Alvaro pede que governo apóie a Argentina nas negociações com o FMI



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha coragem de conduzir negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de forma que as exigências do órgão sejam menos danosas à economia nacional. Na sua opinião, o Brasil precisa apoiar a Argentina na busca de condições mais favoráveis que as brasileiras junto ao FMI.

- Enquanto o mundo discute o desatrelamento das políticas do FMI, o Brasil se submete a elas de forma disciplinada, como o melhor aluno na escola da perversidade econômica. As condições negociadas pela Argentina devem servir de parâmetro de forma a permitir a retirada da economia nacional da asfixia que a maltrata - declarou.

O senador disse esperar que o encontro de Lula com o presidente argentino, Néstor Kirchner, agendado para a próxima quarta-feira (10), em São Paulo, sirva para que seja adotada uma abordagem comum dos dois países nas relações com organismos financeiros internacionais.

- Lula não pode abandonar Kirchner. Os dois países devem ser parceiros e pressionar o FMI. Diferentemente do que acontece na Argentina, esse tema ainda não despertou a atenção devida da opinião pública e o Senado precisa liderar esse debate. Não podemos continuar gastando mais com o pagamento de dívidas do que com todos os outros gastos do governo somados. Isso não é possível - reclamou.

Ele disse que ainda admite uma reversão de expectativas com relação ao governo.

- Quem sabe o presidente possa acordar desse pesadelo e assumir as suas posições anteriores e promover renegociações que representem os interesses dos brasileiros? - indagou.

CPI

Alvaro Dias, que é vice-líder do PSDB, também criticou os argumentos dos parlamentares governistas, contra a instalação de CPIs para investigar irregularidades nos bingos e o ex-assessor de Assuntos Parlamentares do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz. Na sua opinião, não há como considerar que a edição da medida provisória (MP) que determina o fechamento dos bingos resolve o assunto, sem a necessidade de CPI.

- Não sabia que uma medida provisória substitui uma sentença judicial e absolve alguém pela prática de ilícitos praticados - disse.

O argumento de que uma CPI perturba o governo e abala o mercado, na opinião de Alvaro Dias, também não é válido, já que a CPI do Banestado, que expôs "um escândalo monumental", não teve esse efeito.

- A CPI investiga o que pode ser o maior escândalo financeiro da história do país, toma providências e não acontece nada. Estamos vivendo com instituições democráticas consolidadas no país. E não há abalo algum.

Ele ironizou a decisão do governo de fechar os bingos por meio de MP. E destacou que a CPI do Banestado revelou a evasão de divisas e lavagem de dinheiro em instituições financeiras, mas o governo adota dois pesos e duas medidas, já que não propôs o fechamento dos bancos.

- Até hoje ninguém apresentou provas contra bingos. É claro que irregularidades existem. Mas a maior parte dos empresários que opera bingos deseja a instalação da CPI, porque estão cansados de serem achacados, inclusive com pedidos de contribuição para campanhas eleitorais - disse o senador.

Em aparte, o senador José Jorge (PFL-PE) lamentou que o governo, que já não está indo bem na área social e na área econômica, agora esteja com problemas éticos.



04/03/2004

Agência Senado


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