Alvaro Dias denuncia 'estratégia da mentira' para enganar eleitores




O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) denunciou nesta quinta-feira (18) uma suposta tentativa do governo Lula e da candidata à Presidência da República Dilma Rousseff de manipular a opinião pública através do que chamou de "estratégia da mentira", com o objetivo de enganar a população e vencer a eleição.

Dias afirmou que o governo tem manipulado números e informações e forjado documentos para distorcer a realidade. Como exemplo, o senador citou a recente divulgação do Boletim de Estatísticas do Ministério da Fazenda, que teria inflado números e distorcido conceitos para enaltecer o governo Lula e subestimar resultados positivos de gestões anteriores, especialmente do governo Fernando Henrique Cardoso. O boletim foi imediatamente utilizado pela campanha de Dilma Rousseff.

O senador lembrou que, dias depois, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu que houve "erros e impropriedades" no boletim e determinou uma revisão. Para Alvaro Dias, esse reconhecimento não isenta ou absolve o governo de sua responsabilidade em relação a equívocos, eventuais "falcatruas" ou ilegalidades praticadas.

- Aliás, a divulgação dos dados feita pelo próprio ministro, algo pouco usual na rotina da pasta, obedeceu a um minucioso cronograma de uma orquestrada agenda de eventos oficiais favoráveis e sintonizados à estratégia eleitoral do PT - acrescentou.

Dias também denunciou o que considera já ter se transformado em rotina no debate eleitoral. Ele disse que, toda vez que a oposição "ousa" criticar o governo, em vez de responder com argumentos de conteúdo, os governistas lembram que o presidente tem 80% de aprovação popular. Para Dias, esse índice é relativo e há controvérsias a respeito.

- A manipulação de números em pesquisas de opinião pública vai se tornando uma verdade indesmentível. Na verdade, o país está dividido. Mesmo que seja verdadeiro esse índice de 80%, ele foi construído com base em que informação? - questionou.

O senador observou que as informações necessárias para que a população avalie o governo foram distorcidas pelo marketing oficial para convencer as pessoas e não são compatíveis com a realidade. Dias citou eventos em que a candidata Dilma Rousseff teria aumentado números e cifras.

- Em março passado, ao participar da solenidade de inauguração das obras do complexo petroquímico do Rio de Janeiro, a terceira inauguração, na verdade, a então pré-candidata do PT afirmou que a Petrobras deverá investir R$ 85 bilhões este ano, o que obrigou a estatal a divulgar nota corrigindo a informação. A estatal ratificou para R$ 79 bilhões. Ao tratar do tema "inclusão digital", em maio, a candidata exibiu números de venda de computador acima dos divulgados pelo mercado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, foram vendidos 12 milhões de unidades em 2009, 5 milhões a menos do que afirmou a candidata, sendo 30% por meio do comércio ilegal - observou.

Outro dado inflado por Dilma, segundo o senador, foi o de número de empregos formais criados. Segundo ele, no final de março, ao se despedir da Casa Civil, Dilma aumentou o total, "como num passe de mágica", em mais de 2 milhões. Em relação ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o senador disse que todos os balanços foram maquiados e, no caso do PAC da Segurança, o índice de homicídios continua exatamente o mesmo e os índices de violência só aumentam.

- Um dos artifícios usados para inflar os resultados do PAC foi somar o financiamento a imóveis usados. Esse tema é recorrente. Nós já o abordamos aqui inúmeras vezes. O PAC sempre foi definido por nós como uma sigla para o marketing oficial, e se tornou o paraíso da corrupção com obras superfaturadas, denunciadas, inúmeras vezes, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - salientou.

Alvaro Dias também alertou para a ameaça de apagão logístico que o Brasil poderá enfrentar dentro de cinco anos se crescer de 4% a 5% ao ano. Segundo o senador, além de sofrer com a corrupção, o país investiu apenas R$ 39 bilhões em infra-estrutura, mas gastou R$ 570 bilhões no pagamento de juros e serviços da dívida pública. Ele disse que, de acordo com especialistas, seria preciso investir nessa área US$ 30 bilhões por ano.

- Os investimentos na área portuária, por exemplo, que é uma das áreas caóticas no Brasil, correm o risco de não dar conta das 265 obras avaliadas como gargalos, segundo estudos de portos brasileiros, diagnósticos, políticas e perspectivas do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, que é, portanto, do próprio Governo. Das 265 obras constatadas como necessárias, apenas 51 estão previstas no PAC. Isso não representa sequer um quarto do valor necessário para atender às demandas - lamentou.

O senador também contestou os números apresentados pelo Programa Minha Casa Minha Vida, classificando-os como "uma vergonha". De acordo com ele, o PT afirma que o programa construiu mais de meio milhão de casas, mas segundo o TCU apenas 1.221 unidades haviam sido concluídas até dezembro de 2009. Esse total representa 0,6% da meta dos empreendimentos contratados. Ele também ressaltou reportagem do jornal Folha de São Paulo que denunciou a omissão pela Caixa Econômica Federal de dados desfavoráveis do Minha Casa Minha Vida.

- O balanço referente ao dia 30 de junho deste ano, obtido pelo jornal, revela que, para o grupo de renda de zero a três salários mínimos, apenas 1,2% das 240.569 unidades contratadas foi concluído. O número de unidades já entregues é ainda menor: 565, ou apenas 0,23%. Como pode a ex-Ministra Dilma, candidata à Presidência da República, fazer o que fez agora no debate UOL: anunciar Minha Casa, Minha Vida número 2? Mas olhe aqui: 0,23%. Não pedem desculpa? - questionou.

O senador José Bezerra Júnior (DEM-RN) lamentou, em aparte, que uma parcela do povo brasileiro não tenha condição e informação suficientes para entender o que o governo Lula está fazendo. Ele salientou que o megainvestidor Jorge Soros vendeu todas as ações da Petrobras que possuía, por medo da interferência política na empresa. Bezerra ainda classificou os PACs 1 e 2 como "piada" e disse que a transposição do rio Francisco é um "faz-de-conta".



19/08/2010

Agência Senado


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