passava pelo caixa do clube

Empresa de Logística deve estar ligada ao Ministério do Planejamento, diz Ana Amélia