Alvaro Dias considera 'gravíssimos' gastos secretos da Presidência da República
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou em Plenário, nesta segunda-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por permitir a existência de gastos secretos na Presidência da República.
Destacando o fato de os gastos secretos da Presidência da República terem alcançado, em 2009, a metade dos R$ 35 milhões despendidos com cartões corporativos pelo Executivo, Alvaro Dias considerou os gastos secretos da Presidência da República muito mais graves que os atos secretos do Senado.
- Por mais que justifique existir legislação que assegura esse direito, não há como compreender alguém que durante mais de 20 anos proclamou a transparência como caminho para o respeito à sociedade esconder-se detrás da blindagem de uma suposta legislação. Tudo isso para não divulgar os gastos efetuados com dinheiro público, oriundos de impostos pagos com tanto sacrifício pela população, que não suporta mais a carga tributária escorchante, que, de forma implacável, inibe o crescimento econômico, roubando oportunidades de trabalho, de salário, e de renda do povo brasileiro - disse o senador, referindo-se aos gastos secretos da Presidência da República.
Respondendo a comentários depreciativos de Lula com relação à possível tática a ser adotada pela oposição de utilizar o discurso da ética nas próximas eleições, Alvaro Dias acusou o presidente da República de ter passado "de arauto da ética" a "advogado de companheiros acusados de envolvimento em escândalos de corrupção" em seu governo.
Alvaro Dias censurou Lula por interferir nos assuntos do Senado ao tomar a decisão política de fortalecer a permanência do senador José Sarney na Presidência da Casa. Para ele, sem a intervenção de Lula, a crise já teria sido superada e Sarney não estaria enfrentando tantos problemas em razão de denúncias veiculadas pela imprensa.
Defendendo o recurso ao Plenário na hipótese de as representações contra Sarney não serem reexaminadas pelo Conselho de Ética, Alvaro Dias negou a existência de qualquer acordo celebrado por seu partido visando preservar o mandato de Sarney.
- É preciso, mais uma vez, em razão de especulações da imprensa, rechaçar a hipótese de um inusitado acordo que não tem cor, não tem imagem, não tem conteúdo - afirmou.
Recordando pensamento de Ulisses Guimarães, segundo o qual o combate à corrupção somente seria eficaz com a existência de punição para corruptores, Alvaro Dias, baseando-se em dados da Transparência Internacional, observou que a renda dos trabalhadores brasileiros poderia ser 70% maior, caso os índices de corrupção no país fossem idênticos aos da Dinamarca.
Em aparte, Cristovam Buarque (PDT-DF) alertou para a necessidade de reexame no Conselho de Ética dos processos contra Sarney, sob pena de o Senado cair ainda em maior descrédito frente à população. Papaléo Paes (PSDB-AP), manifestando seu apoio a Alvaro Dias, denunciou o uso irregular de cartões coorporativos por ministros de Estado, que se valem de assessores para acobertar despesas próprias.17/08/2009
Agência Senado
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