Alvaro Dias: é impossível que relatório não aponte participação de Lula no valerioduto



Em pronunciamento nesta terça-feira (4), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse ser impossível isentar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, de participação no "valerioduto". O senador fez a afirmação baseado nas "estreitas ligações políticas e de amizade" entre o presidente e o grupo que, na sua avaliação, seria o responsável pela montagem do esquema de corrupção do "valerioduto", que teria sido arquitetado dentro do Palácio do Planalto, com a participação "ativa ou passiva" do presidente da República.

Na opinião de Alvaro Dias, integrariam esse grupo o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do partido José Genoíno e o ex-ministro e atual chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luiz Gushiken.

O senador fez a afirmação depois de tomar conhecimento, durante acareação na CPI dos Bingos entre o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Paulo Okamotto, e o ex-militante do PT Paulo de Tarso Venceslau de que Okamotto, o presidente Lula, José Dirceu e Delúbio Soares seriam sócios em uma emissora de televisão, a TVT - Televisão dos Trabalhadores -, que receberia recursos públicos sem a realização de concorrência. A acareação ocorreu nesta terça-feira.

Alvaro Dias disse ainda que a acareação não trouxe esclarecimentos sobre o pagamento, por Okamotto, da dívida contraída pelo presidente Lula junto ao PT. O senador ressaltou que Okamotto continua negando-se a autorizar a quebra de seu sigilo bancário, acrescentando que "a atitude de quem recorre ao Supremo Tribunal Federal em busca de liminar que o impeça de falar tudo o que sabe à CPI e proteja seu sigilo é típico de quem tem algo a esconder".

O senador disse estranhar a opção de Okamotto de pagar a dívida sacando dinheiro vivo de suas contas em Brasília e, um mês depois, depositando o dinheiro na conta do PT, em vez de optar pela transferência eletrônica, procedimento mais moderno e rápido. Ele também estranhou o fato de Okamotto, segundo declarou, ter pagado a conta e não ter informado ao presidente. O senador lembrou que o presidente Lula sustenta que não sabia do débito com o partido nem que este teria sido pago por Okamotto, e disse ser "impossível o presidente desconhecer tais fatos".

04/04/2006

Agência Senado


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