Alvaro Dias critica 'triunfalismo' do governo Lula
Em pronunciamento nesta quarta-feira (4), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou o "triunfalismo exacerbado" do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que anunciou ter reduzido a divida publica para 36,7% do Produto Interno Bruto (PIB) que, às vésperas das eleições de 2002, tinha atingido o índice "recorde" de 56,9%.
De acordo com Alvaro Dias, o cálculo que resultou nos 36,7% foi feito com base na dívida externa líquida. "Esse pequeno detalhe faz toda a diferença", disse o senador, considerando que, neste caso, os capitais externos que entram no país são usados para abater a dívida externa.
O senador citou ainda o economista Rogério Werneck, segundo o qual "a dívida mais cara é a interna, que subiu de 40% para 60% do PIB no período do governo Lula em que a arrecadação mais subiu".
Alvaro Dias afirmou que o governo Lula vem ludibriando muita gente, ressaltando que, se o cálculo fosse feito com base nos valores brutos das dívidas, o percentual seria idêntico ao "recorde" histórico deixado pelo governo anterior.
- Vale recordar que esse recorde histórico é um percentual contaminado pela chamada 'crise Lula', advinda do temor do mercado de que o candidato favorito nas pesquisas, o então candidato Lula, fizesse mudanças radicais na política econômica consolidada no governo FHC - assinalou.
O senador disse ainda que o governo Lula se beneficiou de uma conjuntura econômica internacional amplamente favorável, mas que bastou enfrentar uma crise internacional, "a única de sua gestão", para que o endividamento interno, proporcionalmente ao PIB, subisse 8 pontos percentuais, alcançando quase 44% em agosto último.
Ademais, argumentou Alvaro Dias, mesmo levando em conta essas variáveis, ainda seria incorreto comparar as dívidas brutas de hoje e do final da era FHC, pois, com o dólar próximo dos R$ 4 (hoje está a R$ 1,72), o valor da dívida externa fica muito maior na era FHC, quando seus valores são convertidos para reais, "conversão esta essencial, já que o cálculo final da dívida pública é feito em moeda local".
Para justificar os 36,7%, disse Alvaro Dias, o governo Lula incluiu no cálculo da divida pública a dívida externa como se ela estivesse negativa em US$ 273 bilhões, o que puxa o valor da dívida final para baixo em mais de US$ 500 bilhões.
- A mágica é a seguinte: devido ao enorme fluxo de capitais que entrou no país a partir de 2006, o governo abate do total da divida externa bruta os dólares aqui investidos, valores que compensam o total da dividabruta no valor de US$ 277 bilhões em agosto de 2009 e a tornam negativa em US$ 273 bilhões - afirmou.
Alvaro Dias observou que a diferença entre o valor positivo e negativo da dívida externa é de US$ 550 bilhões, um valor que seria cinco vezes superior à divida externa do período do regime militar. O senador disse que é preciso "ser muito crédulo" para acreditar que o governo Lula pagou US$ 550 bilhões em apenas três anos, como declarou o presidente em pronunciamento oficial.
- O que não podemos ignorar é o fato de termos uma dívida pública explosiva: a dívida pública federal atingiu o montante de R$ 1,5 trilhão no mês de agosto passado - dados do Tesouro Nacional - e deve ultrapassar R$ 1,6 trilhão no final de 2009. O fundamento de uma política fiscal saudável está na limitação dos gastos públicos não essenciais e na forte disciplina na redução do endividamento - afirmou.
Rural
O senador pelo Paraná também leu correspondência em que o produtor rural Nivaldo Almir Parzianello, de Cafelândia (PR), critica o Banco do Brasil e diz que a instituição deixou de atuar ao lado do produtor rural para ser "apenas um mero repassador de dinheiro, por intermédio das cooperativas e empresas, para as indústrias multinacionais de defensivos, adubos e sementes".
O produtor rural diz que o Banco do Brasil seria conivente com o reajuste no preço dos adubos, impondo até mesmo a quantidade de defensivo a ser utilizado nas lavouras, sem que seja disponibilizado dinheiro para o custeio da atividade.
Alvaro Dias solicitou que cópia da carta do produtor rural de Cafelândia, originalmente enviada ao gerente do Banco do Brasil na localidade, seja encaminhada à presidência da instituição.
04/11/2009
Agência Senado
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