ÁLVARO DIAS CONDENA VENDA DE 31,8% DAS AÇÕES DA PETROBRAS



Ao repudiar a decisão do governo de recolocar no mercado 31,82% das ações ordinárias da Petrobrás sob controle da União, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) convocou as lideranças políticas a refletirem sobre os riscos da operação para o país e tentarem impedir que ela ocorra. A venda inicia o processo de privatização da Petrobras e "é predatória ao patrimônio público", argumentou, pelos riscos estratégicos que envolve e pelo preço irrisório que o governo pretende alcançar - cerca de R$ 7 bilhões. - Negócios desse tipo dão razão ao senador Pedro Simon (PMDB-RS), quando ele afirma que o modelo de privatização brasileiro ainda se transformará no maior escândalo nacional - disse. A proposta do governo já foi aprovada na CCJ e deverá brevemente ser submetida à apreciação da CAE. O governo pretende efetuar a venda através de dois bancos estrangeiros, com colocação das ações na Bolsa de Nova Iorque. Na opinião do senador, isso dará às instituições financeiras a coordenação do processo. Para justificar a suspensão da venda, o senador afirmou que, em todo o mundo, o petróleo continua sendo explorado por empresas estatais, mesmo após as megafusões ocorridas no setor.Pelos cálculos de Álvaro Dias, o governo pretende se desfazer de parte considerável do patrimônio da Petrobras por valor inferior ao que a empresa rende num único ano: com capacidade de extração de 1 milhão de barris por dia, a US$ 27 dólares o barril, a Petrobrás gera R$ 8,5 bilhões por ano. "O valor da venda das ações é insignificante diante do patrimônio da empresa, mas o percentual de 31,82% é fundamental sobretudo para o controle acionário. O governo o manterá, mas fragilizado, correndo riscos", alertou.Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) considerou que o Senado deveria se dedicar a debater privatizações o tempo todo, não apenas o caso da Petrobrás, dado que o BNDES já anunciou que privatizará as hidrelétricas, sendo que o maior problema do século XXI será o controle sobre fontes de água. Casildo Maldaner (PMDB-SC) levantou a possibilidade do estado brasileiro ser obrigado no futuro a encampar empresas que privatizou. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) argumentou que, ao abrir possibilidades extraordinárias de desnacionalização, o governo pressiona as taxas de desemprego para cima e reduz as oportunidades de crescimento, pois as empresas privatizadas passam a importar mais, pressionando a balança de pagamentos, o que leva ao aumento da taxa de juros e a seus efeitos deletérios sobre o emprego e os investimentos produtivos.

27/01/2000

Agência Senado


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