Renan critica oposição e pede ao governo para reabrir negociações com grevistas da PF



O líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), disse que é "inadmissível" transformar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em um instrumento de investigação política para acuar o governo e permitir que alguns partidos tirem proveito dela em período eleitoral. Renan não poupou críticas à maneira "obsessiva" como a oposição vem conduzindo a criação da CPI dos Bingos e as iniciativas de criar novas comissões de inquérito, como a proposta pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), para investigar as circunstâncias do assassinato do então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, um dos principais colaboradores de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva.

Renan garantiu que as investigações sobre Waldomiro Diniz, ex-subchefe da Casa Civil para assuntos parlamentares, não estão paralisadas com a greve da Polícia Federal (PF), rebatendo um dos argumentos dos oposicionistas para reforçar o pedido para que o Senado instale a CPI. Mas fez um apelo para que o governo reabra as negociações com os grevistas como forma de abreviar a paralisação de uma das polícias "mais competentes do mundo", a seu ver. Disse que seria favorável à CPI se a PF não estivesse apurando as denúncias de pagamento de propina a Waldomiro e suas ligações com a contravenção.

- Não vamos criminalizar o dia-a-dia do Senado - pediu, argumentando que, ao contrário do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que limita a cinco o número de CPIs, o regimento da Casa não restringe as comissões de inquérito em funcionamento. O senador defendeu a importância desse instrumento para apuração de irregularidades, mas ponderou que uma CPI de cunho político pode acabar imobilizando o governo, como já ocorreu no passado.

Ele lembrou que a criação de CPIs é um direito constitucional assegurado à minoria, mas que a sua instalação, com a indicação dos seus membros, é um direito da maioria. Foi isso, na sua avaliação, que ocorreu com a confirmação pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da decisão do presidente José Sarney de respeitar o regimento do Senado e não indicar os integrantes da CPI dos Bingos.

Ao reforçar a importância dos debates no Plenário para esclarecer a opinião pública sobre as diferenças entre as posições defendidas pelos oposicionistas e pelos governistas, Renan pediu aos líderes dos diversos partidos para superar as atuais divergências sobre a CPI dos Bingos e construir uma agenda positiva, votando matérias relevantes como a nova Lei de Falências, a reforma do Judiciário e as 17 medidas provisórias aprovadas na Câmara e que poderão obstruir a pauta do Senado.



12/03/2004

Agência Senado


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