ALVES COMENTA SITUAÇÃO DOS MÉDICOS
O senador José Alves (PFL-SE) disse hoje (dia 14) que as dificuldades por que passa o sistema de saúde no país, decorrentes da retração dos investimentos governamentais por longo período, resultaram no progressivo sucateamento e desarticulação da rede pública de hospitais e serviços de saúde, na proliferação mercantil de planos, seguros e cooperativas para o atendimento das necessidades da população. Outra conseqüência por ele apontada foi a descaracterização da medicina como profissão liberal. grave situação da realidade profissional da classe médica, que a cada dia vem sendo mais descaracterizada como profissão liberal para se tornar em mais uma categoria de assalariados.
Segundo o senador, o rebaixamento da remuneração dos médicos, obrigados a manter diversos vínculos de trabalho - uma situação agravada pela intermediação da mão-de-obra condicionada pelo progressivo controle do mercado pelas empresas, planos e convênios de saúde - vem resultando em perda de autonomia. "Cada vez mais se descaracteriza como profissão liberal para se tonar uma categoria de assalariados", disse.
Essa mudança tem, na sua opinião, reflexos negativos no padrão de desempenho e na qualidade dos serviços prestados à população que, além de contribuir financeiramente para o sistema público de saúde, em substancial parcela também financia os planos e seguros de saúde privados.
José Alves destacou pesquisa da FIOCRUZ sobre o trabalho de 183 mil médicos: a pesquisa revela que 45,3% desses médicos têm até 2 atividades; 30% têm 3 atividades e 24,4% têm mais de 3 atividades ou vínculos de trabalho.
O senador comentou que, ainda segundo a pesquisa, 80,4% dos médicos se declaram insatisfeitos, que a atividade é desgastante, trabalham em condições insatisfatórias, com excesso de encargos, jornada prolongada, acumulação estafante de empregos, baixa remuneração, excesso de responsabilidade face à carência de recursos e meios, pressão social e relação de vida e morte com os pacientes.
14/10/1997
Agência Senado
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