Alvaro Dias diz que MP para presidente do BC é "condenação precipitada"
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que a medida provisória que confere status de ministro de Estado ao presidente do Banco Central (BC) "parece uma condenação precipitada". Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao editar a MP, "condenou prematuramente o presidente do Banco Central", já que confere a ele "uma blindagem protetora para impedir que uma investigação normal do Ministério Público possa atingi-lo".
Alvaro Dias afirmou nesta quinta-feira (2) que o próprio presidente do BC, Henrique Meirelles, não desejaria este tipo de blindagem, se ele sabe da licitude dos procedimentos que adotou ao longo de sua vida pública. De acordo com o parlamentar, seu partido defende que as denúncias de supostas irregularidades sejam investigadas, mas considera injusta uma condenação precipitada.
O senador reafirmou a disposição de seu partido de rejeitar a MP, considerada inconstitucional pelo próprio procurador-geral da República, Cláudio Fonteles - cuja nomeação, observou Alvaro Dias, foi feita pelo próprio presidente Lula -, por não atender aos pressupostos de urgência e relevância necessários a uma MP. O senador afirmou ainda que a medida é casuística, por visar proteger o atual presidente do BC.
Para o senador pelo Paraná, é "surpreendente e inexplicável a ojeriza" que o governo tem pelas críticas formuladas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao contrário, a seu ver não haveria ninguém mais qualificado e preparado para o papel de crítico, já que o ex-presidente exerceu o mandato por oito anos.
Alvaro Dias afirmou que a reação do presidente Lula é surpreendente "até porque procura investir contra o ex-presidente com palavreado inusual para quem exerce o cargo de maior dirigente do país". Ele criticou o fato de Lula ter comparado Fernando Henrique ao ex-marido que deseja ver a ex-esposa infeliz ao lado do novo companheiro. Criticou ainda a alusão à "herança maldita" deixada pelo governo anterior, para ele uma "cantilena dos que assumem o poder com a insegurança de não poder organizar os compromissos assumidos".
02/12/2004
Agência Senado
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