Alvaro Dias lê artigo de FHC em resposta a críticas do presidente Lula
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) repercutiu da tribuna nesta segunda-feira (8) artigo do sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, publicado na imprensa neste fim de semana, no qual ressalta seus feitos na esfera econômica e na luta contra a desigualdade social no país. O artigo foi escrito em resposta a críticas que vêm sendo feitas ao seu governo pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e por membros de sua equipe.
Há cerca de três semanas, por exemplo, Lula disse que "recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento". Para Alvaro Dias, com tais afirmações o atual presidente demonstra "ignorância absoluta em relação aos feitos de seus antecessores", além de "desonestidade intelectual" e "falta de respeito com a sociedade".
Alvaro Dias, que ressaltou que o ex-presidente "plantou os alicerces básicos para a construção de um novo país", fez a leitura comentada do artigo de Fernando Henrique Cardoso, intitulado "Sem medo do passado". No texto, o ex-presidente procura desconstruir aquele que a seu ver será o principal mote da campanha petista nas eleições desse ano: a privatização das estatais e a suposta inação na área social nos dois mandatos do PSDB.
"Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado", disse o próprio ex-presidente, no artigo lido pelo senador. "Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país", continuou.
Fernando Henrique também citou a estabilização da economia com o advento do Plano Real e sua relação com a diminuição da população pobre do país de 35% para 28% do total, além do aumento da renda do trabalhador, que durante os primeiros anos de seu governo chegou à média de R$ 1.200,00 - maior do que a atual. Mencionou ainda os programas de transferência de renda iniciados em seu governo e "vendidos como exclusividade desse governo". Além disso, ele apresentou números relacionados à área social, por meio de aumento real do salário mínimo e de programas como Bolsa Escola e Vale Gás, que, no governo Lula, foram agrupados em um só programa, o Bolsa Família.
- Não se compara com desonestidade ou manipulação das informações. Se o debate se estabelecer com o respeito à verdade, a briga é boa. Nada tem o PSDB a temer em relação ao passado. Já em relação ao atual governo, o que vejo é um deplorável itinerário de corrupção nos últimos sete anos - disse Alvaro Dias.
Em aparte, o senador Marco Maciel (DEM-PE), vice de Fernando Henrique em seus dois mandatos (de 1994 a 1998 e de 1998 a 2002) exaltou a obra do titular do mandato. Para ele, "nada se compara ao Plano Real".
- Ele realmente criou condições para que o Brasil pudesse vencer a inflação e entrasse num processo de crescimento continuado, sem pausas.
Maciel também enalteceu feitos como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), a privatização da telefonia e da Vale do Rio Doce.
O senador Mão Santa (PMDB-PI) lembrou do que era o Brasil antes do Plano Real, e cumprimentou o ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique, Pedro Malan - a seu ver, "o melhor ministro da Fazenda que o país já teve".
- Antes de FHC, esse país era uma zorra! A inflação chegava a 80% ao mês - disse.
Adelmir Santana (DEM-DF), por sua vez, lamentou que algumas das iniciativas do governo do PSDB não tenham sido devidamente levadas adiante, como a das agências reguladoras - a seu ver, fundamentais para o sucesso do programa de privatizações.
- As agências foram desvirtuadas - disse.
08/02/2010
Agência Senado
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