Alvaro Dias condena críticas do presidente do PT ao Judiciário e à oposição



Em pronunciamento nesta terça-feira (4), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) repudiou declarações do presidente nacional do PT, Rui Falcão, de que “houve um golpe da oposição e da elite suja e reacionária, por intermédio da mídia e do Judiciário, para destruir o partido” com a condenação do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, no escândalo do “mensalão”.

- Com virulência estapafúrdia, representam a palavra da insensatez. Essa postura nos remete ao estilo de Hugo Chávez [presidente da Venezuela]. O presidente do PT desqualifica a Suprema Corte e o papel da oposição no regime democrático – afirmou.

A declaração de Rui Falcão foi feita durante discurso de lançamento do candidato que irá substituir João Paulo Cunha na eleição à Prefeitura de Osasco.

Em seu pronunciamento, Alvaro Dias citou trecho de artigo em que o jornalista Josias de Souza afirma que o teor da declaração “é ofensivo porque atribui à Suprema Corte do país pendores golpistas; é tolo porque ignora que não foi ‘a elite suja’ quem enfiou a mão nas valerianas cumbucas; é desconexo porque supõe um golpe do PT contra o PT”. O artigo assinala ainda que, “investigado pela PF de Lula, o ‘mensalão’ foi denunciado por procurador indicado por Lula e está sendo julgado por um STF majoritariamente composto sob Lula”.

- Incrível, uma atitude atrevida, descabida, do presidente de um partido que está no governo e que deveria ter maior responsabilidade ao fazer afirmações dessa natureza, declarações irresponsáveis, desequilibradas, que demonstram o desatino da cúpula de um partido que lamentavelmente sujou-se no escândalo do ‘mensalão’ – afirmou.

Alvaro Dias disse ainda que “há escárnio com instituições democráticas, como o órgão maximo do Judiciário, e a oposição, e isso não se coaduna com o ambiente democrático”.

Em relação ao trecho que atribui à oposição a responsabilidade pela condenação de João Paulo Cunha, Alvaro Dias afirmou que “até ia ficar feliz se isso fosse verdadeiro”. Segundo ele, a oposição está hoje “limitada numericamente, a menor da história recente, da América Latina na atualidade, proporcionalmente menor que na Venezuela”.

- A oposição tem sido generosa demais com esse governo, generosa demais. Somos criticados pela generosidade, às vezes pela ausência, algumas vezes justamente, outras vezes injustamente, especialmente quando há generalização, quando não se reconhece na oposição alguns que procuram cumprir seu dever com persistência, constância, e não uma vez ou outra – afirmou.

Alvaro Dias disse ainda que o PT e Lula “deveriam ser gratos com a oposição, que, se fosse forte, certamente o impeachment teria sido instaurado em agosto de 2005, a partir do momento em que [o publicitário] Duda Mendonça confessou crimes praticados na campanha eleitoral e depois dela, já no exercício de Lula”.

O senador disse ainda que as declarações de Rui Falcão revelam “despreparo para o exercício da democracia” e “guardam resquício de um autoritarismo que todos nós desejamos sepultar”.

- Definitivamente, no Brasil não há mais espaço para esse tipo de comportamento, de autoria de quem se coloca acima do bem e do mal, que tem o Judiciário como desafeto, quando ele cumpre o papel de julgar, de forma implacável, quem corrompe e os corrompidos no ‘mensalão’, considerado o maior escândalo político do Brasil - afirmou.

Orçamento

Em seu pronunciamento, Alvaro Dias também comentou o projeto do Orçamento de 2013, e disse que a proposta do Executivo encaminhada na semana passada ao Congresso Nacional “não passa de uma mera carta de intenções, não passa de mais uma peça de ficção, é uma obra para deleite dos especialistas e enfeite das bibliotecas do governo, porque a execução orçamentária é, sempre, lamentavelmente pífia”.

- A meta de crescimento previsto para 2013 é de 4,5%. A previsão inicial era de 5,5%, por ocasião da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias]. O país avançou 0,4% em comparação ao primeiros meses do ano, quando o crescimento foi de 0,1%. Em um ambiente internacional completamente desfavorável, com crises se sucedendo umas às outras, me parece que o governo continua a insistir em previsões excessivamente otimistas – afirmou.

A proposta orçamentária, resumiu Alvaro Dias, prevê investimentos de R$ 186,9 bilhões em 2013, ante R$ 165,7 bilhões de 2012. Desse total, R$ 110 bilhões serão investidos pelas empresas estatais federais, como a Petrobras, que irá responder por R$ 89,3 bilhões, e a Eletrobrás, com R$ 10,1 bilhões. A proposta prevê também o crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), “e aí nós já verificamos que o orçamento é mesmo uma peça de ficção”, afirmou.

A proposta prevê ainda taxa de juros média de 8,03; taxa de cambio média de R$ 2,3 por dólar; inflação de 4,5%, ao fim de 2013, e de 4,85% na média do ano. A meta do superávit primário para o setor público é fixada em R$ 155.9 bilhões, equivalente a 3.1% do PIB. A LDO de 2013, que deu origem à proposta, permite abater do superávit primário até R$ 45,2 bilhões, mas o projeto orçamentário considera o uso de R$ 25 bilhões, ou 0,5% do PIB. Do total de investimento da União previstos para 2013 (R$ 65,8 bilhões), cerca de R$ 52,2 bilhões estão alocados na rubrica do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



04/09/2012

Agência Senado


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