Alvaro Dias: crise é mais séria do que o governo admite



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) fez nesta quinta-feira (18) um alerta ao governo com relação à crise que abala os mercados financeiros e de capitais do mundo inteiro: em sua avaliação, medidas de proteção mais sérias deveriam ser adotadas no lugar do discurso de que o Brasil está imune à quebradeira de bancos e instituições hipotecárias, principalmente nos Estados Unidos.

- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem-se mostrado muito otimista ao dizer que a crise não nos abalará, mas há outras opiniões - disse o parlamentar paranaense.

Ele mencionou as análises feitas nos últimos dias por personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

Fernando Henrique, por exemplo, de acordo com o senador, disse que a situação do país não é desesperadora, mas exige a adoção de "medidas competentes", inclusive muita cautela por parte do BNDES. Alvaro Dias chamou a atenção para a ironia desferida pelo ex-presidente brasileiro, que usou as evasivas do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para criticar Lula indiretamente: "O Bush diz que não tem nada a ver com a crise, mas não é só ele", afirmou Fernando Henrique, conforme citação do senador do PSDB.

Já para Carlos Lessa, citou Alvaro Dias, "o futuro da economia mundial é sombrio", e o Brasil estaria mais frágil do que se supõe. Conforme o parlamentar, o economista não vê como um colchão confortável os US$ 200 bilhões em reservas internacionais, das quais costuma se orgulhar o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Carlos Lessa, primeiro presidente do BNDES no governo Lula, adverte para a possibilidade de que, num prolongamento da crise global, esses US$ 200 bilhões retornem ao exterior. Lessa também comparou o endividamento dos brasileiros, que estão comprando carros em até 90 prestações, com as dívidas hipotecárias que estão na raiz das falências de bancos nos Estados Unidos.

 Armínio Fraga, por sua vez, teria dito nesta quinta que a crise já pode ser considerada "sistêmica", o que a torna potencialmente mais destrutiva, por causa dos efeitos de contaminação de mercados e países. Essa contaminação deverá alcançar inclusive o lado real da economia, segundo Fernando Henrique, que pediu atenção para o que está acontecendo com as exportações.

 - Ainda vamos nos arrrepender de não termos controlado os gastos públicos e adotado outras providências para permitir maior crescimento do país - concluiu Alvaro Dias.

18/09/2008

Agência Senado


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